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Especializada em temas internacionais, foi repórter, correspondente e editora de Mundo em 'O Globo'
Vice-premiê Matteo Salvini aproveita drama de imigrantes a bordo do “Open Arms” para tentar derrubar governo e antecipar eleições.
20/08/2019 06h00 Atualizado há uma hora
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O navio de resgate Open Arms é visto perto da costa de Lampedusa, na Itália, na segunda-feira (19) — Foto: Reuters/Guglielmo Mangiapane
Um barco com 107 refugiados, ancorado na costa de Lampedusa, deixa também à deriva o governo populista italiano, que corre o risco de cair nesta terça-feira (20) por uma moção de desconfiança movida pelo vice-premiê e ministro do Interior, Matteo Salvini, da Liga Norte. Sua ofensiva pelo cargo do primeiro-ministro, Giuseppe Conte, se escora na dramática situação dos imigrantes a bordo do Open Arms, há 19 dias sem rumo ou porto de desembarque na Europa.
Homem forte do partido de extrema-direita, Salvini quer forçar novas eleições e ganha popularidade graças à sua obcecada cruzada de fechar os portos italianos aos barcos de ONGs que resgatam imigrantes. “A Itália não é mais o campo de refugiados da Europa”, conclamou pelas redes sociais.
A coalizão de 14 meses entre a Liga e o Movimento Cinco Estrelas caiu por terra por iniciativa do próprio Salvini. O governo está rachado, os interesses entre Conte e seu vice, finalmente, demonstraram ser irreconciliáveis.
Começou o que Maurizio Molinari, editor-chefe do jornal “La Stampa”, descreve como a segunda fase do drama do populismo italiano: um confronto entre seus protagonistas e “a reformulação do populismo italiano à imagem do nacionalismo agressivo da Liga”.
“O que estamos testemunhando é essencialmente uma revolta das classes médias italianas. Começou como um protesto contra desigualdade, imigrantes e corrupção; cresceu em força ao gerar conflitos e novos inimigos, e almeja um líder forte em vez de uma aliança complicada e amorfa”, afirma Molinari em artigo publicado no “The Guardian”.
Como o político mais popular da Itália, Salvini toma para si a imagem do líder forte, que relaciona o fluxo migratório à criminalidade e faz ressoar o ressentimento doméstico contra as normas da União Europeia em relação aos refugiados. A regra é clara: o imigrante pede asilo no país onde desembarca, tornando os países do sul europeu mais vulneráveis.
A despeito da crise política na Itália, refugiados se amontoam no limiar do desespero no interior do barco de resgate ancorado na costa de Lampedusa. A Espanha ofereceu um porto de desembarque em Algeciras, mas os integrantes da ONG alegam que não têm condições de empreender mais seis dias de viagem, precisam ser desembarcados.
O ministro do Interior se gaba de ser o inimigo da imigração mais perseguido da Europa. Sua investida para tornar-se premiê deflagra também a união de adversários, que tentam forjar uma aliança para tentar barrar a moção de desconfiança e evitar uma eleição antecipada.
O Cinco Estrelas e os democratas de centro-esquerda têm votos necessários para formar uma coalizão. Se não apararem as diferenças para chegarem a um acordo, os portos italianos permanecerão fechados aos refugiados, por obra e empenho de Matteo Salvini.
ITÁLIA
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