Muito já se advertiu sobre esse comportamento como uma forma de escamotear as reais intenções do governo.
A grande novidade disso tudo é a bizarrice. (Marcos Corrêa/PR)
Por Marcel Farah
Oito meses se passaram desde a posse do atual governo federal, liderado pelo cavernícula Bolsonaro, e os principais sinais em diversas pessoas é de exaustão frente a capacidade de realizar absurdos do governo.
Muito já se advertiu sobre esse comportamento como uma forma de escamotear as reais intenções do governo. Dizem que se trata de “cortina de fumaça” para distrair enquanto o essencial seja implementado, como foi a reforma da previdência, essencial para os interesses das elites e prejudicial para as classes subalternas.
Doutro lado, alertaram também para o “caos como método”. Da aparência caótica e desorganizada de um governo de bate-cabeças, que acaba alimentando a polarização política viria a principal sustentação do bloco que foi eleito em 2018. É como se o combustível do governo fosse a continuidade do clima de animosidade, que justificaria medidas esdrúxulas, mais presentes nas falas do próprio presidente, e regressivas, como as tentativas de liberação do porte de armas, ou a desestruturação de políticas sociais e ambientais.
Dentro desta dinâmica, se sustentando pelo caos, haveria ainda espaço para um plano B. Caso a “coisa azedasse” para o lado do Bolsonaro e seu clã, os militares assumiriam e fariam cumprir, até com maior tranquilidade, o plano neoliberal do governo.
Contudo, a grande novidade disso tudo é a bizarrice. Pois, mesmo que em menor medida, as outras táticas são utilizadas há muito tempo pelos grupos que historicamente governaram este país. E há de fato um bloco, formado por diversos setores conservadores que se alinharam, depois de muito tempo, para evitar qualquer medida de progresso social, e não apenas a vitória do PT. Bloco formado pelos bolsonaro com sua retórica autoritária, moralista e conservadora, mas também por parte do exército (aquela mais conservadora e retrógrada), parte do judiciário (que defende praticamente a justiça com as próprias mãos), parte da mídia, a elite de corte liberal (entre setor financeiro, industrial e comercial), os partidos de centro e direita e com amplo apoio da classe média. Esse bloco tem liga, está muito forte, e não cairá pela inércia, ou pelos absurdos cometidos pelo presidente. Será preciso combatê-lo até derrubá-lo.
Portanto, o cansaço, que harmoniza com o arrependimento de muita gente que votou no coiso, é um bom sinal apesar de tudo. Afinal, vai se tornando mais nítido que o problema não é cada ato bizarro, mas a banalização do bizarro. Da mesma forma, o inimigo não é apenas o presidente ou talvez seu clã, seus ministros, o Deltan e o Moro, mas sim o bloco conservador e o projeto que representa.
Marcel Farah
Educador Popular
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