sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Dallagnol incentivou procuradores a investigarem o presidente do STF, diz The Intercept Brasil


A investigação teria ocorrido em um momento em que o ministro foi visto como um adversário disposto a frear a Operação Lava Jato.


Dallagnol queria encontrar informações que pudessem ligar Toffoli e sua esposa a casos de corrupção na Petrobras, após ele ser considerado um adversário.
Dallagnol queria encontrar informações que pudessem ligar Toffoli e sua esposa a casos de corrupção na Petrobras, após ele ser considerado um adversário. (Rosinei Coutinho/SCO/STF)
O coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, incentivou colegas de Brasília e Curitiba a investigarem clandestinamente, em 2016, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e ainda teria recorrido à Receita Federal para buscar informações sobre o levantar informações sobre o escritório de advocacia da mulher dele, Roberta Rangel. É o que revelam novas mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil, analisadas pelo site em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.
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A intenção era encontrar informações que pudessem ligar o casal a empreiteiras envolvidas na corrupção com a Petrobras. Mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas em conjunto com a Folha revelam que Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, buscou informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e sua mulher e evidências que os ligassem a empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras.
Em reuniões com os procuradores para negociar um acordo de colaboração com a Lava Jato, advogados da OAS disseram que a empreiteira tinha participado de uma reforma na casa de Toffoli, localizada em Brasília. Ainda conforme a defesa, Léo Pinheiro afirmou que não havia nada de errado na reforma, que foi paga pelo presidente do STF.
Em 13 de julho de 2016, Dallagnol perguntou no grupo Acordo OAS, no Telegram: “Caros, a OAS trouxe a questão do apto do Toffoli?”. “Que eu saiba não”, respondeu o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes, de Brasília. “Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela.”
Ministro do STJ
Um outro alvo de Dallagnol foi o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Ele usou a delação da OAS para tentar impedir a indicação do magistrado para a vaga de Teori Zavascki no STF, em 2017. O coordenador da Lava Jato procurou Eduardo Pelella, chefe do gabinete do então procurador-geral Rodrigo Janot, para sugerir que Janot alertasse o então presidente Michel Temer de que ele era um dos alvos da delação de Léo Pinheiro.
“É importante o PGR levar ao Temer a questão do Humberto Martins, que é mencinoado (SIC) na OAS como recebendo propina…”, disse Dallagnol ao colega. “Deixa com ‘nós' (SIC)”, respondeu Pelella.
A força-tarefa não respondeu como Dallagnol soube da participação da OAS na reforma da casa de Toffoli e como soube que a Receita Federal estava analisando as finanças do escritório de sua mulher, Roberta Rangel. O procurador preferiu não se manifestar. O procurador também não quis dizer por qual motivo usou informações da delação do empreiteiro Léo Pinheiro para tentar impedir a nomeação do ministro Humberto Martins para uma vaga no STF.
O procurador Eduardo Pelella, que trocou informações sobre Toffoli com Dallagnol, preferiu não comentar sobre o novo vazamento, mesma atitude do  presidente do STF. Por sua vez, o ministro Humberto Martins, do STJ afirmou estranhar sua citação pela delação de Léo Pinheiro e disse que, na maioria dos casos, sempre decidiu contrariamente aos interesses da OAS e de seu ex-presidente.
Redação Dom Total

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