Presidente confirmou ingerência sobre a Polícia Federal e Sérgio Moro foi obrigado a aceitar decisão para se manter no cargo.
Paz foi selada com a vontade pessoal de Bolsonaro prevelecer sobre gestão de Moro e da PF. (Marcos Corrêa/PR e Pedro França/Senado)
Personagem da crise envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Justiça, Sergio Moro, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, foi exonerado nessa sexta-feira, 30. Sua saída do cargo foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), em portaria assinada pelo secretário-executivo da pasta, Luiz Pontel.
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A troca do superintendente do Rio foi antecipada por Bolsonaro, em entrevista a jornalistas, no dia 15, quando alegou "questão de produtividade". A declaração surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota, contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha "qualquer relação com desempenho".
Na ocasião, a PF informou que o delegado Carlos Henrique Oliveira Sousa, atual chefe do órgão em Pernambuco, será indicado como substituto de Saadi no Rio. A nomeação de Sousa, porém, não foi efetiva ainda.
A PF também não informa qual será o destino de Saadi. Ele negociava uma mudança para Brasília, onde fica a sede da corporação.
Entenda mais
A suspeita da ingerência de Bolsonaro sobre a PF acende suspeitas de que o presidente queira interferir em investigações na região da Barra da Tijuca. A situação gerou indisposição tanto para o corporação e para o ex-juiz Moro.
Na quinta-feira passada (22), Bolsonaro chegou a dizer que, "se quiser", ele troca o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. E fez questão de deixar claro que esse profissional é subordinado a ele, não ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que o escolheu para o cargo ainda na transição
Após ter seu poder contestado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro da Justiça, Sergio Moro, defendeu na terça-feira (27) o trabalho do diretor-geral da Polícia Federal, disse que o presidente tem "compromisso" com o combate à corrupção, mas admitiu "reveses", sem detalhar ao que se referia.
Bolsonaro não gostou nada das declarações de Moro e avisou ao subordinado que "não gosta de receber recado via imprensa". Por fim, prevaleceu a vontade de Bolsonaro e o delegado foi afastado.
Reveses
Desde que assumiu o cargo, Moro sofreu alguns reveses, como a transferência do Conselho de Controle de Administração Financeira (Coaf) para o Ministério da Economia, e o seu pacote anticrime, que reúne iniciativas para endurecer a legislação penal do país, mas não recebeu o respaldo do governo para ver votada com celeridade no Congresso.
O ministro e equipe, contudo, entendem que é preciso seguir o trabalho e que bons resultados podem ser alcançados no combate à criminalidade. Um dos principais auxiliares diz que Moro tem serenidade, equilíbrio e a pasta está unida com ele.
Agência Brasil e DomTotal
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