sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome


Páginas e páginas viradas, nova vida leve em outra pegada, vida renovada por meio de novas vidas.


Crítico, cáustico, irreverente, tudo é divino e maravilhoso
Crítico, cáustico, irreverente, tudo é divino e maravilhoso (Divulgação)
Por Eleonora Santa Rosa*
Eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui...
Falemos de quem merece, falemos de quem tem papel referencial na cultura brasileira, falemos daquele que conecta as pontas do arco estendido da arte, trazendo para o terreno da MPB criadores como Oswald, Augusto, Haroldo, Zé Celso, Eichbauer, Rogério Duprat, Rogério Duarte, Maiakóvski, Donne, Almodóvar e tantos outros, aquele que sabe das manhas e das artimanhas, erudito fino leitor, irrequieto apreciador das línguas e linguagens.
Um dos nossos melhores, aquele que encanta meio mundo, incômodo e não acomodado, antenado, ativo, impulsivo, ousado, pleno de ideias e de muitas outras palavras. Ponta de lança de muitas habilidades, de talento comprovado na escrita, na imagem, no som.
Crítico, cáustico, irreverente, tudo é divino e maravilhoso, expurgado do cenário nacional pela irracional perseguição à inteligência e à arte empreendida nos anos da ditadura militar de triste memória.
Até o rei Roberto rendeu sua homenagem, com a bela tocante comovente Debaixo dos caracóis de seus cabelos, em momento de penosa solitária expatriação londrina, que tanta dor lhe causou.
Páginas e páginas viradas, nova vida leve em outra pegada, vida renovada por meio de novas vidas, hoje em sua companhia nos palcos da vida, reverberando nos quatro cantos do mundo o legado maior inscrito no DNA musical transgeracional.
Gosto muito de você, leãozinho, que muitos mais anos venham, repletos de afetos, boas falas, belas obras, irrigadas de lucidez e sabedoria, cada vez mais refinadas, essenciais para a nação trôpega à procura da saída, de alguma luz no fim do túnel dentro do poço em que se encontra.
Com você, Maiakóvski, Augusto, Roberto, cantemos/celebremos em uníssono:
“Brilhar pra sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
gente é pra brilhar,
que tudo o mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.”
Viva Caetano Veloso!!!

Fragmento do poema de Maiakóvski - A extraordinária aventura vivida por Vladimir Maiakóvski no verão na datcha, tradução de Augusto de Campos.
*Jornalista

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