Escrito por Portal Click Política 17 de agosto de 2019
Apenas os adolescentes com menos de 18 anos desacompanhados foram autorizados a deixar a embarcação, que está bloqueada na ilha italiana de Lampedusa há 16 dias; dezenas de imigrantes permanecerão a bordo. Migrantes menores de idade desacompanhados são desembarcados do navio humanitário Open Arms pela guarda costeira italiana, na ilha italiana de Lampedusa
Francisco Gentico/AP
Vinte e sete crianças desacompanhadas foram autorizadas a deixar neste sábado (17) o navio da ONG espanhola Proactiva Open Arms, que está bloqueado na ilha italiana de Lampedusa há 16 dias. “O desembarque dos 27 menores que não estão acompanhados está autorizado”, postou a ONG Open Arms em uma rede social.
“Eles serão evacuados pela Guarda Costeira de Lampedusa”, acrescentou a ONG, pouco depois de o ministro do Interior de extrema direita da Itália, Matteo Salvini, aceitar o desembarque a contragosto.
Ainda em uma rede social, a ONG explicou que esperou para comunicar o desembarque, “a fim de tentar garantir a segurança e a serenidade de todas as pessoas a bordo”. Outras dezenas de migrantes, incluindo adultos e dois menores acompanhados, deverão permanecer embarcados.
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Neste sábado (17), a ONG denunciou a situação “explosiva” a bordo do navio. Depois de 16 dias sem poder desembarcar os migrantes resgatados no mar Mediterrâneo, a ONG afirmou que não pode mais garantir a segurança das pessoas que estão a bordo.
O fundador da Open Arms, Óscar Camps, publicou um vídeo em uma rede social na qual classifica de “injustificável” a posição do governo italiano de não permitir o desembarque do navio espanhol em solo europeu.
A princípio, Salvini respondeu, na manhã de sábado, que não mudaria de postura. “Em 16 dias já teriam chegado tranquilamente à casa de vocês na Espanha. A batalha da ONG é política, não humanitária, jogada sobre a pele dos imigrantes. Vergonha. Eu não me rendo”, afirmou ele em uma rede social.
Horas depois, porém, segundo a agência de notícias France Presse (AFP), Salvini escreveu uma carta ao primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmando que poderia autorizar os “supostos” menores a deixarem o barco, apesar de tal medida “ir contra [suas] opiniões”.
Na quinta-feira (15), seis países da União Europeia (UE) disseram estar dispostos a acolher migrantes do “Open Arms”.
Navio espanhol Open Arms carrega dezenas de migrantes
Valerio Nicolosi/AP Photo
Tribunal suspende proibição
Na última quarta-feira (14), um tribunal na Itália suspendeu uma medida que proibia a entrada do navio em águas italianas. Salvini havia proibido que o navio adentrasse águas nacionais. Após a decisão do tribunal, o político prometeu recorrer e assinar nova proibição. “Cúmplice de traficantes de seres humanos eu nunca serei”, disse.
Celebridades como o ator Richard Gere também pressionaram recentemente Salvini a voltar atrás da decisão, o que não ocorreu.
Richard Gere troca farpas com ministro italiano Matteo Salvini sobre imigração
A questão migratória na Itália, inclusive, é uma das bandeiras de Salvini, que tenta dissolver o governo e convocar novas eleições após a quebra da coalizão entre o partido dele – A Liga – e o Movimento 5 Estrelas.
O Open Arms também participou de outras operações em outros países. Em 2018, a embarcação levou 60 migrantes à Espanha após ser rejeitada na Itália.
ONU pede mais liberações
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) pediu na última terça-feira (13) que governos de países europeus permitam, imediatamente, a entrada de 500 pessoas resgatadas no Mediterrâneo e que ainda estão em navios no aguardo de liberações.
De acordo com o órgão, quase 600 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo enquanto faziam a travessia entre a Líbia e a Itália.
A União Europeia também pede que os países integrantes do bloco tomem alguma atitude para receber esse fluxo. O órgão, entretanto, não tem poder para intervir.
Imigrantes são resgatados por funcionários da ONG SOS Mediterranee no Mar Mediterrâneo
Guglielmo Mangiapane/Reuters
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