Padre Geovane Saraiva*
Deus quer a riqueza de
sua ação misericordiosa e cheia de graça no mundo, sendo os sacerdotes seus
instrumentos, no exercício do ministério - dom e graça -, que, segundo sua
vontade, seja o mais fecundo e mais pleno das graças do nosso bom Deus. Que sua
consciência seja sempre maior, a partir do ministério da Igreja, em primeiro
lugar para si, mas também para a comunidade dos batizados, na clareza do
absoluto de Deus, no sacrifício eucarístico, como renovação do sacrifício da
santa e sagrada cruz, além de alimento, indicador da vida na sua mais elevada
plenitude: a vida eterna, a gloriosa ressurreição.
O sacerdote, além das práticas
do amor fraterno, que tenha uma caridade sem precedentes, exercida em alto e
bom tom na comunidade dos batizados, como na afirmação de Jesus de Nazaré, sumo
e eterno sacerdote: “Não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida
como resgate por muitos”. Como servidor, ele deve se sentir no dever de se
adiantar por tais práticas de virtudes, com a mente e o coração voltados para o
povo de Deus, na sua coerente intimidade com Deus, Nosso Senhor. Evidentemente,
deve ser obediente à voz da Igreja, na correta e piedosa administração dos
sacramentos, também na prática da justiça e mesmo no exercício dos seus
próprios sacrifícios, quando se perceber vezes e mais vezes sendo sacerdote,
nem sempre o primeiro a se sacrificar, como no binômio: renúncia e doação.
Embora sendo muitas nossas
limitações no exercício dos 31 anos de ministério sacerdotal a serviço da
Igreja aqui na Arquidiocese de Fortaleza (14/8/2019), sempre procuramos, de bom
grado, visitar os enfermos e os idosos, levando-lhes, com nossa humilde
presença, o sacramento da unção dos enfermos. Pensemos, pois, no valor indizível
de tal sacramento, aos olhos da fé, e nas expressões sábias do arcebispo que
nos ordenou sacerdote, o Cardeal Aloísio Lorscheider:
“É um dos sacramentos que o
sacerdote, por vezes incontáveis, administra durante sua vida sacerdotal. É,
por assim dizer, esse sacramento a última manifestação do amor de Deus para com
seu filho bem-amado. O sacerdote pode bem compreender em tal instante quão
grande é sua responsabilidade e quão grande é a misericórdia de Deus, que não
quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva. Esse sacramento,
se Deus assim o dispuser, dá ao enfermo a saúde do corpo, dá sempre, se o
enfermo estiver devidamente disposto, a saúde da alma. Parece que Deus tem
ânsia em ver os homens junto de si no céu. Administrando esse sacramento,
lembrar-se-á o sacerdote da importância do último momento da vida. Tudo passa.
A eternidade se aproxima. Só a vida dedicada a Deus possui valor perene. Só tal
vida dá tranquilidade e paz para essa hora única na vida. Só a vida, que se
viveu para Deus, é que então traz consolo. Só a vida santa é que conforta. Por
conseguinte, será a administração desse sacramento uma admoestação de que o
sacerdote, o predileto do Divino Mestre mais do que qualquer outro, deve ter
sempre diante dos olhos o conselho: ‘Vigiai e orai. (...) Na hora em que menos
o esperardes, virá o Filho do Homem’” (Mt 25,13). Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza
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