O líder indígena do povo caiapó é conhecido internacionalmente. Em maio, esteve com Emmanuel Macron, Papa Francisco e no Festival de Cannes.
Por G1
Cacique Raoni Metuktire durante um fórum, em Nova York, no dia 22 de setembro de 2019 — Foto: John Lamparski/Getty Images North America/AFP
Conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas, o cacique Raoni Metuktire foi citado nesta terça-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Bolsonaro afirmou que "muitas vezes" líderes indígenas como o cacique Raoni são "usados como peça de manobra" por governos estrangeiros. Ele não citou quais seriam os governos, mas recentemente Raoni se encontrou com o presidente da França, Emmanuel Macron. "A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros", declarou Bolsonaro.
O cacique do povo caiapó tem 89 anos e é, há décadas, considerado um dos líderes indígenas de maior influência internacional. Em 1978 foi tema do documentário 'Raoni', indicado ao Oscar na categoria no ano seguinte.
Em maio, ele fez um giro europeu em busca de apoio para a defesa da Amazônia e, passou por vários países. Além da visita ao presidente francês Emmanuel Macron, esteve com o Papa Francisco e passou também pelo Festival de Cannes.
Na semana passada, a Fundação Darcy Ribeiro propôs a candidatura do chefe indígena ao Prêmio Nobel da Paz de 2020, por sua luta pelos povos e pela preservação da Amazônia.
"A iniciativa reconhece os méritos de Raoni Metuktire enquanto líder de renome mundial, que, do alto de seus 90 anos, dedicou sua vida à luta pelos direitos dos indígenas e pela preservação da Amazônia", justificou a Fundação em um comunicado.
Veja a íntegra do discurso de Bolsonaro
Socialismo, Amazônia, ideologia e Moro - destaques do discurso
O regulamento do Prêmio Nobel da Paz estipula que a indicação pode ser feitas por membros de Assembleias Nacionais e alguns professores de universidades.
Opiniões recentes
Em um artigo de opinião publicado em 2 de setembro no jornal britânico "The Guardian", o cacique fez duras críticas à atual política ambiental do Brasil e à forma como a Amazônia vem sendo tratada.
"Há muitos anos nós, líderes indígenas e povos da Amazônia, temos alertados vocês, nossos irmãos que trouxeram tantos danos às nossas florestas", afirma o cacique, dizendo que o que vem sendo feito nas florestas "vai mudar todo o mundo, destruir nossa casa e a sua casa também".
Segundo Raoni, depois de muitos anos lutando entre si, as comunidades indígenas atualmente têm um inimigo comum: aqueles que invadiram suas terras e "agora estão queimando mesmo as pequenas partes de florestas que nos restaram", escreve no "The Guardian".
O líder indígena avalia que o presidente Jair Bolsonaro "estimula os fazendeiros próximos de nossas terras a derrubar a floresta - e ele não está fazendo nada para prevenir que nosso território seja invadido".
Raoni afirma, ainda, que a população ocidental "perdeu o rumo", e caminha somente em direção "à destruição e à morte".
Em um vídeo publicado em um canal do YouTube com seu nome, em 26 de agosto, Raoni diz que "os incêndios estão se alastrando, transformando a floresta Amazônica em cinzas". Dirigindo-se a "todos os líderes do país", ele pede que o governo brasileiro encontre caminhos para "acabar definitivamente com os incêndios florestais".
No vídeo, Raoni lamenta que o presidente Jair Bolsonaro não queira se encontrar com ele pessoalmente. "Eu conheci muitos chefes de estado, por mais de 60 anos. Eles falaram comigo, eles me consideraram. A gente pôde discutir", afirma em sua língua nativa, conforme descreve a legenda do vídeo.
Papa Francisco recebe líder indígena brasileiro Raoni no Vaticano
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