
Padre Geovane Saraiva*
Contemplar Jesus de Nazaré é
mergulhar no seu amor infinito e na sua compassiva misericórdia, mas de um modo
implacável, porque não temos outra saída, não encontramos, nós, seus
seguidores, outra imagem melhor e mais elevada e digna. A imagem primorosa e moderna
da cruz da nossa Igreja de Santo Afonso, aqui em Fortaleza, bem em cima do
altar, passa para nós a ideia – mais nítida possível – do Senhor ressuscitado,
e contraria, na nossa consciência, tudo aquilo que parece ser só sofrimento,
fracasso e derrota, não vendo manchas de sangue, estigmas e dilacerações.
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Foto: Padre Geovane Saraiva, vista da estrada na Serra de Baturité - de Aratuba a Mulungu Ceará |
Deus, na sua compaixão e
indizível amor, pela cruz santa e sagrada da nossa Paróquia de Santo Afonso, a
meu ver, demonstra e ratifica a todos uma coisa: de não nos afastarmos,
impressionados, de suas santas chagas, de suas chagas gloriosas, do Cristo
Senhor, que nos protege e nos guarda. Ela ajuda a contemplar o Cristo Senhor
como único, nascido da Santa e Bendita Virgem Maria, tão próxima da cruz santa
de Deus. Pelo tal mistério, associados, nós de Santo Afonso, à Mãe do Perpétuo
Socorro, entremos no caminho redentor daquele que quer reconciliar e salvar a todos.
O Deus nos é dado no seu Natal, o
melhor e mais belo presente prometido à humanidade. Em sua natureza humana, mas
revestido misteriosamente de perfeição, distanciado dos vestígios das más
inclinações, em oposição aos pobres filhos de Adão, temos que fixar na nossa
mente e no nosso coração o sentido da verdadeira luz, aquela luz que veio ao
mundo, tão visível e clara no prólogo do Evangelho de São João.
Olhemos para São João da Cruz,
neste tempo de preparação para o Natal do Senhor, querendo mesmo, e com a maior
boa vontade, nos penitenciarmos, pensando nas nossas sombras e contradições,
distâncias e afastamentos de Deus. Que aproveitemos esse tempo como restaurador
e de providencial bênção, convencidos de que “no entardecer da vida seremos
julgados pelo amor”.
É o Deus menino que desce das
estrelas, querendo se manifestar e se encontrar com a criatura humana. No
fundo, ao contemplar o Filho de Deus e sua santa cruz, pela fé que abraçamos,
somos submetidos àquilo que Maria asseverou como inaudito ensinamento, lá em
Caná da Galileia: “Fazei tudo o que ele vos disser” ( Jo 2, 5). Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia
Metropolitana de Letras de Fortaleza
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