terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Dia Mundial da Paz: «Não há justiça sem equidade e sem uma justa distribuição dos recursos» – Ana Patrícia Fonseca

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Coordenadora do Departamento de Educação para o Desenvolvimento e Advocacia Social, da Fundação Fé e Cooperação, comenta mensagem do Papa Francisco
Agência Ecclesia/MC
Lisboa, 31 dez 2019 (Ecclesia) – A coordenadora do Departamento de Educação para o Desenvolvimento e Advocacia Social da Fundação Fé e Cooperação (FEC), sustenta que o Papa Francisco faz um “grande apelo” para repor a justiça, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2020.
“O que entendo desta mensagem do Papa, e que é o grande apelo das organizações da sociedade civil, é a necessidade de repor uma certa justiça. Não há justiça sem equidade, não há justiça sem uma justa distribuição dos recursos e, sobretudo, não há paz sem esta justiça”, explica Ana Patrícia Fonseca à Agência ECCLESIA, a propósito da mensagem que o Papa Francisco escreveu para a celebração de 1 de janeiro de 2020.
A mensagem indica o diálogo, a reconciliação e a conversão ecológica como caminhos de esperança para a paz.
A responsável da FEC evoca a situação dos “mais pobres e dos países mais pobres”, sendo estes “os que mais sofrem com os fenómenos das alterações climáticas. São ao mesmo tempo os que menos contribuíram para estes fenómenos”.
Desde a publicação da encíclica «Laudato Si», publicada em 2015, que Francisco evidencia “o planeta em sofrimento e como um corpo em sofrimento manifesta dores: nuns locais são secas, noutros são cheias, incêndios, grandes furacões, vamos sentindo as manifestações deste corpo doente”.
O que o Papa nos tem vindo a apelar é que diante deste corpo doente, que cuidemos dele. Temos uma grande responsabilidade naquilo que é este corpo que é, antes de mais para cristãos, católicos e crentes, uma criação de Deus. Há este grande alerta que são as pessoas, os seres humanos que mais sofrem com este corpo que está doente”.
Ana Patrícia Fonseca recorda o sínodo da Amazónia, que aconteceu no Vaticano em outubro de 2019, como “um duplo grito dos pobres”.
“Neste grito dos pobres eu entendo sempre um grito de desespero, a dizerem «estamos nesta situação, precisamos que alguém nos ajude», mas também um grito de esperança, ao dizerem «nós aqui temos as soluções que o mundo tanto apela»”, observa.

A responsável evidencia as “transferências de conhecimento e tecnologia” entre os países desenvolvidos para os países em vias de desenvolvimento, mas lamenta que “as soluções que estes povos têm” não sejam transferidas para os países desenvolvidos.
“Estes povos têm as soluções que são necessárias, precisam só de um empurrão”, sublinha.
Ana Patrícia Fonseca, que representou a Plataforma das Organização Não Governamentais na Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima (COP25), lamenta a falta de vontade política para “agir agora”.
“Temos as soluções técnicas muitas de base local, outras de tecnologia nova. Temos tudo em cima da mesa. O que precisamos é de vontade para agir. Na COP25 dizia-se que agora é o tempo de agir. O que o Papa Francisco nos vem dizer é que é agora o tempo de agir e tem de haver esta vontade política para fazer o que tem de ser feito”, finaliza.
A entrevista a Ana Patrícia Fonseca sobre a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz pode ser escutada hoje no programa Ecclesia, na Antena 1, pelas 22h45.
LS

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