quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Bolsonaro dispara vídeo que convoca extrema direita para ato contra o Congresso Nacional

FH classifica o episódio como 'uma crise institucional de consequências gravíssimas'
Divulgação de vídeo aumenta crise com o Congresso
Divulgação de vídeo aumenta crise com o Congresso (Alan Santos/PR)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ) disparou do celular pessoal um vídeo que convoca movimentos radicais de direita para um ato contra o Congresso Nacional, marcado para o dia 15 de março. A informação foi divulgada na noite desta terça-feira (25). O vídeo mostra a facada sofrida em 2018 em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas, e diz que ele ‘quase morreu’ para defender o país e agora precisa que as pessoas vão às ruas para defendê-lo.

No texto enviado com o vídeo, o presidente escreve:

“- 15 de março.

– Gen Heleno/Cap Bolsonaro.

– O Brasil é nosso,

– Não dos políticos de sempre.”

Reações

Políticos reagiram ainda na noite desse domingo (25). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou o Twitter para criticar Bolsonaro. “A ser verdade, como parece, que o próprio Pr (presidente) tuitou convocando uma manifestação contra o Congresso (a democracia) estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto se tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu Fernando Henrique.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também pediu, nas redes, um posicionamento “urgente” do Congresso e da sociedade em defesa da democracia. “Bolsonaro e o general Heleno estão provocando manifestações contra a democracia, a constituição e as instituições, em mais um gesto autoritário de quem agride a liberdade e os direitos todos os dias”.

“O que o Brasil precisa é gerar empregos, tirar o povo da pobreza. Bolsonaro nunca combinou com democracia. É um falso patriota que entrega nossa soberania aos Estados Unidos e condena o povo à pobreza. Um falso moralista que acoberta o Queiroz e outros corruptos e criminosos”, escreveu.

O líder a oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), seguiu a mesma linha em uma mensagem em sua conta oficial no Twitter. “Chega! As forças democráticas precisam repudiar este comportamento vil e impedir a escalada golpista”, escreveu Randolfe.

O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), propôs uma reunião de emergência entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e líderes dos partidos para decidir o que fazer diante das manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra o Congresso.

"Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve", disse Molon.

"Ao não encontrar soluções para o país, ao se sentir sozinho, isolado e frágil, Bolsonaro apela ao que todos temíamos: a um ato autoritário contra a própria democracia. Não dá mais. Esses absurdos, exageros e atropelos têm que parar agora".

O Ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE), candidato derrotado à Presidência da República, uma reação dos eleitores ao vídeo. "Se o próprio presidente da República convoca manifestações contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal), não resta dúvida de que todos aqueles que prezam pela democracia devem reagir. É criminoso excitar a população com mentiras contra as instituições democráticas e sem causa nenhuma, a não ser sua agenda anti-pobre, anti-produção e entreguista de nossas riquezas aos estrangeiros. Vamos lutar pela preservação da Constituição e pelo Brasil", escreveu Ciro, em mensagem postada no Twitter.

Planfleto

Em panfleto que circula pelas redes sociais, assinado apenas por “movimentos patriotas e conservadores”, fotos do general Heleno, do vice-presidente, Hamilton Mourão, e de outros generais com cargos públicos aparecem numa convocação para o ato. No texto, se diz que “os generais aguardam as ordens do povo”. E em seguida um bordão: “Fora Maia e Alcolumbre”.

Rômulo Ávila/Dom Total

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