
A análise do investigador Alfredo Teixeira, as memórias de presos políticos e de comunidades católicas que esperaram a liberdade e o papel da Igreja Católica na transição democrática
Lisboa, 25 abr 2020 (Ecclesia) – O investigador Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa, diz que o 25 de abril de 1974 “não foi um sobressalto religioso na sociedade portuguesa”, mas trouxe alterações significativas na vivência da fé católica.
Na obra “Religião na sociedade portuguesa”, da coleção Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos, publicada em 2019, o professor universitário realça que “a mudança de condições políticas afetou sobretudo o lugar da religião na construção das identidades coletivas”.
Se antes do 25 de abril, “ser-se português ou ser-se católico era quase a mesma coisa”, muito devido ao “aproveitamento da força moral, da força agregadora da religião por parte do Estado-Novo”, da “aliança, pelo menos simbólica”, que existia “entre Igreja e Estado”, hoje isso já não acontece.
“Eu não diria que a revolução de 1974 é o único acontecimento que destrói essa construção, mas é de facto um acelerador dessa desconstrução”, sustenta Alfredo Teixeira em entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião da publicação do ensaio “Religião na sociedade portuguesa”.
O antropólogo defende ainda que olhar para a Revolução dos Cravos, que se recorda este sábado, implica também perceber a “trajetória de emancipação do indivíduo” que tem marcado a sociedade desde então, e que se tem estendido também à vertente da fé.
Em cada ano, as celebrações do 25 de Abril são ocasião para evocar a conquista da liberdade, na Agência ECCLESIA, analisando também contributo da Igreja Católica para transição e a consolidação da democracia.
No dia 25 de Abril de 2020, a sessão comemorativa na Assembleia da República vai decorrer com um número reduzido de participantes por causa da pandemia covid-19; entre os 16 convidados, D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa vai estar presente, afirmando numa declaração ao jornal digital ‘7 Margens que “é sempre convidado e sempre vai” e que a cerimónia “realiza-se com o acordo e segundo as regras da autoridade sanitária”.
Ao longo dos últimos anos, o papel dos católicos na revolução do 25 de abril e o contributo da Igreja Católica para a transição democrática são temas analisados no programa ECCLESIA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário