quinta-feira, 23 de abril de 2020

Bolsonaro usa preço da gasolina para tentar tirar foco da velha política de compra do Centrão


Enquanto dizia a manifestantes pró-golpe que "não negociava nada", Bolsonaro montava um balcão de negócios no Planalto para oferecer cargos no segundo e terceiro escalões do governo para cooptação de partidos do Centrão

Bolsonaro em ato de golpistas em frente ao quartel general do Exército em Brasília (Reprodução)
Por Plinio Teodoro  
Imerso na prática da velha política, da qual é um dos protagonista há quase 30 anos, Jair Bolsonaro foi às redes sociais na manhã desta quinta-feira (23) voltar a criticar o preço dos combustíveis para tentar tirar o foco da sua ofensiva oferecendo cargos para cooptar partidos do chamado “Centrão”.

“Preço dos combustíveis, hoje, nas refinarias: Gasolina: R$ 0,91, Diesel: R$ 1,45. Preço Final:ICMS + CIDE + PIS/PASEP + Cofins + transporte + lucro dos postos + lucro das distribuidoras”, escreveu Bolsonaro, em nova indireta sobre os tributos dos combustíveis, sem levar em conta a baixa demanda que fez com que o petróleo tivesse cotação negativa pela primeira vez na história.

Enquanto dizia a manifestantes pró-golpe que “não negociava nada” no ato de domingo (19), Bolsonaro montava um balcão de negócios no Planalto para oferecer cargos no segundo e terceiro escalões do governo para cooptação de partidos do Centrão.

O objetivo é montar uma base no Congresso e fazer frente à liderança de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), que presidem as duas casas legislativas.

Na noite desta quarta-feira (22), a CNN Brasil vazou um vídeo intimista de um encontro de Bolsonaro com o líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

Negociata
O presidente ofereceu à sigla, eternizada na figura de Paulo Maluf, o comando do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e a presidência do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).


Ao PSD foi ofertada a direção da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Ao PL foi oferecido o Banco do Nordeste e a Secretaria de Vigilância em Saúde, da equipe do novo ministro da Saúde, Nelson Teich.

O Republicanos pode ficar com a presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e com a secretaria de Mobilidade do MDR. Outros 77 cargos estaduais teriam sido colocados à disposição dos partidos em troca de apoio.

Indagado se aceitaria indicações políticas para o cargo nesta quarta-feira (22), Bolsonaro disse não saber. “Não sei, pô. Todo mundo que está em Brasília tem um passado político. Foi filiado, foi simpático ou já trabalhou em algum governo”, minimizou o presidente.

Bolsonaro ressaltou que há milhares de cargos em segundo e terceiro escalões.​E que, por isso, não tem condições de saber quem entra e quem sai.

“Eu troco um cara no Piauí. Aí, ele tinha filiação com um partido, que é simpático a nós. Pronto, já falam que eu dei um cargo para o cara”, afirmou. “Eu não fico perseguindo ninguém por ser de tal partido”, disse ainda Bolsonaro, que assumiu demitindo diversos servidores por suposta ligação com o PT.

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