terça-feira, 26 de maio de 2020

VÍDEO: Moro se contradiz ao atacar Bolsonaro e mostra que a diferença entre os dois é apenas o estilo

O vídeo acima mostra duas entrevistas de Sergio Moro, separadas no tempo por quatro meses. Em janeiro, em entrevista à Jovem Pan, o então ministro da Justiça elogiou Bolsonaro pelo apoio que teria dado no combate à corrupção. No domingo passado, em entrevista ao Fantástico, disse o contrário.

O que isso significa?

Que a saída de Moro do Ministério da Justiça parece mais ligada a um projeto de poder do que à preocupação com a autonomia da Polícia Federal.


Parece briga pelo controle de uma corporação que, usada politicamente, pode provocar sérios danos à democracia.

Moro não pode dizer que respeitou o sinal vermelho em sua relação com a PF, que faz parte do organograma do Ministério da Justiça, mas nem por isso está sujeita a interferências políticas, partam elas do próprio ministro ou do presidente da república.

Moro deu demonstração de que teve acesso a investigações sob autoridade de juízes, como no caso do inquérito sobre os laranjas do PSL.

Segundo Bolsonaro, Moro lhe entregou um relatório sobre a investigação. A declaração foi feita no dia 28 de junho do ano passado, em coletiva no Japão.

No caso dos hackers e as mensagens da Vaza Jato, Moro ligou para autoridades que teriam sido alvo da quadrilha presa. E informou que destruiria as mensagens.

O inquérito tramitava sob segredo de justiça.

Moro disse também que, a pedido dele, a Polícia Federal tomou o depoimento do miliciano Ronnie Lessa, processado pelo assassinato da vereadora Marielle.

Não ficou claro com que autoridade Moro mandou a PF tomar o depoimento de um investigado pela sistema de justiça estadual do Rio de Janeiro.

Segundo depoimento de Moro, Bolsonaro tentou dividir o poder em relação à PF. Ele teria dito que Moro tinha sob seu controle 27 superintendências da PF, uma em cada estado e no Distrito Federal.

“Eu só quero uma”, teria dito. Era a do Rio de Janeiro. Mais tarde, teria dito também que gostaria de ficar com a de Pernambuco.

Moro resistiu, mas, como se sabe desde a Lava Jato, sua preocupação nunca foi com a autonomia da PF, mas para mantê-la sob seu controle.

O longo inquérito que resultou na Lava Jato, iniciado em 2006, mostra que, à certa altura, diante da oposição de uma procuradora da república, o então juiz passou a autorizar medidas como quebra de sigilo em contato direto com a PF, sem a mediação da Procuradoria da República, que era informada depois.

Portanto, nessa disputa Moro-Bolsonaro, a única que parece ter razão é Rosângela Moro, esposa do ex-juiz. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 16 de fevereiro, ela disse:

“Sou pró-governo federal. Eu não vejo o Bolsonaro, o Sergio Moro. Eu vejo o Sergio Moro no governo do presidente Jair Bolsonaro, eu vejo uma coisa só”.

Pois é. Mas a Policia Federal parecia pequena demais para os dois próceres do condomínio de poder criado depois da violência institucional que levou à deposição de Dilma Rousseff.

Bolsonaro levou a melhor na queda de braço com aquele que, todos sabiam, sempre esteve de olho na cadeira do chefe. E depois que o tirou do caminho até a PF, exibiu, orgulhoso, a máscara como brasão da corporação.

Foi como mostrar uma vaca e apontar para a marca que define a propriedade. “É minha”. Foi a mensagem que passou passou.

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