domingo, 12 de julho de 2020

A semeadura de Jesus não terminará em fracasso

Reflexão do Evangelho do 15º domingo do Tempo Comum - Mt 13,1-23
Não devemos perder a confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus
Não devemos perder a confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus (Unsplash/ Joshua Lanzarini)
José Antonio Pagola*
RD

A parábola do semeador é um convite à esperança. A semeadura do evangelho, muitas vezes inútil por diversos contratempos e oposições, tem uma força que não se pode conter. Apesar de todos os obstáculos e dificuldades, e mesmo com resultados muito diferentes, ela termina em uma colheita frutífera que nos faz esquecer outros fracassos.

Não devemos perder a confiança por causa da aparente impotência do Reino de Deus. Sempre parece que "a causa de Deus" está em declínio e que o evangelho é insignificante e sem futuro. Entretanto, não é assim. O evangelho não é uma moralidade ou uma política, nem mesmo uma religião com um futuro maior ou menor. O evangelho é a força salvadora de Deus "semeada" por Jesus no coração do mundo e na vida dos homens.

Motivados pelo sensacionalismo da mídia atual, parece que só temos olhos para ver o mal . E não sabemos mais como descobrir essa força de vida que está oculta sob as aparências mais desalentadoras.

Se pudéssemos observar o interior das vidas, ficaríamos surpresos ao encontrar tanta bondade, entrega, sacrifício, generosidade e amor verdadeiro. Existe violência e sangue no mundo, mas o desejo pela verdadeira paz cresce em muitos. O consumismo egoísta se impõe em nossa sociedade, mas são bastantes os que descobrem a alegria de uma vida simples e compartilhada. A indiferença parece ter apagado a religião, mas a saudade de Deus e a necessidade de oração são despertadas em não poucas pessoas.

A energia transformadora do evangelho está aí trabalhando a humanidade. A sede de justiça e amor continuará a crescer. A semeadura de Jesus não terminará em fracasso. O que nos é pedido é acolher a semente. Não descobrimos em nós essa força que não provém de nós mesmos e que nos convida, incessantemente, a crescer, a ser mais humanos, a transformar nossas vidas, a tecer novas relações entre as pessoas, a viver com mais transparência, a abrir-nos com mais verdade a Deus?

Publicado originalmente em Religión Digital

*José Antonio Pagola é padre e tem dedicado a sua vida aos estudos bíblicos, nomeadamente à investigação sobre o Jesus histórico. Nascido em 1937, é licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma (1962), licenciado em Sagradas Escrituras pelo Instituto Bíblico de Roma (1965), e diplomado em Ciências Bíblicas pela École Biblique de Jerusalém (1966). Professor no seminário de San Sebastián (Espanha) e na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha (sede de Vitória), foi também reitor do seminário diocesano de San Sebastián e vigário-geral da diocese de San Sebastián.

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