Padre Geovane Saraiva*
Pelo projeto redentor e salvífico do Reino, que a Deus pertence e que é confiado aos seres humanos, somos chamados a oferecer nossa generosa resposta. Agora, sabemos que por trás de cada pessoa manifesta-se uma complexa história, evidentemente com seus traços ou sinais peculiares, ação da bondade de Deus. Dom Helder Câmara se enamorou pelo mesmo Deus e, ao nos deixar há 21 anos, em 27 de agosto de 1999, foi uma dessas pessoas que perceberam o mistério do Cristo redentor, desfigurado nos irmãos e nas irmãs, como na seguinte assertiva: “Nos rostos gastos pela fome e esmagados pelas humilhações vi o rosto do Cristo Ressuscitado”.
Dom Helder Câmara, consciente da bondade de Deus, afirmava: “Teu nome é e só podia ser amor”. A nossa súplica para com o nosso bom Deus é no sentido de que Deus possa ser sempre mais amado, concretamente, nas suas criaturas e, aqui, através do Servo de Deus, instrumento de vosso amor e vossa paz, nas suas contundentes profecias em tempos de crises: “Quando houver contraste entre tua alegria e um céu cinzento, ou entre tua tristeza e um céu em festa, bendiz o desencontro, no aviso divino de que o mundo não começa nem acaba em ti”.
A força de seu vigor e de seus sonhos, numa vida marcada por uma trajetória excessivamente fecunda e pelo seu inquestionável legado à humanidade, o credenciou a ser patrimônio do povo brasileiro, cidadão planetário, fazendo-nos lembrar do apóstolo Paulo, em seus sonhos, ações apostólicas e viagens missionárias. Anunciou o Reino por uma Igreja simples, voltada para os empobrecidos, vulneráveis, proclamando em alto e bom tom a não violência.
Sua incisiva atuação de Profeta da Paz também o qualificou para diversos prêmios nacionais e internacionais, sendo o brasileiro por quatro vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A Lei n.º 13.581, de 26 de dezembro de 2017, declarou Dom Helder Câmara como Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos, pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, e também Patrono dos Direitos Humanos de Pernambuco, honraria da Assembleia Legislativa, Lei n.º 17.006, do referido estado, aos 11 de agosto de 2020.
Dom Helder Câmara nos ensina o sentido da verdadeira e autêntica fraternidade, permitindo, no segredo do nosso interior, auxiliados pelo que é relativo, se preciso for, chegarmos ao essencial, no menino misterioso e pobre da manjedoura, mas numa ansiosa vontade de galgarmos a esperança, como nas próprias palavras: “Quais sementes desejo espalhar pela terra? Sementes de paz, amor, compreensão e esperança. Há tanto desespero, desengano, decepção, frustração e desesperança! Sementes de esperança, sem dúvida, chegariam em boa hora”. Assim seja!
*Pároco
de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza (AMLEF).
Fotos de acima Dom Helder com Padre Cícero, Dom Leme, Dom Jaime B. Câmara,
Feira da Providência em 1963, Madre Teresa de Calcutá e Dalai Lama e meninos pobres.
Feira da Providência em 1963, Madre Teresa de Calcutá e Dalai Lama e meninos pobres.
Pacifista, utópico, idealista, sonhador e muito mais, outro cavaleiro andante!
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