Padre Geovane Saraiva*
Neste domingo, 27 de setembro de 2020, comemora-se o Dia do Livro Sagrado, entre os católicos, recordando-se de São Jerônimo, grande especialista da Palavra de Deus. Ele a carregou nos lábios, meditando-a dia e noite (cf. Js 1, 8). Nasceu na Dalmácia, hoje Iugoslávia, no ano de 342, e morreu em Belém, em 420. Consagrou sua vida ao estudo da Sagrada Escritura e é considerado o maior e melhor exegeta de todos os tempos. A Igreja Católica o reconheceu como homem eleito por Deus para explicar e fazer compreender, do melhor modo, a Palavra de Deus.
O fôlego e o alento da justiça transformadora, proposta do Evangelho, não acontecem e jamais acontecerão pelo encantador arquétipo de uma acentuada valorização de imagens, valendo-se ostensivamente de ambientes com característica de suntuosidade e pompa, mas nas imagens de janelas abertas, no sentido de se respirar o ar acolhedor do Espírito Santo de Deus. No seguimento de Jesus de Nazaré, urge uma prática religiosa, nem a do “sim” e nem a do “não” (cf. Mt 21, 28-32), no cumprimento de rituais e preceitos, mas de uma religião que quer colocar em prática os mandamentos de Deus, através de atitudes ou gestos concretos e insuspeitos, fruto da esperança cristã, vivenciada no dia a dia, não numa resposta daquilo que é aparente e fictício, mas sim do que é real, verdadeiro e transparente.
A Palavra de Deus nos ensina que não basta simplesmente dizer “sim”, mas que é preciso um andar coerente e persistente, percorrido no exercício da justiça, buscando a realização da vontade de Deus e confiando nos bons frutos de sua ação redentora. Evidentemente, bem no contexto do perdão e da compaixão do Filho de Deus, a criatura humana, no seu viver, terá sempre possibilidades ou chances de se converter, quer tenha uma vida no distanciamento de Deus, quer tenha superado os empecilhos do mal, no serviço do Senhor. Deus quer pessoas resolvidas, convertidas e persistentes, na prática de caminheiros da paz e do bem, como assevera Dom Helder: “É graça divina começar bem, graça maior é persistir na caminhada, mas a graça das graças é não desistir nunca”.
Que Deus nos dê a inspiração de São Jerônimo, ao acolher a revelação divina, no que diz respeito à Palavra de Deus. Como é importante o seu belíssimo comentário sobre o Salmo 102! “Sou como um pelicano do deserto, aquele pássaro bom que fustiga o peito e alimenta com o próprio sangue os seus filhos”. Ele é o símbolo da obediência e da entrega do Filho de Deus, o qual nos convida, com Ele, a nos configurarmos. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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