Padre Geovane Saraiva*
Jesus acolhe o leproso e nele
quer acolher a todos. Ele diz não à intransigência, à intolerância e a todo e
qualquer preconceito, especialmente os preconceitos para com a Campanha da
Fraternidade Ecumênica deste ano de 2021, sem esquecer a lepra da chamada
“arquitetura hostil” aos que querem viver o mínimo de dignidade. Como seria bom
e maravilhoso um compromisso pela renda mínima, com fraternidade, diálogo e
paz, sendo, assim, possível de se cantar ao Deus da vida um bendito!
O cristianismo quer contribuir
grandemente, valorizando e acentuando a dignidade da pessoa humana, ao longo de
sua vida, deixando sempre claro que ela é sagrada na sua imagem. Torna-se mais
do que necessário um sentimento de compaixão pela criatura humana, toda
misteriosa, pela presença daquilo que é divino em sua vida, em resposta ao
simples fato de ser criatura de Deus, sem precisar levar em conta suas
aptidões, talentos, valores e méritos. Ela é simplesmente imagem divina, sendo
presença viva de Deus que se revela na história, evidenciando sua encarnação no
mundo dos seres humanos e da vida como um todo, no respeito e na dignidade.
O mundo da ciência e da
tecnologia, diante do mistério da criatura humana, jamais deveria ver e
enxergá-la como sua inimiga e não usar de suas práticas e execuções técnicas,
no sentido de prejudicá-la em qualquer hipótese. O Universo e sua relação com o
ser humano, em conjunto com as demais espécies de seres vivos, estão na mesma
direção, numa sociedade que se afirma cristã, mas que, léguas e léguas, se
distancia da proposta compassiva de Jesus de Nazaré.
De tudo que existe, Deus deveria
ser o centro, no entanto parece patente, muitas vezes, se distanciar da meta,
quanto ao destino da humanidade. Mesmo com a compreensão de que se deve ter do
nosso mundo tão contraditório, olhando a ciência e mesmo a cultura, no sentido
estritamente salutar, que não se distancia do seu foco último, no sonho de que
se deve perseguir, num obstinado esforço harmonioso em favor de todos os povos
da terra.
Uma sabedoria e um humanismo se
contagiam, na mesma compaixão de Jesus de Nazaré, manifestação reveladora de
Deus com seu rosto terno e afável, não cabendo margem de se pensar e muito
menos de se contar com um cristianismo a contrariar a realidade infra-humana,
na condição de vida dos empobrecidos e leprosos de toda sorte.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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