Padre Geovane Saraiva*
Nossa missão, a partir do Evangelho (cf. Mc 1, 21-28), com a beleza de sua alegoria, é a mesma de Jesus indo ao encontro das pessoas, a ponto de as encantar e causar muita satisfação. Ele, de modo concreto, manifesta sua desaprovação pela lógica perversa e discriminatória do mundo, de outrora e de hoje, querendo deixar claro, longe de qualquer dúvida, que a exegese nos parece boa, que todas as pessoas devem ser respeitadas, que são chamadas a uma vida com liberdade, como filhos de Deus, num não às forças intolerantes e repressoras demoníacas do mal, amplamente divulgadas entre nós. Tentam a todo custo sustentar a insciência e o obscurantismo, como se fossem o que existe de mais absoluto, como uma verdade de fé, tão evidente no negacionismo extremado e radical, com seu ilusionismo nefasto e deletério, contrariando a terna vontade de Deus.
Por isso mesmo, que seja levado sempre em conta e sem nunca excluir a beleza da diversidade do mundo, no qual todos estamos inseridos, num louvor, numa ação de graças e numa fervorosa súplica de perdão, especialmente por aquele dia 29 de janeiro, quando se comemora o “Dia da Visibilidade Trans”. O contexto do Brasil no mundo é tão incômodo quanto perturbador e negativo, além de pouco animador, nas suas turvas águas, sendo visto no mundo como campeão em matar, segregar e marginalizar criaturas humanas com direitos e dignidade iguais.
Dom Helder nos desafia com esse dia, que é uma ocasião importante para uma reflexão, no sentido de não cruzarmos os braços diante da vida humana, na luta por respeito, mais dignidade, cidadania e, sobretudo, acesso às oportunidades para com as pessoas transexuais e travestis no nosso querido Brasil. Convenhamos: é uma data que quer expressar e falar de dom e graça, de modo compassivo e solidário, mas com o coração de Deus ligado ao coração humano, pelo Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado mundo!
Desafiados, sim, mas não derrotados, é o pensamento do Artífice dos Direitos Humanos: “Quando houver contraste entre tua alegria e um céu cinzento, ou entre tua tristeza e um céu em festa, bendiz o desencontro, no aviso divino de que o mundo não começa nem acaba em ti”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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