Padre Geovane Saraiva*
A liturgia do domingo de Ramos
nos introduziu bem no núcleo ou miolo do acontecimento inaudito e inefável, o mais elevado
da nossa fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Da
nossa parte cabe acolher, louvar e bendizer aquele que, sendo aclamado rei, não
teve medo de assumir, como legítimo e verdadeiro servo, a experiência humana
até a morte, e morte de cruz.
Em substituição ao véu de separação ficou a ponte que liga os homens pecadores, perdoados pelo sangue de Jesus Cristo, e pelo próprio Deus. Deve-se perceber no véu uma profunda e misteriosa simbologia, em que Cristo é a razão – e não se encontra outra – como única via para se chegar ao Pai.
Jamais prescindir do eixo salvífico, como nos assegura o apóstolo Paulo, na carta aos Filipenses: “Jesus Cristo, sendo de condição divina, não se apropriou dessa condição, mas, ao contrário, ele se esvaziou e assumiu a condição de servo obediente, até a morte, e morte de cruz”. E continua: “Foi por isso que Deus o exaltou e deu um nome que está acima de todo nome, de modo que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua confesse, de modo bem elevado, que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai”.
Rasgar, sim, de cima a baixo, o véu malévolo, imprestável, improfícuo e deplorável do obscurantismo, da insciência e do negacionismo. Tudo a partir do contexto maravilhoso de ver que o Servo de Javé resiste ao sofrimento, mesmo em meio à desolação e ao abandono, por meio da obediência na fé, confiante até o fim na promessa do Pai! Sua fidelidade em persistir e não se desviar da missão nos enche de esperança, na certeza de não sermos jamais confundidos nem desiludidos. Amém!
*Pároco de
Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza (AMLEF).
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