Padre Geovane Saraiva*
O lamento e a dor de tanta gente nos fazem voltar ao alarido de Maria, que acompanhou seu filho Jesus até o pé da cruz (Jo 19, 25). A campanha “Vacina, sim” nos faz lembrar a campanha pelas “Diretas já”, há 37 anos. A desaprovação de então pode ser considerada a mesma: negacionismo, obscurantismo, trivialidade, tolices e asneiras, sem esquecer das torturas infames e degradantes, além do opróbrio vil e ignóbil, numa ausência de tolerância, evidentemente dentro desse contexto, clamando pela liberdade esperançosa, numa simbologia pascal, possibilitando aquele duelo forte – e mais forte – da vida que vence a morte.
Com Dom Helder digamos: “Que eu possa aprender, afinal, cobrir de véus o acidental e o efêmero, deixando, em primeiro plano, apenas o mistério da redenção: o mistério da Páscoa”. O que importa mesmo a todos nós é que seja o espírito da esperança pascal a nos desafiar, colocando-nos, na mente e no coração, a proposta do percurso divino, afastados da ilusória e mutável esperança, entrelaçados no triunfo da Páscoa eterna.
Que a nossa páscoa, na Páscoa do Senhor, seja consequente, a partir do que acontece hoje, por causa do coronavírus, pois sabemos que devemos cumprir o preceito de se despedir de seu ente querido pela distância – e mentalmente –, repetindo-se também a prece ou oração que brota do interior das pessoas, pelos mesmos irmãos queridos e demais pessoas que chegaram ao fim da jornada terrena e ao ocaso. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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