terça-feira, 20 de abril de 2021

Redes sociais: a vitrine de vaidades e mentiras

Carlos Delano Rebouças*

Muitos usam as redes sociais para extravasar, para mostrar-se com o seu lado mais natural de ser. A chance de sorrir sem as sonoras gargalhadas no silêncio do "kkkkkkk...", quando a timidez não permite vídeos.

Outros as enxergam como a oportunidade de se tornar conhecido ou ainda mais que isso. Famoso? Sim! É o caminho mais curto e instantâneo de ganhar notoriedade, de tornar os milhões de josés e  marias em josephs e marys. É a chance que um calango tem de sonhar com o dia que vai se tornar um jacaré.

Mas enquanto as metas são buscadas no âmbito das realizações pessoais, em paralelo (e com mais intensidade) as vaidades são alimentadas em doses cavalares que nos fazem entender que muitos parecem esquecer a sua verdadeira realidade, a sua natureza e suas concepções sobre valores, incorporando por inteiro o perfil frívolo que se manifesta a cada post, em busca de likes.

Sempre estamos vendo fotos com bebidas de marcar famosas que sequer se tomar um gole; registro de lugares onde nunca se pôs os pés, os mesmo nem sempre são os das pessoas a qual os deixou órfãos de um corpo inteiro na foto; vídeos de festas com pessoas se abraçando, umas as outras (desculpem-me se pareço redundante, apenas quero reforçar a insanidade sem tamanho), sem mesmo se conhecerem, mas desconfiados de que muitos ali possuem milhares de seguidores nas suas redes e isso é o que mais importa. Ah, não podemos nos esquecer das fotos em família, de como as famílias são felizes e sorridentes! Ninguém chora nelas, apenas sorriem até que se ouça o click final.


E temos que o impressionar, não é? Muito! Uma foto carinhosa ao lado de um vira-lata de rua é muito válida para atrair os olhares sociais, sobretudo dos amantes e protetores dos animais. Registrar-se num templo religioso sem ao menos saber rezar um Pai Nosso impacta demais na sua imagem de religioso. Calçar um tênis e andar 20 metros passa a admirável imagem de atleta. Plantar uma árvore, mesmo que se tenha por hábito descarta latas de refrigerante pela janela do carro, faz com que sejamos vistos como um defensores das causas ambientais.

E se aqui eu decidisse ficar enumerando os diversos fins das redes sociais, em um texto enxuto como este, ainda não seria possível dizer tudo penso sobre ela e seus protagonistas. E se entendesse que poderia estendê-lo um pouco mais para externar bem mais o nosso humilde pensamento, certamente, na sua prolixidade, não seria lido além do seu criativo título que precisa ter. Alguém, quem sabe, poderia entender que não passaria de uma perda de tempo, este que, no seu entendimento,  sempre deve ser usado usado, na sua quase totalidade, como oportunidade de vender vaidades e mentiras.

*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário