Pe. Geovane Saraiva*
Que a Páscoa do Senhor nos ajude a pensar, numa prece pelos dois anos de pandemia, nas pessoas que morrem no abandono, sozinhas ou, como queira, na solidão, sem o menor cuidado e sem ninguém, na mais completa indiferença, sem nenhum choro ou lágrima derramada. Que a nossa páscoa, na Páscoa do Senhor, seja consequente, a partir do que acontece hoje, por causa da guerra e da violência, pois sabemos que cumprir o preceito de se despedir de seu ente querido é pela distância, e mentalmente, repetindo-se também a prece ou oração que brota do interior das pessoas, pelos mesmos irmãos queridos e demais pessoas que chegaram ao fim da jornada terrena e ao ocaso.
Como importa a todos nós o espírito de esperança pascal a nos desafiar, colocando, na mente e no coração, a proposta da vida divina, afastados da ilusão de uma esperança passageira, no abraço do triunfo da Páscoa eterna. A Páscoa do Senhor, a partir da Vigília Pascal, no dizer de Santo Agostinho, é a “mãe de todas as celebrações”, que, com seus ritos antigos, toda a sua beleza, sua profundidade poética, e ao mesmo tempo profética, devem nos estimular a ir além do rito.
Que Deus nos dê a mesma graça, a de Jesus ressuscitado, para que possamos, nesta Páscoa de 2022, demonstrar solidariedade, ficando perto e ao lado dos enfermos moribundos, sem esquecer dos que sofrem por causa do isolamento. Na dor humana percebe-se, com clareza, um enorme número de irmãos e irmãs que carregam sua pesada cruz. Superar a indiferença é o nosso desafio, ao vivenciarmos a proposta pascal, restando-nos, pois, fé e esperança no Senhor da vida, o verdadeiro sol, aquele que é eterno e que nunca irá se extinguir. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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