Pe. Geovane Saraiva*
Jesus veio para nos trazer a paz, mas aquela paz compreendida como fruto da conversão do coração, conversão à verdade. Quem vive da verdade e mergulhado na verdade, passa por consequências inomináveis e incompreensões mesquinhas. Não hesitar quando for preciso radicalizar, a partir de Jesus de Nazaré, numa lógica de coerência, na sua clara afirmação de lançar fogo sobre a terra claramente fazendo opção pela vida, que é dom e graça. “Vim trazer divisão” é uma afirmação incisiva e desconcertante (cf. Lc, 49-52) à primeira vista, mas não contradiz nem anula o que ele já disse em outras ocasiões, quando explica que a paz interior é um sinal de harmonia entre a criatura humana e Deus.
Na adesão ao querer divino, jamais devemos prescindir da luta, na legítima guerra contra tudo o que se carrega no íntimo da alma: paixões, tentações, pecados. No seu próprio ambiente de trabalho, como exemplo, caso alguém se oponha à vontade salvífica e libertadora, em detrimento da fé, é dever nosso contrariar esse tipo de atitude, agindo corajosamente de forma profética no serviço ao Senhor, em seu projeto de amor. Se escolhermos falar e viver segundo o Evangelho, com certeza seremos perseguidos.
Pela existência da Bondade Infinita, que a nossa humanidade possa sempre mais clamar pela divindade, mesmo conscientes de que somos parciais, ao relativizar essa demanda, mesmo no lógico e clamoroso brado da existência do Onipotente. Para que o universo todo e a nossa vida inteira não sejam um absurdo, um brinquedo passageiro, não prescindir de reconhecer a existência do Infinito e do Absoluto. Que nossa realidade finita possa se revelar, enquanto restrita e passageira, mas no relacionamento esperançoso com o Infinito, no ser invisível de Deus, contemplado pela razão, através de suas obras (cf. Rom 1, 19s).
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Nenhum comentário:
Postar um comentário