Pe. Geovane Saraiva*
Vem à mente o que afirmou Pe. José Comblin, teólogo de saudosa memória, com sua luminosidade fulgurante, sendo seu distintivo peculiar, ao se manifestar no sentido de persuadir, no alargamento da mente e do coração das pessoas de boa vontade, imprimindo o caráter de perene imortalidade de Dom Helder: “Eu sou daqueles que têm a convicção de que os escritos de Dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina, daqui a mil anos, ao lançar sementes destinadas a produzir uma messe abundante nesta nova época do cristianismo”.
Conhecido como cidadão planetário, o mundo foi para Dom Helder Câmara campo de ação apostólica, vivendo-a a partir dos seus 27 anos na Cidade Maravilhosa-RJ (1936-1964). Cognominado Artesão da Paz, viveu a ternura e a solidariedade ao lado dos irmãos empobrecidos e, em 1948, na condição de padre jovem no Rio de Janeiro, acreditou ser possível seu sonho por um mundo melhor, ao externar: “Se eu pudesse, sairia povoando de sono e de sonhos as noites mal dormidas dos desesperados”.
Ele, pequeno na estatura, mas grande nos sonhos, nos ideais, era de uma beleza inusitada e incomparável, com aquele corpo franzino, mas que, pela pregação do Evangelho, se via transmutado e agigantado, na esperança utópica por um mundo justo, solidário e de paz. Que o dom maravilhoso do legado de Dom Helder seja percebido como uma mina de ouro a ser explorada, mas naquele seu sólido e incontestável compromisso: o do mundo solidário, reconciliado e pacificado em Deus!
Dom Helder era místico, sim, na exuberância magnífica de sua ação pastoral, identificado com seu povo, e, ao tomar posse, em 1964, como Arcebispo de Olinda e de Recife, no exemplo do Bom Pastor, assim se expressou: “Quem estiver sofrendo, no corpo e na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”
Integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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