sábado, 31 de julho de 2021

PãO FOUCAULDIANO

 



Pe. Geovane Saraiva* 

Num mais elevado contexto de morte

Deus quer que todos vivam do maná

No clamor e convite a todos: vem maranatá!

Deus não nos abandona à própria sorte

 

Quando as pessoas só pensam em propina

Que se diga não à postura absurda e indecorosa

Não ceder lugar ao compromisso ardoroso

No Deus que se manifesta através da vacina.

 

No conjunto de toda sorte dos famintos e doentes

Eis um Deus poderoso, paciente e onipotente!

Alargado ao mundo complexo, solidário e humanado.

 

Nele a luz ou aurora anunciada, num mundo irmanado

Dai-nos o pão foucualdiano, distante do infra-humano

Tudo em espírito acendrado, acrisolado e equacionado

 

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor e integrante 

da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).




terça-feira, 27 de julho de 2021

Eucaristia e as glóras de Maria

 Pe. Geovane Saraiva*

Eucaristia e as glórias de Maria

Pe. Geovane Saraiva*

 

Há grande fecundidade ao caminhar com o padroeiro da Parquelândia

No ardor e no fervor pelo Senhor, eis seu paladino e incontestável amor

Sem nunca deixar de fora seu sonho mais elevado: a humanidade transfigurada

Desse patrono santo, os devotos tocados pela bondade do filho amado e Senhor.

 

Nossa paróquia, comunidade de irmãos na fé, louva na alegria reconciliada

Deus pelo padroeiro quer se manifestar, no Carpinteiro Jesus de Nazaré

Aprender com Maria de Ligório, a utopia maior do pão que supera as marés

Que as injustiças do mundo tão diversificado, que sejam intoleradas.

 

Ele, o discípulo que carrega consigo e alegremente anuncia as glórias de maria

Viva afável bondade, ao externar com alegria a força da santa eucaristia

No santo exemplar da Igreja Universal, que nos ajude progredir no sobrenatural.

 

O napolitano da nossa terra alencarina, anunciou de verdade, o amor ao menino

No mistério paradoxal da criança de Belém, amor inabalável, dele sempre provindo

O grande pequenino, descido das estrelas, rendemos graças no sol e luz de Fortaleza

 

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista escritor e integrante

da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).



segunda-feira, 26 de julho de 2021

Arte de profetizar

Pe. Geovane Saraiva*

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF). 



 

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Soneto: O semeador

Pe. Geovane Saraiva


 

Lições singulares de reciprocidade

  Pe. Geovane Saraiva*

Que prevaleça a primeira impressão dele, insigne e magnífico apóstolo no Maranhão, a respeito de Dom José de Medeiros Delgado. É no tom poético, a propósito da carga da Igreja, instituição ou corporação, hoje, enormemente estafante e penosa, não maior, se comparada à do nosso povo empobrecido e sofrido, nos seus ministros ordenados. Escutam-se notícias não alvissareiras de sacerdotes jovens, em número elevado, que não querem mais viver, também os que são assassinados, entre outras angústias e lamentos.

Será que hoje não nos falta o espírito de Dom José de Medeiros Delgado? Ele, pastor da transição do Concílio Vaticano II, tremendamente incompreendido no Ceará, na Igreja Católica, na qualidade de Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza (1963-1973), mas que anteriormente deixou marcas elevadas e esplêndidas no clero, no povo de Deus e na sociedade, como um todo, da terra de Gonçalves Dias, como Arcebispo de São Luís do Maranhão (1951-1963).

Peço licença ao Desembargador Cleones Carvalho Cunha, do egrégio Tribunal de Justiça do estado do Maranhão, para me apropriar do testemunho de seu tio afim, Pe. Jocy Rodrigues, sábio escritor, poeta e compositor da obra “Cantigas do povo de Deus”, entre as demais obras do grande amante da poesia e da literatura:

Quando digo “amigo do padre” quero dizer amigo da pessoa, e não do “profissional”. É incapaz de cultivar mágoa ou ressentimento, pronto a correr ao lugar mais distante para dar apoio a um padre perseguido ou em crise. Incansavelmente radicado na esperança, destemido e pronto a enfrentar e investir contra os poderes que se atreviam a tocar nos seus padres.

Já como arcebispo de Fortaleza, a cada vez que ia a São Luís, procurava dar um pulinho no interior, para abraçar seus padres. Em uma das vezes fui com ele, num desses pulinhos, ver o Albino, em Itapecuru, e o Carvalho, em Vargem Grande. Sabia perder horas e horas conversando com um padre, ouvindo seus problemas, recebendo suas confidências. E como sabia derramar bálsamo nas feridas!

Enquanto foi pastor de nossa diocese, nenhum padre se afastou do sacerdócio. Tinha carinho de mãe e firmeza de pai para fazer superar as crises. Uma vez (Quem não se lembra?), ao ler para todo o clero, reunido, uma carta de um padre que viajara para outro estado, magoado com ele, prorrompeu em pranto e foi preciso Dom Fragoso continuar a leitura.

Compassivo e compreensivo com os fracos, exigente com os “durões”, amigo de todos, dele recebi muitas confidências.

Por sua vez, numa amizade bilateral, a narrativa de Dom José de Medeiros Delgado a seu respeito, foi de responder à altura, dentro da maior e melhor reciprocidade:  

Sua presença singular é expressão viva daquele Deus terno e afável. Ele é a poesia, a música, o Cristo e a Igreja, povo de Deus em marcha. Ele, o enamorado de todas as belezas, sente a vocação de atrair a elas todas as criaturas humanas, mergulhado, como poucos, na inexprimível grandeza espiritual de Deus, que o experimenta na sabedoria do homem simples. Tornou-se um amigo que nunca me decepcionou.

Eis, portanto, um Dom Delgado, que sem dúvida alguma, à luz da compassiva e afável ternura, fez o que tinha que ser feito à frente de seu tempo, que, embora incompreendido, deixou lições imorredouras. Que o nosso Deus, excessivamente benevolente, clemente e indulgente, seja glorificado por suas santas criaturas!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sábado, 17 de julho de 2021

Soneto: Bubuias ou aleluias!

Pe. Geovane Saraiva*


*pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia 

Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF). 

 




terça-feira, 13 de julho de 2021

Convite à solidariedade

 Pe. Geovane Saraiva*

Como olhar para a humanidade na sua beleza e na sua preciosidade? Pensemos na novidade bela, preciosa e concreta: a de tempos novos e esperançosos, antevendo o futuro do mundo e da própria Igreja. Que Deus nos dê a graça de nos inspirar, na sua instauração continuada, nos profetas e na liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum, e nos coloque diante do profeta Amós. Deus o chamou enquanto cuidava do rebanho, dizendo: “Vai profetizar para meu povo, Israel” (Am, 7, 15).

Deus o envia a uma terra estranha para proclamar o anúncio da justiça e da paz: torna-se malquisto pelo sacerdote do lugar, que o tenta expulsar, mas Amós não se curva; ao contrário: persiste com toda a força e lucidez, na graça da vocação divina, na obrigação de falar, “sem medo de ser feliz” e com a liberdade de Deus e em nome de Deus, não buscando o próprio interesse, querendo agradar e ser leal tão somente ao seu Deus, na  proclamação do seu projeto de amor, dizendo não a tudo que é promiscuidade entre a religião e o poder.

O profeta carrega consigo as marcas da resoluta expectativa; mesmo nos nossos dias, ele anuncia que não se pode prescindir de novos horizontes e da esperança que não é enganosa. Foi o que aconteceu com o Pe. Lino Allegri, que também se tornou indesejado e malquisto, a ponto de dizerem, mesmo sendo cidadão brasileiro, residindo há 50 anos na terra de Santa Cruz: “Vá embora, não precisamos de você aqui”. Solidariedade não lhe faltou, inclusive do nosso grupo foucauldiano, o da Fraternidade Sacerdotal + Jesus Caritas – Região Nordeste, e a Fraternidade de FORTALEZA, com a seguinte nota:

Vem a público se manifestar, repudiando e ao mesmo tempo se solidarizando com o Pe. Lino Allegri, sacerdote fidei donum, nos seus 56 anos de ministério sacerdotal, diante de vândalos bolsonaristas, incomodados com sua homilia, na solenidade de São Pedro e São Paulo. Quanta desfaçatez sórdida, mesquinha, ignóbil e truculenta, sofrida pelo sacerdote de 82 anos, no domingo, dia 4 de julho de 2021, após a missa, na sacristia da Paróquia da Paz. Foram pessoas que se dizem boas e irmãos na fé, mas que parecem mais malévolos facínoras, numa postura desintegrada e implacavelmente bárbara, incomodados com a palavra de Deus que deve ser vivida e encarnada, a partir da face reveladora, na vida dos pobres e excluídos.

Que a Igreja, para exercer com firmeza e fidelidade a Deus sua missão profética, coloque na mente e no coração, através dos seguidores de Jesus de Nazaré, as palavras do Papa Francisco: “Um verdadeiro profeta é aquele que é capaz de chorar por seu povo e também de dizer as coisas fortes quando for necessário. Não é morno, é sempre assim, direto. É um homem de esperança”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Pe. Lino Allegri: NOTA DE SOLIDARIEDADE

Fraternidade Sacerdotal + Jesus Caritas  - Região Nordeste, e a Fraternidade de FORTALEZA,

Vem a público se manifestar, repudiando e ao mesmo tempo se solidarizando com Pe. Lino Allegri, sacerdote fidei donumnos 56 anos de ministério presbiteral, diante de vândalos bolsonaristas, incomodados com sua homilia, na solenidade de São Pedro e São Paulo. Quanta desfaçatez sórdida, mesquinha, ignóbil e truculenta, sofrida pelo sacerdote de 82 anos, no domingo, dia 4 de julho de 2021, após a missa, na sacristia da Paróquia da Paz. 

Foram pessoas que se dizem irmãos na fé, mas que parecem mais malévolos facínoras, numa postura desintegrada e implacavelmente bárbara, incomodados, com a palavra de Deus que deve ser vivida e encarnada, a partir da face reveladora, na vida dos pobres e excluídos.


terça-feira, 6 de julho de 2021

A vida pede tolerância mútua

Pe. Geovane Saraiva*

No ano de 1988, no mesmo ano em que fui ordenado sacerdote por Dom Aloísio Cardeal Lorscheider, encontrava-me com o Padre Haroldo Bezerra Coelho, falecido em 2013, e outras pessoas, antes do início de uma celebração eucarística, em certo lugar. Naquela ocasião apareceu-nos uma pessoa com características e estereótipos, que revelavam ser ela homossexual, querendo cumprimentar aquele que tinha sido candidato a governador na eleição de 1986. Logo depois de cumprimentar o Pe. Haroldo, essa pessoa se afastou de nós, surgindo imediatamente um comentário, em forma de crítica, por um daqueles amigos, que conosco se encontrava, mas de um modo impiedoso e profundamente preconceituoso, recheado de intolerância, por causa da homossexualidade daquele irmão. Padre Haroldo, porém, reagiu com veemência; disso nunca me esqueço: “Meu irmão, olhe para ele como ser humano, seu irmão e companheiro na fé! Veja que ele carrega consigo a mesma dignidade sua: de filho de Deus”.

Pessoa alguma pede a homossexualidade para si, mas ela é uma realidade concreta na vida de muita gente. Daí nada de render graças a Deus por não contar com essa mesma realidade em seu contexto familiar, na diversidade do nosso complexo mundo, não se encontrando margem alguma para criticar pessoas homossexuais. Além de não contribuir, não é edificante ficar, convenhamos, quilômetros e quilômetros de distância, no sentido de vivenciar e de testemunhar o Evangelho proclamado pelo Filho amado do Pai; e também quando se percebem manifestações de comparações indiscriminadas, equivocadas e ambíguas. 

Preconceito, intransigência e intolerância matam. Na direção daquele músico e poeta do “Trem das Onze”, Adoniran Barbosa, fico a parafraseá-lo: “Intolerância e preconceito matam mais do que bala de carabina / Que veneno estricnina / Que peixeira de baiano. / (...) Mata mais que atropelamento de automóvel / Mata mais que bala de revólver”. Somos desafiados a uma boa convivência com todas as pessoas do mundo, tendo como critério a caridade, mas longe de alimentar toda e qualquer tônica ou temática preconceituosa; só mesmo na busca daquela colossal e afável compassividade, que tem sua origem em Jesus de Nazaré. 

Pensemos, pois, em Jesus de Nazaré, a nos dar o critério de nossa vida, o mandamento maior, pelo senso humanitário, na capacidade de dialogar e olhar as pessoas com postura íntegra, bondade de coração, desejo de pacifismo e justiça verdadeira. Lembre-se das palavras de Mahatma Gandhi: “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).