quinta-feira, 27 de maio de 2021

Santíssima Trindade, mistério de amor

Pe. Geovane Saraiva*

No mistério hipostático[1], pela mais íntima e imaginável união, constituída entre o Criador e a criatura, igualmente que se possa dizer: “Nada mais profundo e mais sublime do que o mistério da Santíssima Trindade, na vida intratrinitária, no que diz respeito à obra criadora de Deus”[2]. Ela exerce a precedência de lugar do mistério de Cristo, ao dominar a história humana, ocupando seu lugar precípuo por direito natural e por direito adquirido do Filho, que carrega consigo a condição humana, visível no amor ao Pai pela sua entrega na cruz, ao instituir a comunidade de fé, contendo sua essência missionária no Espírito Santo.

A tarefa humana, no seu significado mais elevado e insubstituível, no bom desempenho de bem corresponder ao seu sagrado desígnio redentor, encanta infinitamente a criatura humana, que é devedora a Deus, no seu mistério inefável, voltado à humanidade, numa atenção amorosa e na solicitude paternal. Em Francisco de Assis vemos a docilidade do nosso Deus, uno e trino: “Torne-se luminoso em nós, Senhor, teu conhecimento, a fim de que possamos compreender a amplitude de teus benefícios, a extensão de tuas promessas, a sublimidade de tua majestade e a profundidade dos teus juízos”[3].

Na fonte de todo dom e todo bem, a Igreja estende e eleva seu olhar ao mistério primordial do cristianismo, a Trindade Santa, mas no renovado convite aos fiéis, de cantar os louvores de Deus: “Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo, ao Deus que é, que era e que vem”. Na beleza do mistério da vida humana, que se possa contemplar a relação intrínseca e afeiçoada, em Deus, no mistério da Santíssima Trindade, na nossa condição existencial e contingente, porque Deus o quis, na sua imperscrutável providência. Eis o desafio: mergulhar na sua verdadeira sabedoria, que é dom de Deus, pela qual o homem fica predisposto e suscetível diante da vontade de agir, segundo o plano salvífico de Deus.

Jesus confia a seus discípulos a excelsa missão de fazer todos os povos conhecedores do seu santo nome, pelo batismo e pelo ensinamento do Evangelho, na sua ordem categórica de batizar: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”[4]. E assim foi feito desde o início da Igreja. De fato, se entendeu; essa fórmula faz parte da forma essencial do sacramento, sem a qual ele não ocorre validamente, precisando que se administre na autoridade de Jesus.

Batizar em “nome de Jesus de Nazaré” quer expressar, sem deixar dúvida na sua definição, a consagração e marcar pelo referido sacramento naquele, cujo nome é pronunciado com persuasão, transparência e esmero. As três pessoas são nomeadas, evidentemente, no batismo como pessoas divinas, porque o batismo é uma consagração a Deus, que ao Filho e ao Espírito Santo é atribuída, na mesma dignidade do Pai, que sem dúvida alguma é Deus.

A despeito da Trindade Santa, os padres da Igreja concluíram o direito que o Filho e o Espírito Santo carregam consigo, que é a mesma essência do Pai, sendo, portanto, os três absolutamente iguais. Dúvidas constataram-se com frequência no decorrer da nossa civilização cristã, a partir da definição teológica acima, depois do Concílio de Niceia[5]. A partir da posição, ou crença, ou mesmo circunstância, essa definição teria sido inserida no Evangelho de São Mateus. Certamente ela é arcaica ou anacrônica e não corresponde ao que é autêntico e verdadeiro, sendo que os antigos manuscritos e traduções atestam o contrário, de um modo inequívoco.

Assim, convém que se diga: suas relações uns com os outros são consideradas como um todo, coiguais, coeternos e consubstanciais. Agora, “cada um é Deus, completo e inteiro”, sendo que toda a obra da criação e da graça é vista como uma única operação comum de todas as três pessoas divinas, que cada uma delas manifesta o que lhe é próprio na Trindade, de modo que todas as coisas são “a partir do Pai”, “através do Filho” e “no Espírito Santo”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

[1] Denzinger – Hünerman. O Deus trino. Pág. 1252.

[2] Lorcheider, Aloísio Dom. Diante de Deus. Pág. 45.

[3] Cantalamessa, Raniero. Subindo ao Monte Sinai. Pág. 35.

[4] Cf. Mt 28, 19.

[5] Concílio de Niceia, 325.

Fotos: Pe. Geovane Saraiva/sertão de Canindé/Aratuba-CE.
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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Pentecostes: o sopro de vida

 Pe. Geovane Saraiva*

O dom da supremacia de Cristo, que, tendo morrido e ressuscitado pela redenção dos homens, encontra sua prova indizível e inexprimível, do ponto de vista da fé, na sua descida sobre os apóstolos, na tarde do domingo da Ressurreição. A subida do filho de Deus aos céus, com a promessa de estar contíguo ao Pai, tem um olhar imorredouro para a humanidade, enquanto esta se dispõe a caminhar, na esperança, rumo à eternidade, mas sem hesitar nem se atenuar em complacências. Eis, pois, o grande desafio, o da presença de Deus, numa íntima mística sem medida, ou excessiva, a ponto de confundi-la com a própria intimidade divina, afastando qualquer dúvida: “Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16, 20).

Essa intimidade é o alento, ou sopro, oriundo do Espírito Santo de Deus, considerando seu impulso vital e fecundo, enquanto temível e misterioso, ao expressar o braço de Deus, como nos assegura o Livro Sagrado (cf. Is 40, 15). Fenômeno inusitado e deslumbrante, sim, seja no envolvimento da criatura humana, seja no envolvimento do mundo e da natureza, nas manifestações ao longo dos tempos, com especial poder, atribuído ao sopro do Espírito Santo, que quer nos ensinar que fomos criados para Deus e que nossa vocação ou destino é o céu, na meritória frase de Santo Agostinho: “Criaste-nos para vós e o nosso coração está inquieto até que repouse em vós”.

O mistério pascal tem seu cume, convenhamos, na ressurreição e na ascensão do Senhor, mas também em pentecostes, como ato convincente e irrefutavelmente conclusivo ao inefável mistério de amor. Quem é aquele que sobe? É o mesmo que desceu e desce. Ele desce, cumprindo a vontade divina, para curar o homem, na sua clemente complacência e inteira indulgência; subiu, para exaltar sublimemente e dignificar a criatura humana. Se ele tivesse sido elevado por si próprio, teria caído em ruínas, mas, como foi o próprio Deus que o elevou no seu mistério incontroverso e inatacável, permanece seguro, imutável e inalterável. Na sua ressurreição, de modo consistente, temos a nossa esperança; já na sua ascensão, estando Jesus à direita do Pai, temos nossa segurança definitiva e duradoura, refúgio da humanidade em todos os tempos (cf. S. Agostinho).

Depois da morte de Jesus de Nazaré, o Espírito Santo desceu sobre a comunidade de Jerusalém, visível em línguas de fogo; todos ficaram cheios daquele mesmo Espírito, que veio do alto e que pelo Pai foi derramado como dom sobrenatural, que, em circunstâncias esplêndidas, quer intervir para realizar milagres no mundo das pessoas. É o Espírito de Deus, com seu sopro de vida, que tudo realiza e deixa sua marca, com rastros de bondade, sendo tudo voltado para o bem, porque o Espírito de Deus é bom. Não devemos esquecer de que as pessoas são chamadas por Deus de uma maneira diferente, numa ação livre, com resposta amorosa e afavelmente terna; do contrário, a vida perde seu verdadeiro sentido. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

Fotos: Pe. Geovane Saraiva/sertão de Canindé-CE.
(CE 065 – Serra do Baturité). Fotografias na ladeira de Canindé/Aratuba-CE.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Charles de Foucauld e o deserto da vida

 Padre Geovane Saraiva*

É do conhecimento de muitos, na civilização cristã, que Jesus de Nazaré confidenciou a São Bernardo que sua maior dor, desconhecida em parte pela criatura humana, é a chaga decorrente do peso de sua cruz salvadora, na seguinte manifestação: “Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro, sobre o qual carreguei minha pesada cruz. Era ela a chaga mais dolorosa de todas, a qual as pessoas ainda hoje não a conhecem”. Fica, pois, o convite para que, por essa chaga, seja Deus honrado e louvado. Confiemos na sua segura resolução e retribuição, de tudo fazer por meio de suas feridas ocultas, na certeza de que nelas se encontram as dores da humanidade.

Em Charles de Foucauld, com seus propósitos concretos de vida no imenso deserto do Saara, temos o encontro e a descoberta progressiva e sempre maior do absoluto de Deus. Neste tempo que precede sua canonização, somos desafiados a percebermos um Deus verdadeiramente amigo, irmão e companheiro. Temos que ter como fundamento sua espiritualidade, do mais profundo do coração, envolvido e mergulhado no mistério de Deus. Nos seus ensinamentos do Evangelho, o da Cruz do Senhor, o deserto quer ser a água miraculosa e redentora para aqueles momentos difíceis, sequiosos e de grande aridez. A solidão, ou aridez, no exemplo do Irmão D’Foucauld, permite-nos continuar a jornada do dia a dia, como sendo algo precioso e raro, uma dadivosa manifestação da bondade afável e terna de Deus: mérito, dom e graça.

Que o Evangelho da Cruz de Charles de Foucauld, aos olhos da fé, ajude o nosso deserto, despojando-nos de tudo o que nos impede de vivermos a proposta do Reino como um tempo de graças especiais. Deus quer se manifestar, abrindo caminhos, animando-nos com o alimento e com a água verdadeira, que, no seu próprio exemplo, fez sair água das pedras ou do rochedo, matando a fome e a sede de sua esposa sedenta: o povo de Israel. Na travessia do primeiro deserto, nota-se que se sucedeu o mesmo na vida das pessoas, mas com sua presença no meio do seu povo, na alegoria de Israel representado como se fosse sua esposa, que nem sempre soube corresponder ao amor de Javé.

Naqueles 40 anos no deserto, com limitações e vacilos pelos caminhos áridos, estéreis e enfadonhos, com Deus abominando a deslealdade e a infidelidade de seu povo, ele não deixou de lançar um didático convite, com o pedido de não endurecer seu coração (cf. Sl 95, 8). Sua promessa, concedendo generosos benefícios, Deus quis contar com a adesão e a aquiescência da esposa: a de andar pelos bons caminhos e observar sua Lei, falando ao coração de sua gente, convocando para a conversão. Que o bem-aventurado Charles de Foucauld interceda a Deus por nós, acompanhando-nos e abençoando-nos em nossos desertos da vida. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
Fotos: Pe. Geovane Saraiva/sertão de Canindé-CE.
(CE 065 - Serra do Baturité). Fotografias na ladeira de Canindé/Aratuba-CE.

Nossa mesa comum, a da Eucaristia, do pão descido do céu

Paróquia Santo Afonso
Parquelândia - Fortaleza - Ceará
Fotos: Padre Geovane Saraiva (28/06/2018).


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Oração: Dom Helder - Mystic and Gift of Peace


Em inglês:
O God Most High, All-Good and most tender, who wished to reveal Yourself in all Your fullness, by the generosity, donation, renunciation and creativity of your servant Dom Helder Camara. Now living the expectation of beatification and canonization of Your Mystic and Gift of Peace, pray we with humility and in trust that You come to the rescue of humanity, amidst all the injustice, pain and anguish of all kinds through which all human beings and the universe live. May our good God be ever more praised by the Servant of God Dom Helder, instrument of Your peace and Your love. In the words of the Holy Father, Pope Francis: "In the end, we shall find ourselves face to face with the infinite beauty of God and we’ll be able to read with joyful wonder, the mystery of the universe, of which we will take part in plenitude without end "(“Laudato Si “, 243), in the most vivid hope, Father, that we have to see all things renewed. Through our Lord Jesus Christ your Son, in the Unity of the Holy Spirit. Amen. Our Father, Hail Mary and Glory Be.
Father Geovane Saraiva Pastor of St. Alphonsus, Parquelândia - Fortaleza - CE
Prayer is not official.
Tr.: Daniel Godoy Lopes

Em espanhol:
¡Oh altísimo, buenísimo y tiernísimo Dios! Tú que quisiste revelar en toda su plenitud la generosidad, donación, renuncia y creatividad de tu siervo Don Hélder Cámara. Viviendo ahora la expectativa de la beatificación y canonización de su mística y don de paz, te suplicamos con humildad y confianza que vengas en auxilio de la humanidad; de las injusticias, los dolores y las angustias de toda naturaleza que pasa cualquier criatura humana y todo el universo. Que nuestro Buen Dios sea siempre alabado a través de tu Siervo Don Hélder, instrumento de Tu paz y de Tu amor. Usando las palabras del Santo Padre, el Papa Francisco: “Al final, nos encontraremos cara a cara frente a la infinita belleza de Dios y podremos leer con feliz admiración el misterio del universo, que participará con nosotros de la plenitud sin fin” (Laudato Si, 243) con la más viva esperanza, Padre, de ver renovadas todas las cosas. Por Nuestro Señor Jesucristo, Tu Hijo, en la unidad del Espíritu Santo. Padre Nuestro, Ave María y Gloria a Dios. 
Padre Geovane Saraiva
Pároco de Santo Afonso, Parquelândia - Fortaleza – CE
Esta oración no es oficial.
Tr. Gerardo Bassi, Buenos Aires - Argentina


Em francês:

Dom Helder: béatification et canonisation de votre mystique et don de la paix

Dom Helder: instrument de votre  paix et de  votre amour:

O Dieu Très-Haut,  bon et  tendre qui  voulu se révéler dans toute sa plénitude, dans la générosité, le don, le renoncement et la créativité de votre serviteur Dom Helder Camara. Qui vit maintenant dans l'attente de la béatification et de la canonisation de votre mystique et don de la paix, prier avec humilité et confiance en toi de venir  au secours de l'humanité dans les injustices, les douleurs et les angoisses par lesquelles passent l'être humain et l'univers. Que notre bon Dieu soit de plus en plus loué par son Serviteur  Dom Helder, instrument de votre  paix et de  votre amour. Dans les paroles du Saint-Père, le Pape François: «Á la fin , nous serons face à face avec la beauté infinie de Dieu et nous pourrons  lire avec émerveillement , le mystère de l'univers, qui fera partie de nous dans la plénitude sans fin »(Laudato Si ', 243), dans le plus vif espoir, Père, nous voyons toutes choses renouvelés. Par notre Seigneur Jésus Christ, ton Fils, dans l'unité du Saint-Esprit. Amen. Notre Père, Je vous salue Marie, Gloire à notre Père.
*07/02/1909 +27/08/1999 - Servo de Deus: 03/05/2015

Autor: Pe. Geovane Saraiva
Pároco de Santo Afonso, Parquelândia - Fortaleza – CE
T. Hervé Tassigny [hervetass@gmail.com]

Em italiano:
Preghiera per l'intercessione di Dom Helder Camara
O Dio altissimo, buonissimo e tenerissimo che hai voluto rivelarti in tutta la Tua plenitudine, nella generosità, donazione, rinuncia e creatività del Tuo Servo Dom Helder Camara. Vivendo ora l'aspettativa della Beatificazione e Canonizzazione del Tuo mistico e Dom della Pace, Ti chiediamo con umiltà e fiducia che vieni in soccorso dell'Umanità, nelle ingiustizie, dolori e angoscie di ogni natura di cu passa la creatura umana e tutto l'Universo. Che il nostro Dio di bontà sia sempre lodato per mezzo del Servo di Dio Dom Helder, strumento della Tua pace e del Tuo amore. Condividendo le parole del Santo Padre Papa Francesco: "..In attesa di quel ultimo giorno, ci incontreremo faccia a faccia con l'infinita bellezza di Dio e potremo leggere con gioiosa ammirazione il mistero dell'Universo, che parteciperà insieme a noi della pienezza senza fine"(LaudatoSi', n.243), con la più viva speranza, O Padre, di vedere tutte le cose rinnovate. Per il nostro Signore Gesù Cristo Tuo Figlio, che è Dio, nell'Unità dello Spirito Santo. Amen. Padre Nostro, Ave Maria, Gloria al Padre
*07/02/1909 +27/08/1999 - Servo de Deus: 03/05/2015

Padre Geovane Saraiva
Parroco di Sant'Alfonso (Santo Afonso), Parquelandia - Fortaleza - Ceara (CE)
La preghiera non è ufficiale
Traduttrice/Interprete Portoghese-Inglese. Docente Scuola dell'Infanzia...
Filomena Gallo [filomenamaestra@hotmail.it]. Napoli Italy.

Em português:
Oração: graças por intercessão de Dom Helder Câmara*

Livro: Padre Geovane
Saraiva
Ó Deus altíssimo, boníssimo e terníssimo, que vos quisestes revelar em toda vossa plenitude, na generosidade, doação, renúncia e criatividade do vosso servo Dom Helder Câmara. Vivendo agora a expectativa da beatificação e canonização do vosso místico e Dom da Paz, suplicamos com humildade e confiança que venhais em socorro da humanidade, nas injustiças, dores e angústias de toda natureza por que passa a criatura humana e todo o universo. Que o nosso bom Deus seja sempre mais louvado, através do Servo de Deus Dom Helder, instrumento da vossa paz e do vosso amor. Usando as palavras do Santo Padre, o Papa Francisco: “No fim, encontrar-nos-emos face a face com a beleza infinita de Deus e poderemos ler, com jubilosa admiração, o mistério do universo, o qual terá parte conosco na plenitude sem fim” (Laudato Si', 243 ), na mais viva esperança, ó Pai, de vermos todas as coisas renovadas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém. Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

Pe. Geovane Saraiva
Pároco de Santo Afonso, Parquelândia - Fortaleza – CE
*A oração não é oficial

No Rio de Janeiro - Link:

terça-feira, 11 de maio de 2021

A melhor parte: livro do Pe. Geovane Saraiva

“A melhor parte”, com prefácio de Dom Zanoni,
Arcebispo de Feira de Santana-BA.
"(...). Há mais de 20 anos o autor, compreendendo a humanidade de Jesus, considerada como a verdadeira manifestação do divino, tem nos oferecido uma palavra de esperança, de paz e de justiça, tendo presente a concretude da vida das pessoas, ajudando-nos a integrar em nossa existência duas dimensões fundamentais da nossa espiritualidade – a ação e a contemplação – de sermos como Marta e Maria na gestação de um novo mundo, sinal do Reino definitivo". Capa: Jânio Lopes







 




sábado, 8 de maio de 2021

Podcast: Jamais se esquecer das mães

 



Por Pe. Geovane Saraiva



Jamais se esquecer das mães

 Na inesgotável bondade de Deus com a humanidade; no contexto eminentemente terno e afável, que jamais nos esqueçamos de nossas queridas mães.

Por Geovane Saraiva*

No mês dedicado às mães, que nossas preces subam fervorosas aos céus, na intenção de nossas queridas mães. Preces essas associadas, evidentemente, à nossa mãe Maria, uma mãe comum de todos os seres humanos.

Que a seu exemplo, cresçamos na disposição de acolher o projeto amoroso de Deus. De Maria, e com ela, aprendamos a ouvir, no silêncio, a voz de Deus, sempre querendo falar, lá no mais profundo do nosso coração, e ao mesmo tempo agradecidos a Ele pelo dom da vida como um todo, voltando-nos, neste mês de maio, para nossas queridas mães: as vivas e as falecidas.

Maria, mulher que soube recorrer a quem podia socorrer diante da aflição, quando o vinho veio a faltar, indicou-nos, já naquela ocasião, a aflição e o caminho da cruz, inseparáveis da vida de nossas queridas mães. Como é maravilhoso ver o vigor e a força de uma mulher-mãe! “Maria, toda bela, toda pura, toda santa, a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de seu povo, a nossa honra, garantindo o pleno êxito da redenção pela sua íntima participação na obra redentora de seu Filho". Na inesgotável bondade de Deus com a humanidade; no contexto eminentemente terno e afável, que jamais nos esqueçamos de nossas queridas mães.

Que a confiante súplica elevada ao Senhor Deus, neste Dia das Mães, seja na intenção de animar e de melhor compreender nossas mães, tendo, no coração, a serenidade, a disponibilidade, o silêncio e a alegria de Maria. A grande verdade, de acordo com o projeto indizível de Deus, é de que a Santa Mãe de Deus, inegável glória do gênero humano, se encontra junto a Ele. E, na comemoração do Dia das Mães, que venha sempre, e cada vez mais, a firme convicção de acolher o convite de dar continuidade à vontade do Pai, inaugurado por Jesus de Nazaré.

Contemplamos o Senhor ressuscitado, lá no céu ao lado do Pai, mas com o nosso olhar voltado para a humanidade, direcionado para nossas queridas mães! Que elas participem de um convívio harmonioso, não só neste mês de maio, mas sempre, ofertando ao mundo muitos e bons frutos! Mães, parabéns!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

terça-feira, 4 de maio de 2021

Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro

Padre Geovane Saraiva*

Jesus de Nazaré, o homem histórico, que cito de propósito nas reflexões pastorais, nasceu em Belém, cresceu e viveu neste mundo bastante concreto, sendo obediente às leis de seu tempo. De uma família de gente e pessoas humanas, participou de conflitos e clamores de sua sociedade e partilhou também da esperança e realidade de seu povo como qualquer outra pessoa. No seu tempo, a partir do contexto histórico do seu nascimento, não existia o costume de usar sobrenome ou nome para falar de pessoas. Era hábito natural falar da cidade e lugar onde a pessoa tivesse nascido ou vivido, ou quem eram seus pais. Escutamos, nos Evangelhos, Jesus sendo chamado com os seguintes nomes: Jesus de Nazaré; Jesus, o Nazareno; o filho do carpinteiro. “Ele foi habitar na cidade de Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2, 23).

O fim último do homem, em meio a tudo o que é obscuro, no que diz respeito às suas origens, é o de debruçar-se ou ocupar-se de sua sabedoria, na sua condição humana, à luz da fé, que o futuro lhe reserva, a partir de Jesus de Nazaré, revelação do que de mais humano existe em Deus e o que de mais divino existe na criatura humana. Em Jesus de Nazaré reside o poder de realizar milagres, identificado e tendo à sua disposição, de modo soberano, o poder do Pai. Na sua palavra, que é eterna, Jesus de Nazaré é maior do que o rei Salomão, é maior do que o templo, Ele que conhece o Pai, numa convivência de laços estreitados e íntimos, a ponto de afirmar: “Eu e o Pai somos um”, com sua têmpora, conduta, índole e natureza elevadamente divina, mas de uma vida comum e harmônica das duas pessoas, se assim posso afirmar.

Sendo real e histórico, e de condição humana, sem querer entrar naquele Jesus de Nazaré, o da fé, mas, sim, no filho do carpinteiro que viveu a mesma vida dos seres humanos sobre a terra, sua contribuição maior foi presentear Deus à humanidade. Como filho de Deus, tornou Deus visível, mas no sentido autêntico e verdadeiro, como na assertiva do teólogo Joseph Ratzinger: “Ele quer rasgar a cortina; ele quer saber o que acontecerá para escapar do mal e para ir ao encontro da salvação”. E enfatiza mais, a respeito das religiões: “Não estão apenas ordenadas para o futuro; as religiões procuram, de certo modo, levantar o véu do futuro. Elas são importantes precisamente porque sabem mediar sobre o que há de vir e podem, assim, indicar ao homem o caminho que deve tomar para não fracassar. Por isso é que praticamente todas as religiões desenvolveram formas de visão do futuro”1.

Jesus de Nazaré falou em alto e bom tom no sentido da vida, da liberdade dos filhos de Deus, e pelo anúncio do amor como bem maior e supremo, num não aos sinais de morte e num sim à vida, ao clamar por justiça, fraternidade e paz, indo até as últimas consequências. A bondade ilimitada de Jesus de Nazaré comprova os Evangelhos, na característica determinante de seu coração, sensibilizado e compungido nas dores da humanidade, como nos assegura o apóstolo Pedro: “Ele passou por toda parte fazendo o bem a todos (At 10, 38); curou os doentes e se compadeceu dos pecadores” (Mt 8, 16-17). Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

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1 Joseph Ratzinger, Bento XVI, Jesus de Nazaré, p. 21   


sábado, 1 de maio de 2021

Uma oração para ajudar a lutar contra a depressão

Heinrich Hofmann | Public Domain

Anna Ashkova - publicado em 30/04/21 https://pt.aleteia.org/

A oração é uma arma preciosa para evitar os momentos de escuridão. Se você se sentir deprimido você pode recitar a oração de Marie Noël

Em caso de cansaço ou tristeza repentina, reze ao Senhor a oração “Meu Deus que nos trazes água todos os dias” de Marie Noël, poetisa francesa e escritora profundamente católica. 

Esta oração fervorosa e cheia de intensidade o ajudará a se livrar de toda depressão em favor da busca pela felicidade que se encontra em Deus.


Meu Deus que nos trazes água todos os dias da fonte,

A primavera corre, a primavera foge;

Espaços ao vento a seguir seu curso,

E o vento que galopa durante a noite;

Dê-me algo para sonhar e cuja mente divagar

Do sonho do amanhecer ao sonho da noite

E quem me escutar interminavelmente falar da terra

Com o céu rosa, com o céu negro.

Me dê algo para cantar, pobre poeta

Para quem tem pressa que vem, vai, vem

E quem não tem tempo para ouvir em suas cabeças

Os ares que a vida e a morte fazem ali.

Mas se você quer meu Deus que para os outros eu diga

A canção da felicidade, a canção mais bonita,

Como vou fazer eu que não a aprendi?

Vou apenas inventar uma falsificação.

Dá-me felicidade, se eu tiver que cantar,

O que é apenas para vislumbrar o que todos sabem sobre isso,

Apenas o suficiente para fazer minha voz tocar,

Nada além de um pouco, quase nada, para descobrir o que é.

Um pouco – tão pouco – o que resta de ouro em pó

Ou flor de farinha na ponta do dedo mínimo,

Nada, nem mesmo o suficiente para encher meu dedal…

No entanto, o suficiente para preencher o mundo.

Amém