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domingo, 31 de janeiro de 2021
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
A Graça da Sabedoria
Dedico esse artigo ao padre Geovane Saraiva, a quem muita me ensina e me guia em busca da Verdade.
Daniel Vasconcelos Bastos*
Isso lembra os Evangelhos e toda a Sabedoria de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mais do que o profundo conhecimento e a grande humildade, Ele soube fazer a vontade do Pai. Eis a grande Sabedoria: seguir os passos Daquele que sabe o melhor caminho. Nós, meros mortais, jamais iremos trilhar igualmente esse caminho por nossa essência de humanidade. Mas é justamente a queda que nos mostra que temos muito a melhorar e a superar momentos de fraqueza, como dizia o Apóstolo: “Quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2Cor 12,10).
Hoje comemora-se o dia de Santo Tomás de Aquino e, não por acaso, falo sobre sabedoria no dia desse santo. Ele que, como poucos, soube estudar e, mais do que isso, colocar seu ensinamento a serviço da doutrina cristã, a serviço de Deus. Que graça enorme de poder estudar as palavras e aprendizados desse Santo, de poder procurar a verdadeira Essência, principalmente, nos mais abandonados, como fez São Francisco de Assis e o Bem-Aventurado Charles de Foucald! Profundo devoto do Doutor Angélico, padre Antonin-Dalmace Sertillanges escreve na sua obra-prima “A vida intelectual”: “O intelectual não é filho de si mesmo; é filho da Ideia, da Verdade eterna, do Verbo criador e animador [...]. Quando pensa bem, o pensador segue os caminhos de Deus”.
Busquemos o conhecimento, a Verdade, meus irmãos! E mais importante ainda do que buscar é disseminar esse conhecimento para aqueles que mais necessitam, para aqueles que ainda estão presos na escuridão da caverna da ignorância! Que a Virgem Santíssima e Santo Tomás de Aquino possam interceder por nós durante essa jornada! Amém.
*Estudante do curso de Psicologia na Universidade Estadual do Ceará
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
Alma pequena, jamais!
Padre Geovane Saraiva*
Portanto, jamais devemos prescindir da sabedoria encarnada de Deus Pai, no Filho Jesus, em sua essência, no sentido mais elevado, com muita lucidez, de alma grande e aberta, ao sonho de justiça, paz e fraternidade. Devemos compreender, viver, perseguir e também não hesitar, neste mundo tão complexo, sem ignorar os sinais da diversidade. Não se pode mesmo dispensar a proposta da instauração do Reino de Deus, nos estigmas da violência e da miséria, da intolerância e do preconceito. Hesitar, sim, para não incorrer na mediocridade, como afirmou Dom Helder: “Das barreiras a romper a que mais custa e a que mais importa é, sem dúvida, a da mediocridade”.
No mundo dos empobrecidos, dos marginalizados, dos esquecidos, percebe-se, em nossos dias, uma acentuada tentativa – mesmo dentro da Igreja hierárquica – de se negar sua ação a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) e final do segundo milênio, quando esta tem se voltado, através do povo de Deus – religiosos e religiosas; padres e bispos –, imbuída do mais elevado espírito profético, como na frase célebre de Dom Aloísio Cardeal Lorscheider: “A Igreja é e deve ser essencialmente comunidade de fé e de luta, construindo laços fraternos de verdade, não apenas agregar multidões e entretê-las”.
Persistência, sim, para que ninguém e nada possa aprisionar o que temos de mais sagrado: o de cultores da liberdade de filhos de Deus, com desempenho evidente, notável e perceptível neste mundo contraditório, além da pregação afinada e harmônica em comunhão com a Igreja Universal, na fé lúcida e na esperança profética, curvando-se no quanto for preciso, dizendo sim à vida como dom e graça. Quero me valer do poeta maior, Fernando Pessoa, que de verdade, em nossos bons propósitos, na vontade de edificar o Reino de Deus, não nos deixou dúvida alguma, porque “nossa alma não é pequena”.
Sendo assim, temos a distância quilométrica de gente da Igreja hierárquica, de “alma apequenada”, nos acentuados equívocos, mesmo aqui no Brasil, com parcos argumentos e fracos conteúdos, de alma e coração minúsculos. Com um elevado grau de arraigado fundamentalismo, terraplanismo e negacionismo, contraria a proposta inclusiva de Jesus de Nazaré, na sua novidade e anúncio maior: o Reino de Deus. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
O tempo é de Deus
Padre Geovane Saraiva*
O Brasil, das asneiras, rasteiras e impropérios, revela-se atualmente – e com muita nitidez – nos principais personagens que estão à frente do nosso destino, quase que desequilibrados, assemelhando-se ao que é vulgar e pueril na nossa querida República. A partir de um Deus que nos assegura ser tudo em todos, cabe aos cristãos desconstruir essa tão desprezível faceta – deplorável, ignóbil, sórdida e mesquinha. Deus, no seu terno projeto de amor, nos quer completamente diferentes, na busca de uma vida em que sejam percebidas as marcas da gentileza e da civilização do amor, desconstruindo, sim, aqueles que, além de renderem culto à ignorância, persistem em normatizá-la, num negacionismo monstruoso, inclemente e nefasto. Deus nos criou para uma única coisa: a vida, com seu dom maravilhoso! Ele enviou seu Filho Jesus ao nosso mundo para que todos experimentemos esta vida.
Mesmo com poucos ou quase nenhum
referencial, ou figura exemplar, o tempo é de Deus. Eis, pois, o desafio de dar
um viva à vida. Temos consciência de que não é fácil responder com um sim
corajoso e profético, nos nossos dias, por causa da tirania do tempo, e importa
combater essa tirania, no sentido de bem organizarmos o nosso tempo, numa
resistência ativa, com clara prioridade para o bem que nos cabe fazer,
organizando-o, e, acima de tudo, num não aos “afazeres”, contrário ao belo e ao
maravilhoso no tempo de Deus.
Em Jesus, sacerdote
grandiosíssimo, sem lisura e inocente, não hesitemos, no sentido da obediência,
mesmo diante de incontáveis derrotas e poucos resultados. Inspiremo-nos na
resposta de Pedro a Jesus: “Por causa da tua palavra, lançarei as redes” (cf.
Lc 5, 5). Ele escuta Jesus de Nazaré, no imperativo de avançar para as águas
mais profundas e lançar as redes.
No atual contexto de sinais de
morte, sobretudo pela Covid-19, não se deve usar de preconceito para pessoa
alguma, mesmo para baixo, consciente de que não é fácil a vida, que tenhamos a
mesma confiança de Pedro, acolhendo generosamente a voz do Mestre. Temos muitos
companheiros; com eles lancemos as redes, confiantes no milagre da pesca, com
bons, extraordinários e maravilhosos resultados. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e
integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
O absoluto em Charles de Foucauld
Padre Geovane Saraiva*
Grande
é a graça, enorme, sem igual para o mundo, com Charles de Foucauld, canonizado
pelo Papa Francisco, na Liturgia de Pentecostes de 2021, tudo a partir de Jesus
de Nazaré, ao fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo
sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a
fim de expiar os pecados do povo (cf. Hb 2, 17). Encanta-nos o fascínio das
referidas criaturas humanas, vendo nelas a face terna e afável de Deus,
tornando-as inexorável e radicalmente humanas, como nas palavras do escritor:
“Dois homens de tempos tão distantes entre si, mas que se aproximam, de modo
extraordinário, de um encanto comum: o fascínio pelo mistério da encarnação e o
modo apaixonado e terno a seguir os passos daquele que, sendo Deus, assumiu
nossa humana fragilidade”.
“A cada
um de nós foi dada a graça na medida do dom de Cristo” (cf. Ef 4, 7). Em
Cristo, segundo sua vontade, no seu projeto de amor, se concede o presente da
graça para cada batizado, realizando, de um modo progressivo e passo a passo,
nele uma mudança, transformando-o em “nova criatura”. Que Francisco de Assis e
Charles de Foucauld nos façam compreender melhor a loucura do mundo, como na
compreensão profética de Dom Helder Câmara: “Quando os problemas se tornam
absurdos, os desafios se tornam apaixonantes”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sábado, 9 de janeiro de 2021
Jesus não precisava ser batizado
Jesus não precisava ser batizado e não portava no seu interior nenhum pecado, mas carregou consigo os pecados da humanidade, na perfeita realização da vontade do Pai. É o esplendor messiânico, proclamado como verdade pelo profeta Isaías, ao afirmar: "Eis o meu servo, nele se compraz minha alma" (cf. Is. 42), mostrando aqui claramente nossa missão, decorrente do batismo. Para que sejamos pessoas marcadas pela graça de Deus, no anúncio e no testemunho, com a tarefa de mudar a realidade de pecado e injustiça, significa fermentá-la e transformá-la em uma nova lógica e uma nova civilização, nos sinais de esperança e solidariedade, provado no mundo, através da vivência de nossa fé.
É Deus mesmo a envolver a criatura humana no irrefutável mistério de amor, que, pelo batismo, inicia-se aqui e agora, à medida que o ser humano se configura com Jesus de Nazaré e, com Ele, de modo determinado, experimenta sua graça no esforço de ser nova criatura, no Filho amado do Pai, associado ao cumprimento da vontade de Deus para com a humanidade. Assim seja!
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
quinta-feira, 7 de janeiro de 2021
Lado vulnerável e desprotegido
Padre Geovane Saraiva*
Logo que li uma matéria, no domtotal.com, sobre Dom Alberto Taveira, fiz o seguinte comentário nesse site: “Que a verdade e a justiça prevaleçam”. O referido arcebispo disse que foi acusado de “crimes” de ordem moral, mas não ficaram claros esses crimes. Muito triste, sendo ele o maior referencial da Igreja da Amazônia, já tão sofrida, de quem só se esperavam coisas edificantes, tendo que sair em sua própria defesa. Lembro-me, vivamente, do nosso saudoso bispo, Dom Aloísio Lorscheider, ao se dirigir aos padres novos: “De vocês, padres, o povo só espera o que é bom e edificante”. Torço para que não seja mais “fogo” a queimar a bela região amazônica, muito querida por Deus.
Infelizmente, encontra-se o outro lado, vulnerável e desprotegido: jovens na sua inocência, com prejuízo e marcas indeléveis, vindas de quem só se esperava o que era elevado e construtivo. Não se pode jamais esperar de um arcebispo, num discernimento vocacional, ensinamentos que causassem dúvidas, destruindo-lhes o excelso imaginário, já no seu íntimo sagrado. Acho uma prática abominável também o uso de seu poder de arquiepiscopal para se defender, com todo o seu aparato, mantido pelo povo de Deus. Dois pesos e duas medidas. Em sendo verdade, que venha a justiça divina, mas num processo paritário, segundo o mesmo Evangelho que o Senhor arcebispo se esqueceu de citar: “E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço” (cf. Mc 9, 42).
Na condição de pessoa exemplar e referencial, com raízes no que asseverou Santo Agostinho: “Para vós sou bispo, convosco, sou cristão”, o bispo deve ser visto como um irmão solícito e afável, que, ao se encantar com o projeto de Jesus de Nazaré, sendo seu seguidor ardoroso, mas na benfazeja aventura de instaurar o Reino na diocese, uma porção do Povo de Deus. Cabe ao bispo, de um modo coerente, o encargo de ensinar como mestre na fé, governar como pastor e santificar como sacerdote, no esforço constante de viver unido e não se afastar do sonho de Jesus, o bom pastor, no alegre e esperançoso anúncio do bem supremo: a salvação. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sábado, 2 de janeiro de 2021
sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
No dogma da maternidade de Maria
Padre Geovane Saraiva*
Na Solenidade da Santíssima Mãe de Deus, na sua maternidade divina, dogma solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.), voltemo-nos para Deus com toda honra e glória, ele que é Senhor do tempo e da eternidade, pela chegada de sua promessa salvífica. Que seja irrecusável para todos a acolhida da proposta de Deus, de se pensar no verbo que se fez carne, mas a partir do coração contemplativo de Maria; esse mesmo coração quer dos cristãos o mais elevado sentimento, pela presença do bom Deus entre nós, presenteando-nos com a graça do testemunho, mas numa admiração e apreço reflexivos, comprometidos como bons educadores de fé e esperança.
Maria, verdadeira Mãe de Deus, no contexto maior de sua Virgindade Perpétua, Conceição e Assunção, a despeito de seu Filho, visivelmente pobre, está presente na vida dos seres humanos e configurado na própria história humana, incontestavelmente nossa maior fonte de bênçãos e patrimônio, indicando-nos com todas as letras, entre os diversos caminhos, o verdadeiro caminho. Que Deus nos proporcione, em 2021, a graça da liberdade de sermos seus filhos queridos, como caminheiros no bom caminho, longe de toda e qualquer escravidão, usando bem os bens perecíveis, mas vigilantes, sem fechar os olhos diante do abismo frontal da vaidade e do apego aos bens materiais, tão presentes, mesmo na Igreja hierárquica.
O Papa Francisco encerrou o ano de 2020, afirmando que “o mundo precisa de esperança”, numa catequese onde refletiu sobre “a oração de ação de graças”. Esperança, amigo leitor, na confiança e plenamente agradecidos, identificados pelo grande amor de Deus por nós, pelo bom Senhor, que nos quer destemidos e com disposição interior, recordando-nos o ano que passou, mas que a vida consiste em passado, presente e futuro (cf. Hb 13, 8), não nos esquecendo de que temos que colocar o futuro, do ponto de vista da fé, nas mãos de Deus como algo profundo, misterioso e inescrutável, na persistente obstinação da esperança que não burla nem confunde, mas faz viver.
Que a Santa Mãe do Príncipe da Paz, Maria, nos coloque bem no eixo central da nossa vida, em meio ao mistério, no contexto da própria exclusão da família de Nazaré, mas numa dinâmica de quem quer aprender e crescer, como nas palavras do Livro Sagrado: “Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 25). Que o Filho de Deus, que viveu a nossa mesma condição, de gente e criatura humana, dando aqueles mesmos passos, próprios da vida humana, na espera do tempo apropriado à missão, nos ensine que a missão, de acordo com Dom Helder, é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).