quinta-feira, 30 de junho de 2022

Da lágrima à alegria

 Pe. Geovane saraiva*

O verdadeiro discípulo – ou seguidor – de Jesus de Nazaré, obediente às ordens da vontade divina, ao degustar daquela energia auspiciosa do poder de Deus, descobre e aprende, pela graça libertadora, que a esperança na vida em Deus tem sua diferença. Nós, que nascemos por ordem divina, pela mesma vontade misteriosa da sabedoria, somos conduzidos também pelo desígnio e pela ordem suprema e seremos restituídos à terra por causa dos limites e das contradições, contingências humanas.

Temos o desejo de encontrar, na finitude das coisas, a infinitude do Cristo Senhor, presente na vida humana, livrando-nos dos laços do mundo e dos laços do corpo, já participando aqui do começo do seu reinado. Na fé, não dispensar a completa clareza, de que salvos seremos, pois, pela morte do Filho Unigênito de Deus, por vosso chamado, acordaremos para a vida feliz e definitiva: a reconciliação, sendo “novas todas as coisas”.

Que Deus nos dê a graça de sempre e cada vez mais compreender a vida humana na face da terra, no seu clamor, acompanhado de lágrimas e gemidos, sendo realidade deplorável de oceanos, rios, florestas e de tudo que aqui contraria o projeto santo de Deus, indo à beira do abismo, sendo a humanidade desafiada a sair da indiferença, de fazer sua parte, sem contar com outro caminho ou alternativa, não se dispensando o referencial e legado de Francisco de Assis, entre outros, o irmão fascinado por Deus e por suas criaturas.

Foi Deus, autor da vida, que quis que seu Filho Primogênito, médico dos corpos e das almas, assumisse nossas enfermidades e todos os males contidos no mundo, para nos socorrer na hora das provações; também santificar e confortar as pessoas na experiência da angústia e da dor. É a nossa parcial bondade que clama pela existência da bondade infinita. O nosso poder relativo vocifera ou conclama pela existência da onipotência. A nossa humanidade grita pela divindade, na expectante confiança de que, pelo Espírito de Deus, se chegue à prometida vitória pascal. Amém!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF). 


sexta-feira, 24 de junho de 2022

Dia do Papa

 Pe. Geovane Saraiva*

Convém sempre recordar que, para nós, católicos, o nome “papa” é sempre mais comum e mais usado, quando falamos do Santo Padre, que, em grego, quer dizer “pai”: pai dos amigos de Jesus e de todos aqueles que abraçam a fé, no desejo de viverem e de serem coerentes com o seu compromisso batismal, realizando a vontade do Pai, em uma bela e rica experiência do amor de Deus, ao seguir Jesus de Nazaré. O múnus do Sucessor de Pedro, que lhe foi confiado por Deus, é o de fazer valer as verdades da fé, confundindo-se céu e terra, numa misteriosa troca de dons.

Na solenidade de São Pedro e São Paulo, comemora-se o Dia do Papa. Assim, que a oração dos cristãos suba aos céus pelo Papa Francisco, Bispo de Roma, a quem, no decorrer da história, os cristãos aprenderam a chamar com vários títulos, tais como: Vigário de Cristo na Terra, Pastor Universal, Romano Pontífice, Sumo Pontífice, Augusto Pontífice, Sucessor de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, Santo Padre, Sua Santidade, Chefe Visível da Igreja, Patriarca do Ocidente, Primaz da Itália e ainda Servo dos Servos de Deus. 

A respeito de Jesus de Nazaré, razão de ser da existência humana, pois tudo nele é consistente e subsiste, eis a opinião da comunidade em território pagão, que representa já muita coisa, não sendo suficiente aquilo que o povo imagina. Aqui Jesus quer mais; quer o testemunho dos apóstolos sobre sua pessoa, tendo no diálogo Pedro, o porta-voz, com incisiva resposta: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 17). Pedro ficou responsável pela primitiva comunidade eclesial; Paulo ficou na condição de Apóstolo dos Gentios, com sublimes e elevadas funções, como as vemos, distintas e diferenciadas, na instauração do Reino de Deus. Os dois plantaram a boa semente do Evangelho, na mais ousada investida do bom combate pela fé.

Aos domingos, os filhos da Igreja contam com a tradicional oração mariana do Angelus, na Praça de São Pedro, quando o Augusto Pontífice exorta os católicos do mundo inteiro. Somos sempre convidados a comungar do múnus do Sucessor de Pedro, na busca da verdade, sintonizados com uma misteriosa troca de dons, na esperança do novo céu e da nova terra. Que a humanidade não se afaste da energia vigorosa das palavras e do testemunho do Papa Francisco, ao reavivar o dom da fé, no avançar para as águas mais profundas - Duc in Altum (cf. Lc 5, 1-10).

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sábado, 18 de junho de 2022

Acordar o povo do sono

 Padre Geovane Saraiva*

Deus, no seu desígnio redentor de salvar o mundo, contou com a figura ímpar de João Batista, escolhido para ser o elo entre o Antigo e o Novo Testamento, vindo aplainar os tortuosos caminhos, quando da chegada do Messias. Daí muita gente se alegra com o nascimento da incomparável criatura humana. Jesus, coberto de razão, afirmou como sendo ele mais que um profeta, o maior entre os nascidos de mulher (cf. Lc 7, 26), com as mais elevadas características de sua missão divina, estabelecendo-o como precursor e luz das nações.

Mais do que nunca, devemos prescindir do espírito de São João Batista, que denuncia caminhos sinuosos, curvos e falsos, como nas palavras do profeta: “Eu te constituí hoje sobre reinos e povos com poder para extirpar e destruir, para devastar e derrubar, para construir e plantar” (Is 1, 10). O misterioso projeto de Deus, a respeito da salvação da humanidade, passa por São João Batista, que, na alegria do seu nascimento, já deixa óbvio que somos chamados a percorrer os caminhos do Senhor.

Desse modo, inspirados na figura do glorioso São João Batista, defensor da verdade e da justiça, na promessa de tempos bons e de um futuro muito promissor para a humanidade, que saibamos, conscientemente, olhar o mundo longe dos traços de profundas desigualdades, com o mesmo olhar e sonho do precursor. Nele nossa esperança está no seu prenúncio de tempos novos e messiânicos, na instauração do Reino de Deus, sendo a humanidade chamada a travar aquele atlético e forte duelo: sair das trevas e experimentar, com grande disposição, a luminosidade verdadeira, luz esta dadivosa e misteriosa, ao exultar com a chegada do Salvador da humanidade, na revelação do Cordeiro redentor, aquele que tira o pecado do mundo.

Seu grande trunfo consistiu no anúncio da vinda do Cordeiro de Deus, e também no vibrante convite de acordar o povo do sono, muitas vezes profundo. Ele nos ensina o caminho da justiça e da solidariedade, em seu legado maior: que lutemos a favor da vida, fazendo-nos um com Deus, no ânimo e no destemor de descer ao doloroso abismo, no qual se encontra a humanidade, na esperança do verdadeiro amor.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).


terça-feira, 14 de junho de 2022

O Mistério da Nova Aliança

 Pe. Geovane Saraiva*

A presença real de Jesus Cristo nos sinais do pão partilhado, Corpo e Sangue de Cristo, e mistério da Nova Aliança, pela celebração da Eucaristia, quer nos indicar verdadeiramente, no dia de Corpus Christi, o milagre de fazer da contraditória vida humana uma Eucaristia contínua e douradora. Uma permanente ação de graças, a partir do Mistério da Eucaristia, ou transubstanciação como dogma, chama a nossa atenção e nos faz pensar, a partir do sólido fundamento do edifício eucarístico, na festa de Corpus Christi, na ceia, sacrifício do Cordeiro imolado.

É importante que fique sempre e cada vez mais evidente que as substâncias do pão, no corpo de Jesus, e do vinho, no mesmo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecem inalteradas nas espécies do pão e do vinho. Ora, devemos, de modo sobrenatural, nos transformar em Cristo, como o pão se transforma no corpo de Cristo e o vinho, no Seu sangue. É Cristo entrando no nosso mundo, não só para chamar a atenção das pessoas, mas para que todos participem da vida de Deus.

Nosso Deus é solidário e próximo de seu povo; é um Deus comunhão que quer, não só partilhar a vida entre si, mas quer entrar na vida daqueles que abraçam a fé, buscam respeito, acolhida e compreensão solidária. Pela força da eucaristia, numa enorme vontade de superar diferenças e antagonismos, somos chamados a formar uma só coisa; somos chamados a colocar, diante dos olhos e do coração, um Deus que fez tudo por amor, e que também cuida de sua obra, enviando-nos como seus ardorosos colaboradores, pela força de sua palavra.

Pelo Mistério da Eucaristia, que se perceba a voz de Deus a conclamar os cristãos de hoje, alimentados com o pão do céu, dentro da comunidade dos batizados, mas num clamor, e penetrar no coração dos irmãos de boa vontade, assim como foi para a humanidade mistério de amor no decorrer dos séculos. É bastante salutar recordar o que disse Dom Helder: “Quando as palavras somem, quando os cuidados adormecem, quando nos entregamos, de verdade, nas mãos do Senhor, o grande silêncio nos mergulha na paz, na confiança e na alegria”.

Que a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, tão visível nas procissões, manifestação pública de fé dos católicos no mundo inteiro, nos leve a experimentar mais e mais o amor e a bondade infinita de Deus.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Na Trindade, tudo restaurado

Padre Geovane Saraiva*

Na Trindade Santa encontra-se o eixo central da fé e da vida cristã, na revelação de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua plenitude, nos revelou esse excelso mistério, falando-nos do Pai, do Espírito Santo e d’Ele próprio. Longe de pensar numa verdade produzida pela Igreja, mas na revelação do Filho, compreendendo-a como infinito e interminável mistério de amor, verdade exteriorizada pelo próprio Deus. Tomemos a simplicidade de uma criança, na interpelação de Santo Agostinho, enquanto meditava sobre o mistério da Santíssima Trindade: “Eu te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste pequeno poço na areia do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus”.

A História da humanidade se divide em duas partes: antes de Cristo e depois de Cristo. Na encarnação do Verbo, temos o fim de uma era e o começo de outra, com a humanidade peregrinando na História, na qual, nos nossos dias, somos chamados a contemplar Jesus na montanha sagrada, no seu encontro com o Pai, dizendo-nos que devemos ir ao mundo, mas no sentido de transformá-lo. É que Deus nos fala por meio da História e nos chama à conversão, que quer de nós o anúncio da salvação, mas num clima favorável e auspicioso: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5).

Que Deus nos dê um pouco da alma grande e elevada de Santo Agostinho, quando desejarmos encontrar explicações críveis e dignas de aplausos sobre o mistério da Santíssima Trindade; nós, que fomos batizados em nome da Trindade Santa. Reconheçamos, pois, Deus como o Senhor da vida, Pai da criação e de todos. Jesus – Emanuel, Deus Conosco – assegura-nos, como seus seguidores, sua presença em nosso meio, fundamentada nas suas palavras, dirigidas à Igreja na pessoa dos Doze: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio” (Jo 20, 21).

Por Jesus de Nazaré, Deus Pai realiza o sonho da pessoa humana radicalmente livre e pacificada, restaurando a comunhão, dando-lhe resposta e sentido à vida, convencendo-a de que no seu mistério de amor a criatura humana é chamada a um permanente e estreito diálogo, pelo anúncio da esperança e do perdão, na busca da verdade e da paz. Voltemo-nos ao mistério da Santíssima Trindade, pelo nosso modo de viver, identificados com Jesus de Nazaré, na alegria e na confiança de que sua palavra é eterna: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).


terça-feira, 7 de junho de 2022

Fotografias de Geovane Saraiva

 Para os que gostam de fotografias, eu, no final de tarde (14/3/2022): Palácio da Abolição e entorno, Igreja do Líbano, Tibúrcio Cavalcante, com vista para o mar, Clube Náutico, Beira Mar, Mucuripe, com a Igreja São Pedro dos Pescadores, finalizando na Av. Dom Luís, com a Praça Portugal. Peço desculpas, porque foi do interior do veículo, dirigindo e fotografando. Também fotos da praça da Parquelândia e outras mais.
Fotos/crédito: Geovane Saraiva, 14/3/2022