quinta-feira, 26 de maio de 2022

Jesus sobe para o Pai

 Pe. Geovane Saraiva*



Na profissão de fé dos católicos, aprendemos que Jesus subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai. Precisamos, como católicos, entender o que isso significa para nossa fé, porque assim rezamos, mas nem sempre compreendemos em profundidade o que falamos como profissão de fé. A base é o próprio Cristo na sua ascensão. “O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus” (Mc 16, 19). A ressurreição do Filho de Deus é essencial aos seus seguidores e aos marcados pela fé verdadeira, ao acreditar na sua ascensão. É nossa fé que nos assegura que Ele subiu para o Céu após quarenta dias, depois de ressuscitado, por isso mesmo professamos no Credo que Jesus subiu aos Céus. Ele, sentado à direita de Deus, vemo-lo igual ao Pai, na felicidade, no deleito e no regozijo, absorvendo e haurindo dos maiores e melhores tesouros e benesses.

No Filho de Deus que sobe aos Céus, que foi seduzido pela doçura indulgente da vontade do Pai, no final de cada noite e no despontar da aurora no nosso querido bairro, a Parquelândia, deparamo-nos quase sempre com aquilo que há de mais belo, edificante e sublime: o nascimento do Sol. Além de externar a providencial bondade de Deus, entra em cheio – e com toda a sua luminosidade – na nossa Igreja de Santo Afonso, sendo possível experimentá-lo, de um modo mais evidente e edificante, em clima de oração, em cada amanhecer, aqui no nosso bairro.

Em Jesus de Nazaré, sabedores de que Deus é bom e nos quer bem, ele, sendo o Sol bendito, não é uma alegoria, e sim real, e nos convida como um dom para o despertar de cada manhã. Tenha certeza, caríssimo irmão, caríssima irmã! Sempre, e cada vez mais, por esse despertar revelador, a partir deste templo sagrado, Deus tem algo a lhe dizer, no sentido de acolher o Sol da verdade, da justiça, da paz e da solidariedade: o Filho de Deus. O Filho, unido ao Pai, não carrega consigo a aurora, não nasce e muito menos se põe. Ele consiste em ser um amor inesgotável, na sua solicitude misteriosa, ao partir para o Pai, sempre presente e querendo envolver a existência de suas criaturas, à aurora eterna, sim!

Daqui da Parquelândia, na realidade insondável de Deus, compreensível, só mesmo pela ótica dá fé, na contemplação do eterno Sol, que Deus nos dê a graça de dizer um não à nossa pouca sensibilidade diante da fé, sem jamais perder de vista sua aurora ininterrupta e perene. Supliquemos, pois, à luz da tolerância, do respeito e da valorização das pessoas, e também na compreensão das diferenças, no vasto campo do mundo, no qual estamos inseridos: Ó Senhor, dai-nos a graça do crescimento na sua terna e afável compaixão, no esforço de uma maior proximidade com Deus, na mesma bondade e indulgência do Pai para com o Filho.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).


sexta-feira, 20 de maio de 2022

Mistério oculto em Jesus de Nazaré

 Pe. Geovane Saraiva*

São Carlos de Foucauld ponderou: Meu apostolado deve ser o apostolado da bondade; ao me verem, as pessoas devem dizer: “Sendo esse homem tão bom, sua religião deve ser boa”. A realidade misteriosa de Deus entrou na vida do Padre de Foucauld, só que de uma maneira determinante, numa metáfora, ou alegoria, aquela do vinho da alegre e disposição interior, da força que anima e move montanha, também do vinho como sendo o absoluto do próprio Deus. Tudo isso a partir da sua conversão, no seu encontro com o Pe. Huvelin, pelo final de outubro de 1886, na Igreja de Santo Agostinho, em Paris. Como foi decisivo e irrefutável o colóquio ou confronto com Deus! O Santo do Evangelho da Cruz e da busca do último lugar, a partir daquela circunstância sagrada, tomou a firme decisão de viver só para Deus.

Na compreensão das dores da humanidade, a partir da nossa civilização cristã, Jesus de Nazaré confidenciou a São Bernardo de Claraval sua maior dor, desconhecida em grande parte pela criatura humana: suas chagas, decorrentes do peso de sua cruz salvadora. A partir de Dom Helder, que se compreenda, igualmente, o apostolado oculto de São Foucauld, exercido pelo Mestre, antes dos três anos de vida pública. É evidente que ele não começou a salvar o mundo aos trinta anos e nem levou a vida oculta, preparando-se; em Nazaré, já viveu o apostolado em plenitude e já estava remindo a humanidade.

Ainda na assertiva de Dom Helder, o Irmão de Foucauld se escondeu no deserto e na própria Nazaré. Aos poucos, aprofundou sua compreensão do apostolado oculto: um com Jesus Cristo, desde o batismo, onde quer que ele simplesmente estivesse ou morasse, Cristo ali estaria e moraria, agindo ocultamente e santificando o ambiente.

São Bernardo, o apóstolo de culto à Virgem Maria, assim se manifestou: “Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro, sobre o qual carreguei minha pesada cruz. Era ela a chaga mais dolorosa de todas, a qual as pessoas ainda hoje não a conhecem”. Eis o convite, com o Irmão de Foucauld, canonizado recentemente (15/5/2022), para que, pela vida oculta de Jesus e pela chaga de seu ombro, que seja Deus honrado, louvado e glorificado. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

quinta-feira, 12 de maio de 2022

São Carlos de Foucauld, rogai por nós!

Pe. Geovane Saraiva*

Na mais viva esperança de vermos novas todas as coisas, somos agradecidos ao bom Deus pelo dom da vida do Irmão Carlos de Foucauld – místico, referencial e patrimônio espiritual para o nosso mundo cristão, na experiência do absoluto de Deus –, que será canonizado pelo Papa Francisco no dia 15 de maio de 2022. Igualmente, somos convidados, a partir da Oração do Abandono, a levar a sério o Evangelho da Cruz, longe dos primeiros lugares, nunca perdendo de vista a conversão permanente, tendo Jesus de Nazaré, o Cristo eucarístico, como eixo da nossa vida cristã.

No mundo utilitarista, que busca os primeiros lugares e é marcado por vantagens, atitudes e comportamentos acintosos, em detrimento do bem maior e em favor da humanidade, seja no Brasil, na América e em todo o planeta, recordamos, agradecidos ao bom Deus, sobre a vida de Carlos de Foucauld, que ensinou à criatura humana – e, especialmente, aos seus seguidores – a misteriosa importância do caminho da contemplação, da oração e do último lugar.

Pensemos na radicalidade de sua vida, quando se colocou no último lugar, totalmente em harmonia com o Evangelho de Jesus de Nazaré, reservado e discreto, sem se esforçar para converter alguém, mas querendo fazer uma única coisa: “proclamar bem alto o Evangelho com a própria vida”. Que o nosso indulgente Deus, na solidão ou na aridez, como no exemplo do Irmão D’Foucauld, agora São Carlos de Foucauld, nos permita continuar a jornada do dia a dia, como sendo algo precioso e raro, uma dadivosa manifestação da bondade afável e terna de Deus: mérito, dom e graça.

Na canonização de Carlos de Foucauld, Deus quer se manifestar, abrindo caminhos, animando-nos com o alimento e com a água verdadeira, que, com seu próprio exemplo, fez sair água das pedras ou do rochedo, matando a fome e a sede de sua esposa sedenta: a Igreja. Na travessia do primeiro deserto, nota-se que se sucedeu o mesmo na vida das pessoas, mas com sua presença no meio do seu povo, na metáfora da Igreja, representado como se fosse sua esposa, que nem sempre foi correspondida, no amor do povo de Deus.

Que São Carlos de Foucauld rogue a Deus pela humanidade nestes tempos difíceis, acompanhando-nos e abençoando-nos em nossos desertos da vida.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

terça-feira, 10 de maio de 2022

“A melhor parte”, livro por Geovane Saraiva

Por Alvim Aran*

Durante nossa vida de leitura nos deparamos com inúmeros escritos (livros, artigos, etc.), e durante esses dias me deparei com a obra intitulada “A melhor parte” de Geovane Saraiva, publicado em 2021 pela Editora Sol Literário em Fortaleza – CE, contando com 208 páginas. O livro em questão traz várias reflexões evangélicas sobre nosso dia a dia, seja na vida ativa ou na contemplativa. A obra é um conjunto de artigos que Geovane escreveu durante a vida.

Geovane Saraiva nasceu em Capistrano – CE no dia 30 de outubro de 1956, padre Católico Apostólico Romano, atualmente é Pároco de Santo Afonso, é blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF). Escreveu alguns livros, dentre eles “Rezar com Dom Helder”, “A ternura de um pastor”, “A esperança tem nome”, etc.

O título (A melhor parte) foi inspirado no evangelho de Lucas, onde Jesus afirma que Maria, diante do ativismo de Marta, escolheu a melhor parte, no caso, ouvir o que o Mestre de Nazaré tinha a dizer. Ouvir o que Jesus tem a dizer é fundamental, e Geovane expressou isso no livro quando trouxe reflexões que não fogem da nossa realidade concreta. Mostrando problemas cotidianos que atormenta o povo de Deus e que nos afasta do Reino dos Céus.

E diante de tantos problemas que assolam nosso mundo, o livro de Geovane vem nos mostrar o Mestre de Nazaré que coloca os pés no chão e sai ao encontro das nossas irmãs e irmãos que são crucificadas e crucificados existencialmente, como o autor afirma: “Jesus, na sua missão, andando de lugar em lugar, tinha palavras que desconcertavam muitos, porque Cristo tocava, lá no interior, a vida das pessoas, sensibilizando-as” (SARAIVA, 2021).

Depois de ler o livro de Geovane pensamos que é uma ótima obra para nossas reflexões pessoais e oracionais, pois a obra consegue trazer o material e o transcendente. Olhando a obra de Geovane percebemos o quão distantes do Reino estamos, pois ainda não olhamos para as pessoas que sofrem. Para termos esse olhar é preciso seguir a melhor parte, ou seja, Jesus. E então ter um olhar crítico para nossa realidade.

Analisar a nossa vida nessa terra a luz do evangelho de Cristo, assim como fez Maria, e não cair em ativismos cegos que excluem Jesus, igual Marta. Geovane conseguiu trazer essas ideias no livro de forma clara e objetiva, um livro de leitura fácil recomendável a todas e todos.

*Aluno de 3º ano de Filosofia, Diocese de Guanhães, Seminário Maior de Diamantina-MG.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Mães: dom e graça

 Pe. Geovane Saraiva*

Neste segundo domingo de maio, dia dedicado às mães, que nossas orações de súplica e louvor subam fervorosas aos céus, na intenção de nossas queridas mães, preces essas associadas, evidentemente, à nossa mãe Maria, uma mãe comum a todos os seres humanos. Que, por seu exemplo, cresçamos na disposição de acolher o projeto amoroso de Deus. De Maria, e com ela, aprendamos a ouvir, no silêncio, a voz de Deus, sempre querendo falar, lá da agudez profunda do nosso coração. Ao mesmo tempo, que estejamos agradecidos ao bom Deus pelo dom da vida, como um todo, voltando-nos, nesta data, para nossas queridas mães: as vivas e as falecidas.

O acúmulo exuberante de graça em Maria, mulher que soube recorrer a quem podia socorrer diante da aflição, quando o vinho veio a faltar, indicou-nos, já naquela ocasião, a aflição e o caminho da cruz, inseparáveis da vida de nossas queridas mães. Como é maravilhoso também ver o vigor e a força de uma mulher-mãe! “Maria, toda bela, toda pura, toda santa, a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de seu povo, a nossa honra, garantindo o pleno êxito da redenção pela sua íntima participação na obra redentora de seu Filho”. Na inesgotável bondade de Deus com a humanidade, no contexto magnificamente altaneiro, reverente e respeitoso, que jamais nos esqueçamos de nossas queridas mães.

Que a confiante súplica elevada ao Senhor Deus, neste Dia das Mães, seja na intenção de animar e de melhor compreender nossas mães, tendo, no coração, a serenidade, a disponibilidade, o silêncio e a alegria de Maria. A grande verdade, de acordo com o projeto divino e inefável de Deus, é que a Santa Mãe de Deus se encontra junto a Ele, inegável glória do gênero humano. E na comemoração do Dia das Mães, que aflore e desponte sempre, e cada vez mais, a firme convicção da acolhida ao plano redentor, no convite da continuidade à vontade do Pai, inaugurado por Jesus de Nazaré.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).