sábado, 30 de outubro de 2021

Oração de Geovane Saraiva

Pe. Geovane Saraiva*

Senhor, que Vossa bondade excelsa e suprema, na transitoriedade da vida, nos permita colocar em vossas mãos nosso LOUVOR E SÚPLICA DE ESPERANÇA! São preces de agradecimento e louvores por Vossa Sagrada Família, numa intenção rogativa e de clamor, recordando o profeta Eliseu, antes do profeta Elias de ser arrebatado por um carro de fogo, ao se voltar para o mesmo, seu predecessor sagaz e homem de Deus: “Peço-te que me dês uma porção dobrada do teu poder profético” (2 Rs 2, 9).

Pedimos-vos, por Vossa benevolência e graça, favorecer ao povo de Deus, Igreja de Cristo, o espírito de coragem profética, animado pela esperança, mesmo depois de mais de dois mil anos do nascimento de Jesus de Nazaré, contemplando boa parte da criatura humana e da criação em condições precárias. É o humano das pessoas num contexto infra-humano ou mergulhado naquilo que vai, radicalmente, contra a vontade de Deus.

A palavra de Deus nos convida ao amor verdadeiro, com todas as nossas forças, conscientes de que fomos criados para a eternidade e que na acesa chama da esperança nada de desânimo nem decepção venha até nós. Que estejamos convictos da realidade da morte como nossa amiga, irmã e companheira inseparável, na esperança de contemplar o Deus da vida, face a face no céu, e saborear sua afável e terna misericórdia, na certeza de que nossa prece suba aos céus pelos nossos irmãos falecidos.

Como é maravilhoso aprender com Santo Agostinho! Na beleza de sua obra, “A cidade de Deus”, ele nos coloca diante da vida humana como um mistério de amor, segundo o projeto de Deus: “Dois amores estabeleceram duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena; e o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial”. Mesmo sendo enormes a saudade e a dor pela partida dos nossos entes queridos, que nossa humilde e confiante oração seja a de jamais perder de vista a esperança, na certeza da promessa da imortalidade, conforto e consolo garantido.

Com Dom Helder Câmara, na transitoriedade das criaturas, nenhuma circunstância se perde de vista: “Se eu pudesse, na caminhada de quem enfrentasse estrada sem fim, sem luz, sem companhia, faria surgir vagalumes alumiando o caminho e colocaria nem que fosse cigarra para quebrar sua solidão”. Encurtar a estrada da sombria e nefasta segregação, no isolamento que nos parece sem fim, só mesmo eliminando tudo que é odioso e arrepiante, consequência da falta de amor.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

Passagens bíblicas sobre a morte: lições de conforto e esperança

 

Aleteia
Reportagem local - publicado em 29/10/21

Mensagens reconfortantes para quem enfrenta o luto

A morte de um ente querido é desafiadora, inclusive, para os católicos, que acreditam na vida eterna. É um momento de muitos questionamentos, solidão e desconcerto.

Nestes momentos, é inevitável questionar sobre o que acontece com os que partem desta vida. Será que tudo acaba com a morte? Há algo que sobrevive a este desenlace? Voltaremos a nos encontrar com quem se foi?

Neste momento, nosso maior consolo está nas Sagradas Escrituras e na presença dos familiares e amigos.

De fato, a Bíblia, nos dá repostas cheias de esperança e conforto diante do mistério da morte. Há muitas passagens neste sentido. E nós separamos algumas dessas frases reconfortantes para quem está em luto:
Passagens bíblicas sobre a morte

“Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habi­tamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu”.
2 Coríntios 5,1

“Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar”.
João 14, 1-2

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão”.
João 10, 27-28

“Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram”.
1 Tessalonicenses 4,14

“Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição”.
Apocalipse 21,4
https://pt.aleteia.org/2021/10/29/passagens-biblicas-sobre-a-morte-licoes-de-conforto-e-esperanca/

domingo, 24 de outubro de 2021

Igreja, povo de Deus

 Pe. Geovane Saraiva*

Levar em conta a memória daqueles que não estão mais conosco, que partiram, que foram atingidos pela pandemia exprime, revela e representa aquele horizonte sonhado e esperançoso, dentro do mais profundo sentido da vida, segundo a vontade salvífica de Deus. Jamais esquecer de todas as pessoas, no anúncio luminoso da vida sem ocaso, lembrando aqui das vítimas da pandemia, homenageando-as, dentro do ângulo, ou enfoque, dos que passam pela dor da perda, não sendo possível ceder em paragens, ou em interrupções, tendo como garantia a esperança. Não é fácil o anúncio da esperança para uma realidade eclesial que não quer marcar presença no mundo do trabalho, da ciência e da cultura, com sua atenção um tanto quanto voltada para tudo que é moderno, mas no medo do aggiornamento (Igreja renovada ou rejuvenescida) de São João XXIII, também na pouca identificação com a Igreja, povo de Deus a caminho, do Concílio Vaticano II (1962-1965).

Tudo por Deus e por seu santo nome, “ontem, hoje e por toda a eternidade”, ele que só pode ser amor, incontroverso e irrefutável. Daí os valores do Evangelho, imprescindíveis à realidade atual do mundo tão diverso, no arcabouço estrutural com seu conteúdo inconteste aos sinais dos tempos, a provocar em nós e nas futuras gerações, em meio ao assistencialismo exacerbado, aquela utopia pacifista e libertadora, tão cristalinamente proclamada por Dom Helder Câmara (1909-1999), pedindo licença para o denominar, no seu pacto proclamado pela reconciliação humana, de “pequeno grande”, aluno brilhante que foi do Seminário da Prainha, em Fortaleza-CE.

Dom Helder bem que ajuda, quando se concebe uma Igreja parada, estática ou intimista, de cristãos batizados, dos que mais gostam da oração, da adoração, e não dispensam os sacramentos, com pouca incidência na vida concreta do mundo da sociedade. Também ao se imaginar, no saudosismo nostálgico, numa Igreja mais inclinada ao sagrado de outrora, longe de todo e qualquer compromisso social e transformador, estando ela de mãos dadas com as autoridades. Uma Igreja que percebe o demônio e dele quer se distanciar, quer ver facilmente seus filhos convertidos, sim, separada por quilômetros e quilômetros, no compromisso com as estruturas reais do mundo.

Como Dom Helder Câmara honra e engrandece nosso bravo povo brasileiro! Como referencial, que nos ajude, no sentido de antever o que nos é reservado, sem jamais perder de vista a ansiada e almejada esperança futura, desígnio e intento das mulheres e dos homens de boa vontade. Que a Igreja seja sensível e inclusiva, na opção pelos menos afortunados e empobrecidos, aquela mesma que não quer fugir do mundo, mesmo com traços burocráticos e estruturais, sendo uma comunidade de fé viva e lúcida, no renovado ardor missionário. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

A melhor parte

 Grecianny Carvalho Cordeiro* 

Nos últimos tempos, creio ser pertinente falar acerca das boas coisas da vida: das boas leituras, dos bons exemplos, das boas ideias... da melhor parte, porque a pior, nos já vemos e ouvimos diuturnamente, em especial, nos meios de comunicação, onde parece não haver espaço para o que há de bom nessa vida.

“A Melhor Parte” é o mais recente livro lançado pelo padre Geovane Saraiva, pároco de Santo Afonso, na Parquelândia, sob o selo da Sol Literário, editora jovem no mercado, mas que vem se destacando pelo trabalho sério e pelo primor de suas edições, a encargo da editora e, também escritora, Angélica Sampaio.

“A Melhor Parte” é um conjunto de artigos da lavra do padre Geovane, um homem dedicado ao sacerdócio e às letras, pois já possui diversos livros escritos, mantém um blog com milhares de acessos, além de participar de academias literárias, a exemplo da ALMECE – Academia de Letras dos Municípios do Ceará e da AMLEF – Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.

O versátil padre, sobretudo, é um homem de bem, reconhecido em sua atuação pelo cuidado que devota aos mais humildes, aos integrantes da Paróquia de Santo Afonso e aos direitos humanos.

Em tempos de tantas dificuldades, de várias matizes, muitas delas provocadas pela pandemia, palavras de esperança e de fé sempre caem bem, mudanças para conosco e para com o mundo em nossa volta são necessárias porque “Deus quer entrar e pedir a colaboração de seus amigos, clamando um novo modo de pensar e agir” (p. 21).

O amor se faz cada vez mais necessário e “Deus quer dizer-nos que é necessário mais e mais convencermo-nos de que, quanto mais se ama, mais se aproxima de seus sinais salvíficos, no grande milagre do amor verdadeiro, daquele sem medida, em que não temeu coisa alguma” (p. 26). Diante de tanta intolerância, é preciso crer no amor “que vai ao encontro do essencial, mas simultâneo, no amor de Deus e no amor ao próximo, no pleno cumprimento da lei de Deus” (p. 192).

Deus é amor e misericórdia, é perdão e compaixão, e “manifesta sua desaprovação pela lógica perversa e discriminatória do mundo, de outrora e de hoje, querendo deixar claro, longe de qualquer dúvida, que a exegese nos parece boa, que todas as pessoas devem ser respeitadas, que são chamadas a uma vida com liberdade, como filhos de Deus,” (p. 162).

“A Melhor Parte” é um livro para refletir sobre nós, sobre a vida, sobre a humanidade. Que possamos sempre encontrar a nossa melhor parte. Assim seja!

*Promotora de Justiça, escritora, da Academia Cearense de Letras, do Instituo do Ceará, da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

"A melhor parte": Papa Francisco agradece

                                                       Novo livro do Pe. Geovane Saraiva,

correspondência rara e singular do Santo Padre,

causando-me exultação graciosa ao acolhê-la!




terça-feira, 19 de outubro de 2021

Pátria amada, sim!

 Pe. Geovane Saraiva*

A missão dos seguidores de Jesus de Nazaré é de anunciar a vida diante do discurso recheado das marcas odiosas do negacionismo, da insensibilidade e da indiferença. É comum e natural, mesmo por parte de membros da Igreja Católica, indicar a saída no referido ódio e na violência, no sentido da edificação do Brasil verdadeiramente próspero e democrático. Mais do que nunca, percebe-se a urgência de se anunciar os valores do Evangelho na sua plenitude. Anunciar, sim, denunciando tudo o que contraria, numa realidade que parece mergulhar no nefasto autoritarismo, na ignorância e no flagelo: o pecado.

O momento clama por uma Igreja verdadeiramente pascal, evidentemente na força mística da profecia, no anúncio da graça compassiva e esperançosa, a da conversão do coração, também que se chegue à conversão das estruturas, segundo a vontade salvífica do nosso bom Deus, no que assegurou Dom Orlando Brandes: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada. Para ser pátria armada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos os irmãos construindo a grande família brasileira”. 

Não esquecer, nesse contexto, a condenação das armas pelos últimos papas, como na palavra de São Paulo VI: “Se vós quereis ser irmãos, deixai cair as armas das vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas nas mãos”. Os artífices da evangelização, como servidores da verdade e da justiça, encorajados pelo amor, em evangelizar nos nossos dias, pressupõem o amor fraterno, no qual deveria encontrar a sua concretude, sempre maior e crescente, naqueles que são os destinatários da missão evangelizadora.
 
Como é indispensável a robusta energia do apóstolo Paulo! Ele assim escreve a respeito dos que estão para acolher sua sublime mensagem, mas num ambiente favorável e na caridade: “Pela viva afeição que sentimos por vós, desejávamos comunicar-vos, não só a Boa-Nova de Deus, mas também nossa própria vida, tão caras vos tínheis tornado para nós” (cf. 1 Tes 1, 8). Eis o nosso maior desafio: o de vivenciar o Evangelho de Jesus,  num não ao negacionismo fundamentalista, à cultura das armas e do ódio infeliz e funesto. 

Fica patente o convite à conversão do coração, na alegria de sempre mais se redescobrir o amor verdadeiro, de nos inspirarmos na mesma profecia do arcebispo de Aparecida, todos voltados para a Mãe de Deus, no milagre daquele vinho bom, sem o qual a festa se acabaria, indicador do vinho novo, do novo vigor no desempenho animador auspicioso, sempre mais unidos à Igreja, na compreensão do ministério da Santa Mãe de Deus. Assim seja!
 
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

O ideal em Jesus de Nazaré

 Pe. Geovane Saraiva*

Agradecimento a Deus, por não nos ter deixado em segundo plano, considerando e levando também sua graça e não nos afastando, de modo algum, como a melhor largada e saída de nossa existência, não se prescindindo do lugar da fé na comunidade, dos que confiam em Deus, permitindo que todos se envolvam na sua mesma vida, continuada, e não a de outrora. Cabe ao ser humano, sempre mais, uma reflexão, importando-se na melhor atitude, a partir de Jesus de Nazaré, não se separando jamais do mistério divino.

A abertura ao infinito ou ao mistério do eterno, como criatura humana, ou na qualidade de ser que deseja caminhar na direção do definitivo, de ultrapassar a si mesmo, embora ser por si mesmo reduzido e irrelevante, pela condição humana, mas no pacto ou postulado da graça e pela vida, naquele em quem tudo consiste, por ser bondade deslumbrante e luminosa, ser infinito, nosso verdadeiro querer, desígnio da plenitude divina na pessoa humana, na realidade do mundo como um todo. 

Tudo, evidentemente, a partir de Jesus de Nazaré, ele que é a “palavra”, que é o “verbo”, pessoa que, dele e por ele, se vê fundir numa só coisa o mistério da obra redentora, inseparável, sendo a razão da existência das criaturas, de tudo que existe (cf. o prólogo do Evangelho de João). Consuma-se, portanto, a vontade daquele que o enviou, fiel desvelo, desde sempre e para sempre, fundamento inquestionável, no qual tudo se estabelece e se instaura, na esperança da plena reconciliação.

Nossa conclusão, com o que, alhures, já disse: “Deus, no brilho de sua luz eterna, não abandona aqueles que nele confiam; ao contrário: Ele oferece a garantia de que cada pessoa carrega consigo, numa dádiva a nós e ao mundo, o segredo de sua vida como mistério, revelando-nos as razões de nossa existência. Ele, manso e humilde de coração, quer se fazer morada em nós com seu Espírito, ao mesmo tempo em que possamos acolher a paz, a qual Ele quer nos dar, compreendida no mistério da vida”. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Esperança de um mundo melhor

 Pe. Geovane Saraiva*

A humanidade, em meio ao marasmo de desinteresse, insensibilidade e indiferença, está diante do implacável duelo que se travou no século XX, de um mundo a clamar por justiça: vida e morte, comunhão e separação; daí surge a Ação Católica. Ela quer ser recordada e valorizada, com feliz iniciativa de Pio XI em 1929, no desejo alargar seu influxo e ganhar força, ajustada à Doutrina Social da Igreja, com registro à altura do que ela mesma representou, na justiça, no compromisso de leigos, mulheres e homens de boa vontade, abertos e sensíveis aos “sinais dos tempos”, na luta por um mundo mais inclusivo, no período pré-conciliar. As pessoas que viveram um pouco mais se lembram das características e do espírito missionário do referido movimento, empenhado na conquista de um mundo melhor, através das siglas: JAC, JEC, JIC, JOC e JUC, orgulho para muitos irmãos.

A Ação Católica manifesta sua verdadeira face, pelo envolvimento ou comprometimento dos cristãos leigos no apostolado, antevendo, a partir de uma vida configurada com o Evangelho, um mundo recheado e repleto de esperança, unidos, evidentemente, à Igreja hierárquica. Como foi valioso subsistir aos nossos dias a metodologia assumida por esse movimento eclesial, sobretudo ao legado da Juventude Operária Católica (JOC), com o método: Ver, Jugar e Agir. Foi um despertar da consciência de muita gente, proporcionando o surgimento de lideranças da melhor qualidade, patrimônio do povo brasileiro. Essas lideranças jamais podem ser esquecidas como leigos comprometidos, autoridades eclesiásticas, entre outras, com justo destaque para a figura epopeica e magnífica de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde.

Agradecidos ao bom Deus, pela cobertura e amparo, nas décadas preciosas do século XX, a influenciar o contexto místico e pastoral, os seguidores de Jesus de Nazaré eram sedentos por uma proposta, indo ao encontro de carentes, analfabetos, num clamor solidário. Foi o que se vivenciou no mundo de então, de se buscar com mais coerência a vontade divina, aquela de um mundo reconciliado e pacificado no amor. No mundo da Ação Católica, contou-se com a mão de Deus, na pessoa daquele sacerdote jesuíta italiano, Pe. Ricardo Lombardi, ao iniciar em sua pátria o Movimento por um Mundo Melhor, na metade do século XX, 1952, espalhando-se pela Europa toda, chegando sem demora ao Brasil.

Cabem aos cristãos leigos atitudes contundentes, contrariando a proposta malévola e deplorável do negacionismo intolerante, arma dos preconceituosos. Deus, além de nos colocar diante de novos caminhos, num mundo com os estigmas da diversidade, propõe-nos, pelos mesmos caminhos, perceber os “sinais dos tempos”. Também nos faz um apelo ao discernimento, à conversão do coração, na mesma estrada mística da Ação Católica, convencendo-nos da necessidade de encarnar a Boa-Nova do Reino, na realidade hodierna, a partir das décadas da Igreja do século passado.

Fica nosso humilde registro sobre a natureza mística da Ação Católica, no bom propósito de render graças a Deus por sua marca na história, marca essa a incidir e desafiar pastoralmente a Igreja na terra de Santa Cruz, numa melhor percepção sempre maior, mais digna da pessoa humana, imagem e semelhança de Deus, já aqui neste mundo, mas sem se esquecer de não se afastar do caminho do Reino definitivo, na mesma mística e esperança da Ação Católica: no duelo do que parece assombroso, o amor a vencer a morte. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

domingo, 3 de outubro de 2021

Alma grande do missionário

Pe. Geovane Saraiva*
A humanidade, na missão ou no sonho da plena realização da cidade perfeita, sem ocaso, ou cidade celestial, apropria-se dos meios concedidos através da Igreja, naquela célebre definição de sociedade perfeita, por ela conter esses mesmos meios para se chegar ao fim último e feliz, mas tudo numa lógica cristalina, em que se busque ou deseje realizar, já aqui no mundo das pessoas, no sentido mais altaneiro e sublime, o pensamento do poeta maior, Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”. 

Que no outubro missionário de 2021 se possa acreditar e se convencer, sempre e cada vez mais, de que a natureza da Igreja consiste em ser missionária, em ser o povo santo de Deus a caminho ou em marcha, no esforço ininterrupto e perdurável de quebrar a crosta do egoísmo. Como comunidade de fé, ela foi envolvida e escolhida pela imagem misteriosa, aquela de antes da fundação do mundo, evidentemente para o louvor da sua glória, manifestado na sua plenitude em Jesus de Nazaré (cf. Ef 1, 4).

A essência da missão da Igreja, levando a cabo e dando cumprimento ao dinâmico processo evangelizador, o de plantar ardorosamente a semente do Evangelho, constitui-se e se forma, a partir de renovada força, com sangue missionário no interior das comunidades e mesmo proporcionando o surgimento de novos núcleos, em obediência ao mandato daquele que é o fundamento da missão (cf. Mc 16, 15), sendo tudo para o louvor da glória do Senhor Deus.

A Igreja é, acima de qualquer coisa, obra do Espírito Santo, que na luz do mesmo Espírito se renova incessantemente, pela ação das pessoas de boa vontade. Na Igreja, eis a energia, segundo a vontade divina, de se trabalhar interiormente, a partir do Espírito da verdade, que, no decurso dos tempos, guiou e continua a guiar à mais plena e completa dinâmica de se “avançar para as águas mais profundas” (cf. Lc 5, 4). 

Constantemente, percebe-se a urgência de se acreditar e não prescindir da Igreja. Ela nasce, emerge ou surge como resposta bem compreendida do povo de Deus, mas na ação do Espírito Santo. Na missão da Igreja, mas numa estreita união, mistério de amor, qual parece se confundir, pela eclesiologia e cristologia, vendo-a como continuadora da existência do Senhor de Nazaré atualizando nele a missão, pela concretude de encarnação, na promessa de se fazer novas todas as coisas. Assim seja!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).