Pesquisar neste blog
sexta-feira, 30 de abril de 2021
São José Operário
Padre Geovane Saraiva*
Foi o Papa Pio XII que, em 1955, instituiu tal memória litúrgica, no contexto da Festa dos Trabalhadores, em todo o mundo, comemorada no dia 1º de maio, que tem sua origem no ano de 1886, na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). Por longo tempo, na simbologia da luta do Dia do Trabalho, pelas manifestações, assumiu-se um caráter contestatório e ideológico, alheio e hostil ao espírito cristão. A partir da referida data de 1º de maio de 1955, com a decisão de Pio XII, no entanto, consagrou-se a Festa dos Trabalhadores, com uma índole cristã, dando-lhe um padroeiro: São José Operário.
A esperança proclamada por Jesus de Nazaré transcende e vai muito além da esperança terrena. Evidentemente, ela será abundante e terá sua plenitude com o esplendor da glória de Deus, no final dos tempos. Na mesma esperança, o Papa, ao instituir o Dia de São José Operário no mundo católico, o quis como protetor e modelo de todos os trabalhadores, enaltecendo-os com a “dignidade do trabalho”.
A vida requer coragem, colocando, evidentemente, os frutos do trabalho de mulheres e homens no esforço constante pelo sustento à vida, dom e graça de Deus. Que não esqueçamos jamais do cumprimento da esperança terrena, na busca por justiça, solidariedade e paz, sendo Deus mesmo o condutor da história das pessoas de boa vontade, conduzindo-as, na esperança, ao definitivo: o Reino de Deus.
São José Operário quer ensinar as mulheres e os homens do nosso tempo a se convencerem de que estão no caminho certo, pela árdua tarefa do trabalho, respeitando e preservando a obra da criação. O desejo de Pio XII claro que ia em direção à conquista da paz social, na sonhada busca dos ideais cristãos, no respeito pela criatura humana, imagem e semelhança de Deus. Amém!
*Pároco
de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza (AMLEF).
O mistério de Deus e do homem
Padre Geovane Saraiva*
O critério do amor ao próximo
consiste no exercício da fé e da prática cristã, através das constantes ações,
no amor que vai ao encontro do essencial, mas simultâneo, no amor de Deus e no
amor ao próximo, no pleno cumprimento da lei de Deus. O mistério da missão de
Jesus, ao dignificar e engrandecer a vontade de Deus, se pode afirmar que seja
nossa aspiração maior, favorecendo, a partir desse contexto redentor, a
felicidade das pessoas: a humanização de Deus e a divinização do homem,
aperfeiçoado e aprimorado no sentido teológico, não a Deus, mas ao homem. Como
é importante atentar para Deus, sempre Deus e Senhor, único no mundo da
criatura humana, sem jamais ser substituído por ela, a contar com suas
restrições, limitações e contradições!
Penetrar no mistério divino
trata-se de um apelo do nosso bom Deus, no amor do Filho, traduzido em serviço,
no caminho ou direção do verdadeiro esplendor, que passa pelo nosso serviço
humilde, numa convocação que inclui os que têm serviços de elevada grandeza e
largura, não em detrimento dos destinatários e súditos, mas no serviço
solidário, voltado a todos, generoso e doado, inspirado no gesto supremo de
Jesus: o de lavar os pés dos discípulos.
Guardemos o gesto humilde e
extremamente inigualável de Jesus, que nos convoca a uma única coisa: aprender
a colocar na mente e no coração, sem que nunca se tenha medo de assimilar ou
apreender, voltando-nos ao mistério da humanidade na sua condição divina em
Deus. Nele, a humanidade toda restaurada, reconciliada e pacificada, tendo coparticipação na vida de Jesus de Nazaré, o verbo encarnado do Pai, que
desceu do céu e se dignou participar da vida humana. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sexta-feira, 23 de abril de 2021
quarta-feira, 21 de abril de 2021
O nome "cristão"
Padre Geovane Saraiva
A vocação da Igreja, na sua missão redentora, tem sua origem na cruz. Por isso não é possível imaginar e mesmo conceber a Igreja sem a cruz de Cristo; nem idealizá-la sem solidariedade, sem ternura e sem compaixão. Ela conta com o coração, e a partir dele o entrelaçamento do humano com o divino. O humano e o divino, sim, não numa circunstância ou estado de ânimo passageiro, mas supondo-se uma eficácia sábia e criteriosa. Sua participação deve se dar de corpo e alma, mesmo que a mais completa harmonia do mundo seja um sonho, nas suas alegrias e esperanças, angústias e dores, na vivência dos contrastes e distinções do coração, também no intercâmbio mútuo e recíproco, dentro das atitudes de coragem e risco. Não pode perder de vista aquilo que é indestrutível e duradouro, com a consciência de que a virtude da ternura consiste em arriscar a própria vida.
Determinar a origem ou o momento do cristianismo é uma questão de opção. Para quem aceita, pela fé, a vinda de Jesus Cristo, vê que a humanidade entrou numa nova relação com Deus, na origem do cristianismo, a qual coincide com a sua atividade. Admitir esse contexto significa colocar a origem do cristianismo alicerçado na fé da comunidade primitiva, e não num julgamento puramente objetivo, tendo que se afastar de pressuposições incompatíveis à fé, que deve ser autêntica e verdadeira. A historicidade da pessoa e da atividade de Jesus Cristo pôde ser provada por seus contemporâneos, que naturalmente não precisavam dessa prova; teve-se de exigir a fé. Assim também a presença do cristianismo na história atual pode ser constatada cientificamente, mas a sua verdadeira essência só pode ser conhecida pela fé, a partir da intimidade com o Senhor Ressuscitado.
A expansão desmedida, descomunal e açodada do cristianismo nos tempos primitivos foi favorecida por um conjunto de fatores ou condições, a saber: a posição favorável da Palestina em relação aos três continentes; a helenização da cultura; o florescimento das religiões como “mistério” — salvação da humanidade (soteriologia), ao criar um clima propício para uma religião com caráter universal; sem esquecer a expansão do Império Romano com suas redes de estradas, estrutura de comunicação e uniformidade na língua. Sabe-se da contribuição, sine qua non, dos estudiosos que divulgam o desembaraço do cristianismo no início da era cristã, contando com os próprios cristãos, dentre eles escravos, comerciantes e soldados, sobretudo os que abraçavam a fé diante dos tribunais, nas prisões e no martírio, como na expressão de Tertuliano: “Sangue dos mártires é semente dos cristãos”.
Neste tempo de pandemia, com a Covid-19, que já levou do planeta mais de três milhões de seres humanos, com tantas pessoas amigas e conhecidas, somos forçados a ter um olhar ou uma reflexão mais forte, destacada e marcante. Na direção do mistério da fé, fica o desejo de se compreender melhor, na qualidade de seguidores de Jesus de Nazaré, o mundo contemporâneo. A Igreja Católica, sendo sinal do novo céu e da nova terra, carrega consigo a proposta de destruir o suplício ou castigo eterno, no anúncio de São João, ao afirmar: "Vi um novo céu e uma nova terra; porque o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existe mais". Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
terça-feira, 20 de abril de 2021
Redes sociais: a vitrine de vaidades e mentiras
Carlos Delano Rebouças*
Outros as enxergam como a oportunidade de se tornar conhecido ou ainda mais que isso. Famoso? Sim! É o caminho mais curto e instantâneo de ganhar notoriedade, de tornar os milhões de josés e marias em josephs e marys. É a chance que um calango tem de sonhar com o dia que vai se tornar um jacaré.
Mas enquanto as metas são buscadas no âmbito das realizações pessoais, em paralelo (e com mais intensidade) as vaidades são alimentadas em doses cavalares que nos fazem entender que muitos parecem esquecer a sua verdadeira realidade, a sua natureza e suas concepções sobre valores, incorporando por inteiro o perfil frívolo que se manifesta a cada post, em busca de likes.
Sempre estamos vendo fotos com bebidas de marcar famosas que sequer se tomar um gole; registro de lugares onde nunca se pôs os pés, os mesmo nem sempre são os das pessoas a qual os deixou órfãos de um corpo inteiro na foto; vídeos de festas com pessoas se abraçando, umas as outras (desculpem-me se pareço redundante, apenas quero reforçar a insanidade sem tamanho), sem mesmo se conhecerem, mas desconfiados de que muitos ali possuem milhares de seguidores nas suas redes e isso é o que mais importa. Ah, não podemos nos esquecer das fotos em família, de como as famílias são felizes e sorridentes! Ninguém chora nelas, apenas sorriem até que se ouça o click final.
E temos que o impressionar, não é? Muito! Uma foto carinhosa ao lado de um vira-lata de rua é muito válida para atrair os olhares sociais, sobretudo dos amantes e protetores dos animais. Registrar-se num templo religioso sem ao menos saber rezar um Pai Nosso impacta demais na sua imagem de religioso. Calçar um tênis e andar 20 metros passa a admirável imagem de atleta. Plantar uma árvore, mesmo que se tenha por hábito descarta latas de refrigerante pela janela do carro, faz com que sejamos vistos como um defensores das causas ambientais.
E se aqui eu decidisse ficar enumerando os diversos fins das redes sociais, em um texto enxuto como este, ainda não seria possível dizer tudo penso sobre ela e seus protagonistas. E se entendesse que poderia estendê-lo um pouco mais para externar bem mais o nosso humilde pensamento, certamente, na sua prolixidade, não seria lido além do seu criativo título que precisa ter. Alguém, quem sabe, poderia entender que não passaria de uma perda de tempo, este que, no seu entendimento, sempre deve ser usado usado, na sua quase totalidade, como oportunidade de vender vaidades e mentiras.
*Professor de Língua Portuguesa e redação, conteudista, palestrante e facilitador de cursos e treinamentos, especialista em educação inclusiva e revisor de textos.
sexta-feira, 16 de abril de 2021
quinta-feira, 15 de abril de 2021
Quando não se vê Deus
Padre Geovane Saraiva*
Ouvir, acolher e viver uma fé sólida, a partir de Jesus de Nazaré, está em consonância com a metáfora do doutor da graça, Agostinho, quando nos ensina: “Do navio que parte e chega à pátria, mas a pátria só pode ser vista após a viagem do navio”. A verdade é que nos encontramos no contexto real do mar. Basta olhar as ondas e as tempestades que se levantam neste mundo em que estamos inseridos. Ele assegura na mais elevada confiança que não havemos de naufragar, pois temos um leme, ou comando, definido e seguro: o remo da cruz.
O sentido de ouvir e acolher nos faz pensar na passagem do Evangelho, que fala sobre Marta e Maria (Lc 10, 38-42): a imagem de Marta, nas atividades de sua própria casa, enraivecida até pela insensibilidade e pela não colaboração de Maria, representa a humanidade, nas suas ações e ativismos; já Maria representa como sendo uma pessoa exemplar, em sua didática de saber ouvir com atenção os ensinamentos do mestre Jesus de Nazaré, externando, evidentemente, sua opção pela melhor parte, mas no sentido daquilo que é permanente. Ela, ao realizar essa escolha no tempo presente, nos enche de esperança, porque haveremos de experimentá-la no futuro. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
segunda-feira, 12 de abril de 2021
Fortaleza 295 anos: parabéns!
Padre Geovane Saraiva*
Que possamos guardar o pensamento de sonhar e, obstinados, lutar pela edificação de um povo forte, grande e civilizado, mas que o Deus verdadeiro esteja no centro, como nos garante o Livro Sagrado, no Salmo 127: “Se Deus não constrói a casa, em vão trabalham os seus construtores; se Deus não cuida da cidade, em vão vigiam as sentinelas”. Vemos, com clareza, a exigência do próprio Deus, que pede gestos de todos os seus moradores, afastando-os de toda e qualquer maldade, na busca de ações concretas. Decididos, que eles respondam aos anseios dos que sofrem, sobretudo diante da sensação que temos: de que áreas de riscos não são levadas em conta, explícitas na principal via do aeroporto internacional de Fortaleza.
O mundo da cidade de Fortaleza, que caminha para três milhões de habitantes, é complexo e diverso. Para que Fortaleza possa se transformar perante as grandes mudanças, urge superar preconceitos e intolerâncias, dentro do contexto da esperança cristã, na certeza de que chegará o tempo em que Deus acabará com o domínio dos que pensam numa civilização longe de Deus, com explorados e exploradores, com um povo longe ser livre e independente.
A pandemia não nos impede de contemplar a beleza de nossa cidade de Fortaleza! Que cresça nosso entusiasmo, no sentido de lutar pela liberdade de seus habitantes, preservando-os e salvando-os de toda a maldade. Parabéns, Fortaleza!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
sábado, 10 de abril de 2021
quarta-feira, 7 de abril de 2021
Hans Küng: teologia e ética
Padre Geovane Saraiva*
Com Hans Küng temos um
cristianismo mais lúcido, uma fé mais plural, mais viva e corajosa, distante da
frivolidade ou tolice, longe da leviandade ou vaidade que não edifica. Com seu
pensamento e sua força profética deixou um legado e um registro na história
cristã hodierna, os quais jamais se podem negar, numa expressão: patrimônio
para o mundo cristão, além de ter sido uma figura de destaque no Concílio
Vaticano II, participando do mesmo na qualidade de perito. Com sua partida, a
Pontifícia Academia para a Vida afirmou: “Desaparece uma grande figura da
teologia do século passado, cujas ideias e análises sempre devem fazer-nos
refletir sobre a Igreja Católica, as Igrejas, a sociedade, a cultura”.
Hans Küng, como mestre e artífice
na sua carreira ou caminhada teológica, profícua e salutar, sem em circunstância alguma se fechar ao diálogo, anunciou que “o verdadeiro homem, Jesus de Nazaré,
é, para a fé, a real revelação do único Deus verdadeiro”. Para ele temos o
sentido da Eucaristia como refeição, essencialmente comunitária e de ação de
graças, e também como banquete da alegria pelos pecados, com o Senhor presente,
sendo essa refeição esperança messiânica que aponta para frente, na direção do
futuro, conclamando gestos e ações concretas.
Essa é sua herança, ou espólio,
do sacerdote e acadêmico Hans Küng, no seu sonho por uma ética global, que
agora se encontra em paz, numa vida sem ocaso, nas mãos de Deus com seus
eleitos. Por uma vida teológica, com diálogo e ética integral, segundo os
critérios do Evangelho de Jesus, que o Senhor dê o repouso eterno ao seu servo
e teólogo, bom e fiel!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
terça-feira, 6 de abril de 2021
sábado, 3 de abril de 2021
Nossa páscoa na Páscoa do Senhor
Padre Geovane Saraiva*
O lamento e a dor de tanta gente nos fazem voltar ao alarido de Maria, que acompanhou seu filho Jesus até o pé da cruz (Jo 19, 25). A campanha “Vacina, sim” nos faz lembrar a campanha pelas “Diretas já”, há 37 anos. A desaprovação de então pode ser considerada a mesma: negacionismo, obscurantismo, trivialidade, tolices e asneiras, sem esquecer das torturas infames e degradantes, além do opróbrio vil e ignóbil, numa ausência de tolerância, evidentemente dentro desse contexto, clamando pela liberdade esperançosa, numa simbologia pascal, possibilitando aquele duelo forte – e mais forte – da vida que vence a morte.
Com Dom Helder digamos: “Que eu possa aprender, afinal, cobrir de véus o acidental e o efêmero, deixando, em primeiro plano, apenas o mistério da redenção: o mistério da Páscoa”. O que importa mesmo a todos nós é que seja o espírito da esperança pascal a nos desafiar, colocando-nos, na mente e no coração, a proposta do percurso divino, afastados da ilusória e mutável esperança, entrelaçados no triunfo da Páscoa eterna.
Que a nossa páscoa, na Páscoa do Senhor, seja consequente, a partir do que acontece hoje, por causa do coronavírus, pois sabemos que devemos cumprir o preceito de se despedir de seu ente querido pela distância – e mentalmente –, repetindo-se também a prece ou oração que brota do interior das pessoas, pelos mesmos irmãos queridos e demais pessoas que chegaram ao fim da jornada terrena e ao ocaso. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, escritor e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).