terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

A mãe em busca de um filho (a)

 Alvim Aran*

Uma oração/meditação feita de uma reflexão do Evangelho narrado por S. Mateus (Mt 27, 55-61), em que o corpo de Jesus é entregue a José de Arimatéia, Virgem Maria e Maria Madalena e é preparado para o sepultamento. 

Oremos: Nosso Senhor Jesus Cristo, diante desta cena em que seu corpo santo é entregue à sua santa Mãe viemos recordar tantos pais e mães que sofrem ao enterrar seus filhos e filhas vítimas da violência infligida por poderes terrenos, pelo crime ou pelas drogas. 

Diante dessa narrativa, Senhor, fazemos memória também, a ONG mães da Sé. E recordamos  ainda, que a cada 3 minutos uma pessoa desaparece no Brasil e são mais de 200 mil pessoas desaparecidas por ano, que de forma forçada são obrigadas a deixarem o lar, e a família que fica sofre muito. 

Também, meu Senhor, lembramos do grupo das Mães da praça de Maio que tiveram seus filhos mortos por poderes deste mundo, e que muitas, diferentemente da Santíssima Virgem Maria, não tiveram a capacidade de enterrar seus filhos e filhas. Igual Maria Madalena e a outra Maria, ainda hoje ficam sentadas a beira dos túmulos existenciais, às situações de morte que reinam em nossa sociedade, esperando que o filho ou filha volte. 

Senhor, vos pedimos humildemente que, assim como vossa Mãe foi forte diante da cruz, dê forças a todas as mães que choram, e conforte-as para que também tenham a força necessária para continuarem na esperança de encontrar com seus filhos nesta vida ou na vida futura diante de Ti.

Salve Rainha...

*Aluno do 1º ano de Teologia, Diocese de Guanhães, Seminário Maior de Diamantina-MG.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Caminho aberto

            Soneto

Ó Deus grande e imenso, glória divina!
Transcende, muito além do nosso ser,
Eis o mistério, nossa Igreja ensina,
É o absoluto, a essência para quem crê.
Ele é o cerne e não algo para se explicar,
Residindo em nossa compreensão,
Mas como coisa que nos faz pensar,
Ele, no chão e muito acima: a perfeição!
A glória dele no filho, inspiração,
Num bendito, contemplar o infinito,
Mirar, buscar a Deus, em admiração!
Nele a beleza, a duradoura iluminação,
No seu seguimento, o caminho aberto,
Não se discutir o imparcial e o correto!

 

 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Soneto: Jesus no deserto

 

Soneto
No deserto, Jesus foi tentado,
Não a satanás, o príncipe do mal,
Ele, reto no que é mais elevado.
Venceu o inimigo abismal.
No jejum e na oração Jesus resistiu,
Reprovou a tudo que é tentador,
O malvado não o seduziu,
Ele mantém-se longe do sedutor.
Seu exemplo, o ideal a seguir,
Para todos os que buscam a santidade,
Nele as tentações a resistir,
Em Jesus de Nazaré, jamais a iniquidade.
No nazareno, o vencedor do deserto,
Ele, nosso guia e razão absoluta e certa!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Força das palavras e dos símbolos

Pe. Geovane Saraiva*

A força das palavras e dos símbolos usados hoje é incalculável, nesta Quarta-feira de Cinzas, dia em que se celebra o início do novo tempo litúrgico na Igreja. Constatam-se as indizíveis marcas, seja pela dimensão de conversão interior, seja também pela dimensão da caridade e da solidariedade, no objetivo da Campanha da Fraternidade de 2023, que tem como lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”, sem esquecer das mensagens do Papa Francisco, mensagens da Igreja do Brasil, através dos nossos bispos e no ensinamento da própria Igreja, pelo texto-base da CF.

Que todas as reflexões, enormemente claras e lúcidas, corroborem no sentido da continuidade e de tudo o que nos acompanha ao longo da Quaresma, na nossa caminhada rumo à Páscoa definitiva! Nesta Quaresma de 2023, que a importância da nossa caminhada, sem nunca interromper ou parar com nossos passos, no desígnio de Deus, seja nosso seguro propósito. Importa, e como importa, manter os olhos fixos, indo longe, à frente e distante, até atingir seu intento ou finalidade, naquele objetivo claro e definido, como indicador de uma meta infinita, definitiva.

Às vezes estamos sozinhos, vendo-nos sem apoio e solidariedade, mas de modo algum não importa, que se siga firme. Evidentemente, é melhor andar juntos e em comunidade, pelas estradas da vida, na aragem que pede coragem. Deve ser mantida a viagem na estrada bonita da vida a qualquer custo, sim, mas aprendendo com as barreiras de um lado e do outro, indo adiante, mesmo na falta de solidariedade e na mediocridade de muitos.

A propósito das barreiras e da mediocridade, que possamos aprender com Dom Helder Câmara, em meio à nossa falta de boa vontade em caminhar, não nos esquecendo de que somos a Igreja Povo de Deus, peregrina na História: “Das barreiras a romper, a que mais custa e a que mais importa é, sem dúvida, a da mediocridade”. Conscientes de que o Senhor quer nos conduzir até a linha de chegada, de cabeças curvadas por causa do recebimento das cinzas, em sinal de humildade e implorando o perdão dos pecados, resta-nos acreditar que ele é grande e infinitamente maior.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Lembra-te de que és pó

 Pe. Geovane Saraiva*

És pó e em pó hás de te tornar (Gn 3, 17). Estas foram as poucas palavras pronunciadas pela primeira vez por Deus e dirigidas a Adão, em consequência do pecado cometido. Hoje, a Igreja, nesta Quarta-feira de Cinzas, as repete a cada cristão, para recordar a todos e a cada irmão e irmã, com a mais elevada clareza, três verdades inquestionáveis e fundamentais: o nada da criatura humana, a nossa condição de pecador, de pessoas frágeis, e a realidade inevitável da morte.

Deus, neste tempo de Quaresma, convida os seguidores de Jesus de Nazaré para uma aventura do amor incondicional a Deus, do amor aos irmãos e irmãs e do amor terno e afável pelo mundo. Deus quer que seja corajosa e incisiva a vontade de seus parceiros e aliados, na vocação de peregrinos na história do mundo e no tempo, que é rico e precioso, que passa depressa, em que há circunstâncias de morte; o lado cômodo da vida e também o fracasso dos projetos humanos, e demais contingências, parecem, nitidamente, tomar conta de um apoderamento de tudo. Deus mesmo, na realidade contrastante, paradoxal e antagônica, é infinitamente maior.

Ó Senhor, neste início de Quaresma, e em todos os dias, que possamos pensar, decididos e esperançosos, que nossa prece e nosso sacrifício subam aos céus por todos os irmãos e irmãs, pelo mundo que sente e passa fome. Que todas as pessoas consigam e possam carregar seus pedidos e intenções, lá no mais íntimo do íntimo. Ó Jesus, que todos possam obter, nesta Quaresma, a graça de cumprir todos os seus santos propósitos, por cada mulher e cada homem, imagem e semelhança de Deus, tendo o necessário para viver, num renovado sentimento de se buscar a dignidade de filhos de Deus, que já se inicia aqui na terra, no imperativo de Jesus: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16).

Concede, nós te pedimos, ó Deus misericordioso, desejarmos ardentemente o que é de teu agrado neste tempo de Quaresma! Parafraseando Dom Helder Câmara, num tom poético e profético: “Que eu aprenda afinal, ao menos nesta Quaresma, a cobrir de véus o acidental e efêmero, deixando, em primeiro lugar, apenas o mistério da redenção”. Que a vida, nas idas e vindas, infindas, dom e graça, seja, na palavra de Deus, advinda, vivida com mais atrativo; mais poderosa, mais que digna: auspiciosa!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Fotos: Capistrano para Canindé, bonito caminho!

 Fotos: Padre Geovane Saraiva (16/01/2018)

Viagem: Canindé a Capistrano (Mazagão), passando por Aratuba (CE 065 - Serra do Baturité). Fotografias nas ladeiras de Canindé a Aratuba e de Aratuba a Capistrano (Pai João), com os amigos Jardel Silveira e Francisco de Assis Silveira. Pelos lugares belíssimos, Deus seja louvado! 



















sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Fundo pessoal solidário

Pe. Geovane Saraiva*

Lembro-me de que há anos escutei, de pessoas empobrecidas, queixas e lamentos: O que vai ser de nós, sem um bispo? É que o bispo, que tanto ajudava aquele povo, ia deixar a diocese, por atingir a idade de 75 anos, pois teria que pedir renúncia de sua função, conforme a lei da Igreja. Convenhamos que isso acontece só mesmo pela indulgente generosidade das pessoas de boa vontade, na alegre confiança: a de que a justiça florirá, com paz em abundância para sempre (cf. Sl 71).

Na primeira reunião dos padres da Região São José deste ano (02/02/2023), ouvi dos lábios do Vigário Episcopal, Pe. Francisco Bezerra do Carmo, sobre o magnânimo, auspicioso e dadivoso gesto do Arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio Tosi Marques, na qualidade de bispo, pai e pastor, em sua edificante concretude desse gesto, que de sua renda pessoal, no “pro labore” e aposentadoria, constituiu um “fundo pessoal solidário”, indo ao encontro dos necessitados de toda natureza. Parabéns, Dom José Antônio! Que esse gesto desafiador, nunca revelado pelo senhor, possa se repetir entre os padres da Arquidiocese de Fortaleza e demais circunscrições eclesiásticas.

Tudo a partir do esforço de fidelidade a Deus, que conduziu seu povo naquela esperança, a única no mundo, de algo que Ele mesmo haveria de realizar: a salvação. A Igreja alimenta sempre e mais a fé dos cristãos, numa segura convicção de que a fé na salvação vai se realizando e acontecendo através da própria história. Que Deus nos dê a graça de sempre e cada vez mais compreender a vida humana na face da terra, de sentir compaixão diante da dor de uma multidão de irmãos, sem esquecer do perigo da indiferença.

Dom Helder, no seu modo de viver, começou por seu profundo amor pela Eucaristia, na sua maneira de celebrar a Santa Missa, a ponto de impressionar a comunidade, a assembleia do povo de Deus, pela sua sensibilidade humana, até mesmo chorando durante a celebração. Percebia-se nele coerência entre fé e vida, começando pela celebração de cada manhã, na Igreja das Fronteiras, em Recife-PE, expressando uma sólida convicção de que o Cristo presente na Eucaristia era o mesmo na pessoa do empobrecido, do marginalizado e do sofredor. “No rosto do outro encontrava o rosto dos milhões de oprimidos, nos quais via sempre o rosto de Cristo”.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Há 114 anos nasceu Dom Helder

Pe. Geovane Saraiva*

Dom Helder Câmara nasceu aos 07/02/1909, em Fortaleza-CE, e iniciou sua vida no ministério sacerdotal com 22 anos de idade, em profunda sintonia e comunhão com Jesus de Nazaré, pão da Vida, pão descido do céu. Eis um sinal vivo da presença de Deus, com a concretude do Dom da Paz, já no santinho de sua ordenação sacerdotal, na mesma cidade de Fortaleza (15/08/1931), assim se manifestou: “Angelorum esca nutrivisti populum tuum”, que quer dizer: “Teu povo se alimenta do pão do céu”.

Vem à mente o Pe. José Comblin, teólogo de saudosa memória, com sua luminosidade fulgurante, sendo seu distintivo peculiar, ao se manifestar no sentido de persuadir, no alargamento da mente e do coração das pessoas de boa vontade, imprimindo o caráter de perene imortalidade de Dom Helder: “Eu sou daqueles que têm a convicção de que os escritos de Dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina, daqui a mil anos, ao lançar sementes destinadas a produzir uma messe abundante nesta nova época do cristianismo”.

Conhecido como cidadão planetário, o mundo foi para Dom Helder Câmara campo de ação apostólica, vivendo-a a partir dos seus 27 anos na Cidade Maravilhosa-RJ (1936-1964). Cognominado Artesão da Paz, viveu a ternura e a solidariedade ao lado dos irmãos empobrecidos e, em 1948, na condição de padre jovem no Rio de Janeiro, acreditou ser possível seu sonho por um mundo melhor, ao externar: “Se eu pudesse, sairia povoando de sono e de sonhos as noites mal dormidas dos desesperados”.

Ele, pequeno na estatura, mas grande nos sonhos, nos ideais, era de uma beleza inusitada e incomparável, com aquele corpo franzino, mas que, pela pregação do Evangelho, se via transmutado e agigantado, na esperança utópica por um mundo justo, solidário e de paz. Que o dom maravilhoso do legado de Dom Helder seja percebido como uma mina de ouro a ser explorada, mas naquele seu sólido e incontestável compromisso: o do mundo solidário, reconciliado e pacificado em Deus!

Dom Helder era místico, sim, na exuberância magnífica de sua ação pastoral, identificado com seu povo, e, ao tomar posse, em 1964, como Arcebispo de Olinda e de Recife, no exemplo do Bom Pastor, assim se expressou: “Quem estiver sofrendo, no corpo e na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo”.

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Amor alegre e radiante

 Pe. Geovane Saraiva*

Senhor, nós confiamos em ti, que foste apresentado ao templo santo, conforme a liturgia da nossa Igreja do dia 2 de fevereiro. Peço que fiques perto de nós, perto dos últimos, dos indefesos, dos que perderam a esperança, dos que não têm futuro, dos que não têm coragem nem de elevar os olhos aos céus! Tenha compaixão de todos nós! Nos dê, Senhor, a graça da nossa constante presença diante de ti; nos dê paz, um alegre e radiante amor, ajude-nos e nos faça acreditar, como nas palavras de Santa Teresa de Calcutá: “As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam”.

Aquele Espírito alegre e radiante que marcou Jesus de Nazaré, com o selo do Pai, na missão de levar a Boa-Nova aos irmãos e às irmãs, pelo sacramento do batismo, quer também, em profundidade, nos marcar com o dom e a graça de vivermos nossa missão (cf. Lc 4, 18). É a palavra de Deus que vem ao nosso encontro, com o Filho sempre se dando a conhecer, apresentando-se diante de nós. Ao se revelar no encontro com a criatura humana, por meio de sua palavra, vê-se também a comunicação de alguém que é todo divino e bondade. Nós o vemos iniciando seu programa de vida, anunciando a salvação aos pequenos e empobrecidos, dando pleno cumprimento às palavras por ele anunciadas e sendo ele próprio a salvação.

Quem o escuta com os mais elevados sentimentos e espírito de fé nas Letras Sagradas encontra-se, evidentemente, com Jesus de Nazaré. Encontrá-lo significa perceber e, ao mesmo tempo, carregar consigo as marcas de uma etapa de vida, que nos faz antever numa nítida clareza, que é o dom da salvação de Deus. Para os que se dispõem a seguir esse caminho, Jesus os chama de amigos, chamados também a percorrer pelo caminho da verdade, ao abraçar a missão de fazer pela humanidade a mesma coisa que ele fez, aquilo que a criatura humana, por si só, jamais ousou fazer.

No exemplo do velho Simeão, que os nossos olhos fixos na salvação, e também em Jesus de Nazaré, nos ajudem a compreender as dificuldades pelas quais passa a humanidade, envolvida em desconcertantes trevas e crises. Como filhos da Igreja, repletos de confiança, somos convidados a reavivar o dom da fé e a reaprender com o Filho de Deus, dentro de uma postura lúcida e responsável, identificada com o seu Evangelho.

A salvação em Jesus, “luz para iluminar as nações”, só mesmo pela nossa confiança em ti, no compromisso por um mundo inflamado da força e da misericordiosa ternura de Deus, para que penetre sempre mais a consciência de que a Igreja é uma organização de voluntários, a qual espera, alegremente, muito de seus membros. Amém!

*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).