“Eles (as
autoridades) chegam pobres nas Índias ricas e
voltam ricos das Índias pobres”.
Pe.
Antônio Vieira
Padre Geovane Saraiva*

Quatro
séculos e cinco anos de nascimento de um homem extraordinário, patrimônio do
querido povo brasileiro, que carregou consigo uma marca indelével da beleza
como um mistério divino. Ao ser amado por Deus, encontrou o sentido da vida e o
amor floresceu em si e se transformou em dom para humanidade, pelo seu modo
austero de viver, traduzido em obras, como ele mesmo afirmava: “Para falar ao
vento bastam palavras, mas para falar ao coração, é preciso obras”.
Agradecemos
o dom precioso da vida de Padre Antônio Vieira, como um místico de grande
originalidade, literato, pensador e orador, de grande raridade. Mais de quatro
séculos de sua existência, para que, contemplemos a grandeza da bondade e da
misericórdia divina, neste homem que soube buscar a mais alta razão,
contribuindo para que a criatura humana se tornasse cada vez mais aberta e
voltada à beleza, que transcende e eleva-nos. “Oh, beleza sempre antiga e
sempre nova, quão tardiamente te amei!” (Santo Agostinho).
Olhamos
para uma personalidade talentosa, maior riqueza intelectual do século XVII.
Grandiosa foi sua alma e maior ainda seu coração, com conhecimentos e coragem
como ninguém, não ficando indiferente, sempre que a circunstância lhe exigisse
um posicionamento profético, sincero e concreto, em favor dos mais
desafortunados da vida, especialmente, indígenas e negros.
Como
religioso e sacerdote, escritor e orador, deixou-nos uma obra imorredoura. É só
olhar os inúmeros sermões, dentre os quais os mais célebres: O sermão do quinto
domingo da quaresma, o sermão da sexagésima, o sermão do bom ladrão, o sermão
de Santo Antônio aos peixes, entre outros.
Verdadeiramente
o amor de Deus o marcou profundamente e se fez dom para a humanidade, em
especial, ao povo brasileiro. Uma lenda assegura-lhe sua extraordinária
genialidade, que lhe foi concedida ainda na juventude, por Nossa Senhora, com a
colaboração de um anjo, que lhe indicou o caminho de volta para casa, ao se
encontrar perdido, no retorno da escola.
Após uma
vida longa, extremamente marcada pela graça de Deus, aos 89 anos de idade,
partiu para o seio do Pai, no dia 17 de junho de 1697, na boa terra, como se
costuma chamar a capital do Estado da Bahia. Deus seja louvado por este homem
de esplêndidas e excelsas virtudes, um referencial, em todos os campos da vida
humana. Aprendamos de Padre Antônio Vieira, irmão muito amado por Deus, no seu
rigor intelectual e no seu amor à verdade, como critério de vida,
neste pensamento: “E se um não é duro para quem ouve, creio que
não é menor a sua dureza para quem o diz”.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios
do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e
vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de Santo
Afonso
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores”
(centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal
Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos
empobrecidos).
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