Padre Geovane Saraiva*

Para todos aqueles que desejam ardentemente
viver a sua fé, no seguimento de Jesus de Nazaré, urge pensar e refletir sobre
sua própria existência e vocação, no sentido mais amplo da antropologia cristã:
ser pessoas otimistas, num mundo extremamente marcado pelo pessimismo, com o
compromisso de edificá-lo, através da fé que professam, numa dinâmica, sempre
projetada para o futuro, num desejo de ajudar a perceber o momento presente,
nos sinais de esperança e otimismo.
Francisco de Assis, no seu otimismo e
no seu relacionamento íntimo com Deus e com suas criaturas, rendia graças ao
bom Deus deste modo: “Tu és o santo Senhor e Deus único, que operas maravilhas.
Tu és forte; tu és grande; tu és o altíssimo. Tu és o rei onipotente, santo
pai, rei do céu e da terra; tu és o trino e o uno, Senhor e Deus, o bem
universal; tu és o bem, todo bem, o sumo bem, Senhor e Deus, vivo e verdadeiro.
Tu és a delícia do amor; tu és a sabedoria; tu és a humildade; tu és a
paciência; tu és a segurança; tu és o descanso; tu és a alegria e o júbilo; tu
és a justiça e a temperança; tu és a plenitude da riqueza; tu és a beleza; tu
és a mansidão; tu és o protetor; tu és o guarda e o defensor; tu és a
fortaleza; tu és o alívio; tu és nossa esperança; tu és nossa fé. Tu és nossa
eterna vida, ó grande e maravilhoso Deus, Senhor onipotente, misericordioso
redentor”.
Olhando para a vida desse homem que
viveu em toda sua plenitude na graça de Deus, supliquemos ao nosso bom Deus
para que a nossa vida aqui na terra seja uma bela caminhada, que podemos chamar
de êxodo rumo à eternidade. Por causa da eternidade, que já experimentamos
aqui, de algum modo, Deus exige algo de cada batizado, numa palavra, a ser
sinal de contradição. Como tão bem disse Dom Aloísio Lorscheider na sua Carta
Pastoral de oito de dezembro de 1989: “O Reino de Deus não se constrói sem sacrifício, sem
renúncia a si mesmo, sem aceitação da cruz. Celebrar é recordar aqui e
agora o que Deus realizou no passado da história da salvação, tornando vivo e
presente todo esse passado e projetando-o ativamente para o futuro”.
O exemplo mesmo
vem do Filho de Deus, na profecia do velho Simeão, que se realizou na realidade
e cultura de seu tempo, resgatando a esperança e trazendo otimismo para a
humanidade, ao colocar o menino nos braços e dizer: Este menino será sinal de
contradição (cf. Lc 2, 33-35). Embora ele assumisse em tudo a condição humana,
menos o pecado, causou escândalos e conflitos, além de questionar os donos
poder, ao mesmo tempo em que defendeu os marginalizados e excluídos. Por fim
recebeu o preço de sua missão: a morte de cruz.
No alto da montanha, Jesus Cristo,
antes da sua paixão, com Moisés e Elias revelou o esplendor de sua face amiga,
dizendo-nos que haveremos de nos transfigurar, na seguinte afirmação: “Nós
somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. Ele
transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo
glorioso” (Fl 3, 20-21).
Guardemos no íntimo do coração a
mensagem de otimismo e esperança, deixada por Dom Helder Câmara, o artesão da
paz e cidadão do mundo, ao falar com paixão que Deus é amor: “Fomos nós, as
tuas criaturas que inventamos teu nome!? O nome não é, não deve ser um rótulo
colado sobre as pessoas e sobre as coisas... O nome vem de dentro das coisas e
pessoas, e não deve ser falso... Tem que exprimir o mais íntimo do íntimo, a
própria razão de ser e existir da coisa ou da pessoa nomeada... Teu nome é e só
podia ser amor”.
*Padre da
Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
Pároco de
Santo Afonso
Nenhum comentário:
Postar um comentário