quinta-feira, 27 de junho de 2013

Goebbels, o monstro de um metro e meio

O ministro da Propaganda nazista era favorável à guerra total contra o mundo


Joseph Goebbels (à direita) um narcisista patológico controlado por Adolf Hitler. (Foto: Arquivo)
Por Marco Lacerda*

Joseph Goebbels foi – e continua sendo – um dos nazistas mais odiados que existiram e, contraditoriamente, uma das figuras retóricas favoritas do partido. Um dos dirigentes mais famosos do III Reich, era chamado de Mefistófeles, demagogo vil, dissoluto, satânico. No seu ‘Um diário dos anos nazistas’, inédito no Brasil (à venda na Amazon Books por US 12), Victor Klemperer define Goebbels (1897-1945) como “o mais venenoso e perverso de todos os nazistas”, que se suicidou ateando fogo ao corpo no bunker de Hitler.
Ao mesmo tempo, Goebbels é reconhecido como o historiador como o maior propagandista de todos os tempos. Media pouco mais que um metro e meio e sofria, desde menino, de atrofia e parálisis crônica do pé direito, o que sempre foi motivo de anedotas e deboche sempre que ele discursava sobre a superioridade da raça ariana no qual se incluía.
Mas nem seus defeitos físicos e morais o impediram de desfrutar de aventuras sexuais invejáveis – que ele mantinha anotadas em seu diário – e ganhar fama de garanhão. Porta-voz de Hitler, antisemita radical e impiedoso, ministro de Propaganda do regime mais atroz da história da Humanidade, Goebbels foi um defensor fanático da violência nazista que deixou rastros de violência nas batalhas de rua e da declaração de guerra total contra o mundo.
Intelectual fracassado
A este edificante indivíduo dedicou uma monumental biografia (1.052 páginas) o grande especialista em III Reich Peter Longerich, autor também de outra obra colossal sobre Heirich Himmler. No livro, Longerich, professor de história contemporânea na Universidade de Londres, revela as crises de intelectual fracassado de Goebbels e sua decisão final de morrer com sua família junto a Hitler, em abril de 1945, oferecendo uma visão completa do mesmo com detalhes nunca revelados antes.
O historiador afirma que Goebbels sofria de um transtorno narcisita de personalidade que o levava a buscar compulsivamente o reconhecimento e o elogio, o que estabeleceu sua dependência de Hitler ao convertê-lo no ídolo ao qual se subordinou para conquistar legitimação e gratificação. Esse narcisismo patológico, atribuído à falta de atenção materna na infância, explica sua devoção ao Fuhrer e sua determinação de afastar quem ameaçasse a relação entre os dois.
Perguntado se havia amizade entre Hitler e Goebbels, Longerich diz que Hitler não tinha amigos pessoais. No caso do ministro da Propaganda, era um homem extremamente dependente do líder nazista. Que pena teria recebido Goebbels caso não tivesse se suicidado no bunker do ditador e, em vez disso, comparecido ao tribunal de Nuremberg? “Sem dúvida a execução”, afirma o historiador.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e editor especial do DomTotal

Nenhum comentário:

Postar um comentário