Carlos Alenquer
Segundo, porque você vê, ao arrumar os livros, que tem aquele exemplar, gentilmente oferecido pelo amigo, perdido no meio de dicionários em vez de estar na seção devida – razão pela qual ficou sumido durante seis meses e fez com que, nas vezes em que o autor pediu sua opinião sobre o romance, mentisse descaradamente, pondo a culpa na diarista que foi espanar a estante e misturou poesia com ensaios, história com ficção e outras que tais.
Finalmente, porque é incômodo encontrar um livro de crônicas de Antônio Maria, também sumido, e descobrir nele anotações (quem teria lido isso, por pura curiosidade?), feitas com indicações gráficas comprometedoras, contando certos segredos que numa época faziam sentido – e talvez ainda façam.
Que nem esta frase, marcada escandalosamente em amarelo, grifos azuis e setas vermelhas: “Há uma briga que data não sei de quando entre o homem e a mulher. Briga que só o amor desfaz”. [30/jul/2013]
Heróis e heroínas. O que fazem nossas estrelas hollyoodianas quando não participam dos blockbusters que arrasam quarteirões, corações e mentes, com roteiros improváveis mas coerentes, histórias exageradas mas nos limites do que pode a nossa vã filosofia cinematográfica? Ficam isolados em suas mansões de Beverly Hills, promovendo orgias, enquanto aguardam algum produtor famoso convidá-las a participar em mais um filme de sucesso? Ou vão participar do prograqma da Oprah Winffrey, contando como estão felizes com seu último casamento?
Exemplo que está no ar a qualquer hora do dia ou da noite: o queridinho George Clooney vivendo um bandido silencioso e solitário (The American/Um Homem Misterioso) que cumpre um roteiro óbvio durante umas duas horas, dividindo seu tempo entre o pároco local e a prostituta mais bonita do pedaço.
Carimbo na faixa. Fez bem o Cuca em colocar o mistão em campo para enfrentar o Cruzeiro na semana do título da Libertadores. Fosse o time principal, e o vexame seria maior. De qualquer forma, não há como fugir da goleada. É água que não acaba mais no chope preto-branco. [29/jul/2013]
Carlos Alenquer começou como jornalista (repórter e redator de rádios e jornais) em Fortaleza, depois no Rio e em Belo Horizonte. Migrou para a propaganda, mas continuou colaborando em vários jornais e revistas. Tem dois livros publicados: Anúncios (Achiamé, Rio) e 21 Poemas (Mazza, BH).
Dom Total
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