Por Gustavo Werneck
No Dia da Assunção de Nossa Senhora e consagrado a Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, os integrantes das caravanas dos 28 municípios que compõem a Arquidiocese de Belo Horizonte assistiram à missa campal, celebrada em frente à ermida do século 18, dançaram ao som de bandas católicas e lembraram, com emoção, o encontro com o papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no mês passado, no Rio de Janeiro.
“Este é o primeiro grande encontro dos jovens depois de três eventos importantes: as manifestações nas ruas, em junho, Semana Missionária e JMJ. A avaliação que fazemos é muito positiva, principalmente vendo o entusiasmo desta multidão aqui no alto da serra”, disse o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Segundo ele, o Secretariado Arquidiocesano da Juventude vai direcionar as ações para que os jovens atuem como verdadeiros missionários e sigam as palavras do pontífice. “Este clima de alegria é fundamental para o trabalho”, afirmou dom Walmor, rodeado de rapazes e moças carregando faixas, cartazes e bandeiras.
Ao lado, o bispo auxiliar e coordenador do setor de Juventude da arquidiocese, dom João Justino de Medeiros Silva, explicou que estão sendo feitas reuniões com os coordenadores de Juventude – a primeira foi segunda-feira e a próxima, dia 23. “As conversas são importantes para organizarmos as tarefas e identificarmos todas as questões. O maior legado da JMJ, sem dúvida, é a adesão e entusiasmo de todos, principalmente nesta 18ª Peregrinação Arquidiocesana da Juventude”, disse dom João Justino.
Era ainda bem cedo quando gente de todas as idades – havia peregrinos muito idosos e outros com bebês de colo – começou a trilhar os dois quilômetros que ligam a Praça Cardeal Mota (estacionamento de ônibus e vans) ao topo da montanha. Alguns preferiram não esperar pela grande procissão que chegou às 11h à ermida – pintada de branco e amarelo e que parecia estar envolta por uma nuvem, tal a intensidade da neblina e velocidade do vento. Decididos, Dimas Miranda, de 21 anos, Ivone Ferreira, de 13, Rafaela, Costa, de 15, Robson Silva, de 20, e Rodrigo Almeida, de 18, do Bairro Monte Azul, na Região Norte da capital, saíram na frente. “Gostamos muito das palavras do papa e este passeio é muito bom”, disse Dimas. Robson acrescentou: “Estamos protegidos por Deus, então, não temos medo nem do frio”.
Na estrada, voluntários com megafones davam as boas-vindas aos peregrinos, enquanto outros carregavam faixas com o tema da JMJ – “Ide e fazei discípulos” –, além de frases ditas pelo papa Francisco nos discursos e homilias no Rio de Janeiro e em Aparecida (SP). Um dos momentos mais emocionantes foi, sem dúvida, a chegada dos milhares de católicos à singela capela, tendo à frente a imagem de Nossa Senhora da Piedade, escoltada pelo padre Márcio Ribeiro, coordenador do setor de Animação Vocacional. Para garantir o entusiasmo da turma, um carro de som, com DJ, tocava músicas de temática religiosa. Uma ruidosa salva de palmas marcou os últimos passos da caminhada.
Caminhos abertos
Desafiando a temperatura de 8 graus, o estudante de administração Jirios Abboud, de 22, chegou à ermida sem casaco, vestido com uma camisa em homenagem a Minas Gerais. Coordenador do grupo de Formação de Adolescentes Cristãos da Paróquia de Santo Afonso de Ligório, do Bairro Renascença, na Região Nordeste de BH, ele ficou feliz por ver tantos jovens reunidos. “A fé nos movimenta e nos dá forças. Não me esqueço do papa Francisco, que tocou o nosso coração. Ele abriu a cabeça da juventude ao falar sobre o diálogo das religiões, opções sexuais, pobres e de outros assuntos”, destacou o estudante, cercado de amigos.
Durante a peregrinação, o sol chegou a aparecer por algumas vezes, mas, assim como vinha, sumia rapidamente, sem deixar vestígios nem um pingo de calor. Prevenidas, as amigas Elaine Parreiras, engenheira de segurança, e Renata Costa, servidora pública, da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, usaram toucas de lã e levaram lanche na mochila. “É a primeira vez que venho à Serra da Piedade e já vi que é um lugar ótimo para rezar”, disse Elaine.
Larissa Gomes da Silva, de 16, Janaína da Silva de Paula e Alexandre Miguel da Silva, ambos de 18, consideraram o feriado “perfeito”. Janaína recordou a Jornada da Juventude e voltou em pensamentos à vigília na Praia de Copacabana, antes da missa de encerramento com cerca de 3 milhões de pessoas. “Dormimos na praia”, brincou Larissa. Perto dali, empunhando a Bandeira do Brasil, o sorridente Wesley de Souza, de 27, do Bairro Cabana, contava que o “pavilhão nacional” foi presente da delegação do Zimbábue à Paróquia Cristo Luz dos Povos, durante a Semana Missionária, em BH.
Muitos pais levaram os filhos, e os pequenos não reclamaram de nada. “Somos uma família católica e é bom ensinar os mandamentos da Igreja desde cedo”, disse Rosana Matias de Souza, abraçada a Maria Clara, de 7 anos. Sentada no adro, a técnica de enfermagem Alexandra Alves da Silva acompanhava toda a missa presidida por dom Walmor bem juntinho do filho Matheus Felipe, de 9.
SIR
Dom Total
Nenhum comentário:
Postar um comentário