Marcus Eduardo de Oliveira
Levantamento feito pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) apontou que em dezembro de 2010 havia 64,8 milhões de veículos registrados no Brasil (ver gráfico abaixo), embora a quantidade real em circulação seja de 38 milhões, com estimativa de se chegar a 50 milhões de unidades em 2020.
Considerando uma população de 190,732 milhões (Censo IBGE, 2010), o país tem uma média de um carro para cada 2,94 habitantes.
Em apenas 12 meses (entre 2009 e 2010), as ruas brasileiras “ganharam” 5,456 milhões de carros. Esse aumento superou a produção do setor: em 2010, a indústria automobilística produziu 3,638 milhões de veículos no Brasil, número considerado recorde.
Ainda de acordo com o Denatran, as cinco cidades brasileiras com maior frota automobilística são: São Paulo (6,390 milhões), Rio de Janeiro (2,063 milhões), Belo Horizonte (1,340 milhões), Curitiba (1,247 milhões) e Brasília (1,245 milhões).
Veja gráfico acima
Esse dado do aumento da frota automobilística, tanto os registrados quanto e, principalmente, os que estão em circulação, traz junto uma triste notícia: para neutralizar todo o CO2 gerado pela queima de combustíveis dessa enorme frota, o país precisa aumentar em mais 11 vezes a cobertura de Mata Atlântica.
O fato agravante é que boa parte das emissões se dá em razão do combustível utilizado nos carros ser de origem fóssil, no caso dos derivados de petróleo, o que gera o dióxido de carbono (CO2), o principal poluente. A isso se somam o monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx), outros poluentes que “contribuem” para degradar o ambiente.
Tomando como base o Primeiro Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, o Ministério do Meio Ambiente projetou que em 2009 tenham sido emitidas quase 170 milhões de toneladas de CO2; para 2020, as projeções poderão alcançar 270 milhões de toneladas de carbono, sendo que 36% viriam da frota de caminhões, 13% dos ônibus, 3% das motocicletas e 40% dos automóveis.
O exemplo do Estado de São Paulo talvez seja o mais ilustrativo em termos dos agravantes causados pela poluição. Dono da maior frota automobilística do país, em 2011 mais de 13 milhões de veículos circularam por todo o estado paulista, a maioria carros particulares (9 milhões). Esses veículos emitiram mais de 51 milhões de toneladas de CO2. De acordo com estudos feitos pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), essas emissões se aproximam de todo o desmatamento ocorrido na Amazônia no ano de 2010, com emissão de 83 milhões de toneladas de CO2.
Não muito diferente disso, o caso da cidade de São Paulo também merece maior atenção. Estudos recentes apontam que todos os dias 8,2 toneladas de poluentes são despejadas sobre a cidade. São mais de três milhões de toneladas/ano, 90% delas provenientes de veículos automotores. A pior parte vem dos motores movidos a diesel.
Verificando o que acontece nas seis regiões metropolitanas do Brasil, descobre-se que são gastos quase meio milhão de reais ao ano apenas para tratar as questões relativas à poluição advindas, em especial, do intenso trânsito nas grandes cidades que diariamente nos “brindam” com emissões de poluentes diversos e seus resultantes: Monóxido de Carbono (CO), que causa tonturas e dores de cabeça; Hidrocarbonetos (HC) que contribui para a irritação nos olhos, nariz, pele e parte do sistema respiratório; Óxido de Nitrogênio (NOx) com irritação e contrição das vias respiratórias, e Materiais Particulados (MP).
*Marcus Eduardo de Oliveira é economista com especialização em Política Internacional e mestrado em Estudos da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). É professor de economia do UNIFIEO e da FAC-FITO, em Osasco/SP. Autor dos livros 'Conversando sobre Economia' (Editora Alínea), 'Pensando como um economista' (Editora EbookBrasil) e 'Humanizando a Economia' (Editora EbookBrasil – livro eletrônico). Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br
Dom total
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