Padre Geovane Saraiva*
Jamais podemos esquecê-lo, na sua doçura e ternura em pessoa, alegria constante, posições corajosas e determinadas, ao mesmo tempo, pregava e anunciava o Evangelho com coragem profética e grande sabedoria, carregando sempre no seu grande coração as alegrias, as esperanças, as tristezas, as angústias e os sofrimentos de sua querida gente (cf. GS 200). Além de travar, sem jamais se cansar, uma luta pela redemocratização, pela liberdade de expressão, pela dignidade da pessoa humana e pelo fim da tortura em nosso querido Brasil.
Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília, fala assim:“como foi preciosa sua participação no Concílio Vaticano II, no início do seu episcopado. Entretanto, o significado de sua figura e o alcance de sua atuação vão muito além do interior da Igreja, repercutindo na sociedade brasileira e no mundo. Homem de diálogo, conforme o espírito do mesmo Vaticano II, empreendendo esforços para a edificação de uma sociedade justa, solidária e fraterna, querida pelo Criador e Pai”.

Na Arquidiocese de Fortaleza, nos seus 22 anos à frente da mesma, seu modo de proceder foi como que, sine qua non, no sentido de que o povo de Deus compreendesse o seu chamado na grande tarefa de evangelizar a realidade do mundo por ele vivida. Quis ele mostrar, através de sinais e gestos concretos, que toda Igreja é missionária, no âmbito da economia, da política e, sobretudo, da promoção da justiça e da paz, sem jamais esquecer a realidade do trabalho, saúde e educação, sonhando com um modelo de Igreja que sai do templo e vai às ruas, sendo uma presença viva no meio do povo, num ardente desejo de ver a realidade transformada.
Dizia o Cardeal Lorscheider: “Enquanto tivermos o povo à margem, excluído do processo econômico, social e cultural, nós não podemos nos iludir que vamos resolver os problemas do Brasil”. Padre Manfredo Araújo de Oliveira interpretou com muito rigor e sabedoria esse pensamento do nosso terno e eterno pastor:“Dom Aloísio Lorscheider, com muita ternura, mas com firmeza profética, levantou sua voz em nome de Deus para denunciar as injustiças gritantes, presentes na vida dos cearenses, frente a uma sociedade que, tendo se acostumado com a miséria como algo natural, se tornava insensível aos sofrimentos humanos”.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-Presidente da Previdência Sacerdotal
Pároco de Santo Afonso
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