Cientistas da ONU culpam mais claramente o homem por aquecimento global. (Foto: AFP) |
Por Alister Doyle e Simon Johnson
Leia também: Veja conclusões do relatório climático da ONU
Estocolmo - Importantes cientistas do clima disseram nesta sexta-feira (27) que há mais certeza do que nunca que a atividade humana é a principal responsável pelo aquecimento global, e alertaram que o impacto das emissões de gases do efeito estufa pode durar séculos.
Confira também o vídeo: Painel climático da ONU prevê fenômenos extremos
O relatório do Painel Integovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) minimiza a desaceleração do aquecimento nos últimos 15 anos, argumentando que há variações naturais que mascaram a tendência de aquecimento no longo prazo.
O texto diz que a Terra deve esquentar ainda mais e enfrentar mais ondas de calor, inundações, secas e elevação do nível dos mares à medida que os gases do efeito estufa se acumulam na atmosfera. Os oceanos se tornariam mais ácidos, numa ameaça à vida marinha.
"É extremamente provável que a influência humana seja a causa dominante para o aquecimento observado desde meados do século 20", disse o sumário divulgado após uma semana de discussões em Estocolmo. O texto deve servir para amparar decisões de gestores públicos na migração dos combustíveis fósseis para as energias mais limpas.
"Extremamente provável" significa uma probabilidade de pelo menos 95%. No relatório anterior, de 2007, essa probabilidade era calculada em 90%, e em 2001 era de 66%.
O relatório, compilado a partir do trabalho de centenas de cientistas, enfrentará escrutínio extra neste ano, já que o relatório de 2007 incluiu um erro que exagerava o ritmo de degelo dos glaciares do Himalaia. Uma revisão externa posterior concluiu que o erro não afetava as conclusões principais.
Céticos que questionam as provas da ação humana no aquecimento e a necessidade de ações urgentes ficaram animados com o fato de as temperaturas terem subido mais lentamente nos últimos anos, apesar do aumento nas emissões de gases do efeito estufa.
O IPCC reiterou, em relação a 2007, que o aquecimento é uma tendência "inequívoca", e disse que alguns efeitos durarão por muitas gerações.
"Como resultado das nossas emissões de dióxido de carbono no passado, no presente e as esperadas para o futuro, estamos comprometidos com a mudança climática, e os efeitos vão persistir por muitos séculos, mesmo que as emissões de dióxido de carbono parem", disse Thomas Stocker, copresidente do IPCC.
Christiana Figueres, principal autoridade climática da ONU, disse que o relatório salienta a necessidade de uma ação urgente para combater o aquecimento global. Os governos prometem definir até o final de 2015 um acordo da ONU para combater as emissões.
"Para guiar a humanidade imediatamente para fora da zona de perigo, os governos devem intensificar a ação climática imediata e moldar um acordo em 2015 que ajude a ampliar e acelerar a reação global", disse ela.
O relatório disse que as temperaturas devem subir entre 0,3 e 4,8 graus Celsius até o final do século 21. A previsão mínima só seria alcançada se os governos reduzissem drasticamente as emissões de gases do efeito estufa.
O nível do mar, disse o relatório, pode subir entre 26 e 82 centímetros até o final do século, por causa do degelo das calotas polares e da expansão da água marinha ao ser aquecida Isso ameaçaria cidades litorâneas em lugares tão distantes quanto Xangai ou o Rio de Janeiro.
Leia também: Veja conclusões do relatório climático da ONU
Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário