Vista aérea da reserva florestal amazônica de Trairão, oeste do Pará.
Washington - A Amazônia tem 390 bilhões de árvores e grande parte pertence a poucas espécies, sendo o açaizeiro a mais comum delas, revelou o primeiro censo arbóreo realizado na maior floresta tropical do mundo, que teve seus resultados publicados na edição desta sexta-feira na revista americana Science.
Por dez anos, os cientistas encararam a empreitada ambiciosa de catalogar os tipos de árvores observadas com maior frequência na extensa bacia amazônica, que se espalha por Brasil, Peru, Colômbia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Após compilar dados de 1.179 levantamentos florestais, os cientistas descobriram, pela primeira vez, que a espécie mais comum encontrada na Amazônia é o açaizeiro (´Euterpe precatoria´).
No total, eles descobriram que a Amazônia tem cerca de 390 bilhões de árvores de 16 mil espécies diferentes, mas a metade dessas árvores pertence a apenas 227 espécies.
Em outras palavras, 1,4% do total das espécies representa a metade de toda a floresta. Os cientistas denominam essas árvores comuns de "hiperdominantes". Entre elas estão a castanha-do-pará (´Bertholletia excelsa´), o cacaueiro (´Theobroma cacao´), a seringueira (´Hevea brasiliensis´) e o açaizeiro.
Para alguns especialistas, essas árvores têm incidência tão alta na floresta porque foram ativamente cultivadas pelos povos indígenas que habitaram a região por milênios.
Outros, segundo o co-autor do estudo, Nigel Pitman, pesquisador visitante do Museu Field de Chicago, "acreditam que aquelas árvores eram dominantes muito antes, inclusive, da chegada dos humanos nas Américas".
O censo também revelou raridades da Amazônia, sugerindo que cerca de 6.000 espécies têm populações inferiores a 1.000 árvores individuais.
Isso significa que elas seriam classificadas como espécies ameaçadas, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Mas o pequeno número representa um desafio para os conservacionistas, explicou o coautor do estudo, Miles Silman, da Universidade Wake Forest.
"Nossos modelos nos dizem que as espécies muito difíceis de encontrar respondem por grande parte da biodiversidade do planeta", disse Silman.
"Este é um problema real para a conservação porque as espécies em maior risco de extinção podem desaparecer antes mesmo de nós as encontrarmos", concluiu.
AFP
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