Padre Geovane
Saraiva*
Santa Teresinha do Menino Jesus foi chamada para o seio do Pai há 118 anos, aos 30 de setembro de 1897. Como poderia se tornar padroeira das Missões
uma monja de vida contemplativa, sem jamais deixar a clausura, de uma vida tão
curta? Quais as realizações de Teresinha para merecer tão honroso título? Veja o
que ela disse: “Quereria percorrer a terra, pregar o
teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem Amado, uma
missão só não me bastaria: Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas
cinco partes do mundo e até nas ilhas mais longínquas”.1
Tenho a profunda
convicção de que Santa Teresinha fundamentou a sua vocação contemplativa e
missionária na Palavra de Deus, no imperativo de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ide
pelo mundo inteiro e pregai e Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15),
oferecendo-lhe a sua curta existência, ao colocar no coração da Igreja sua
silenciosa, alegre e generosa doação, como uma perfeita oferenda.
Sua
extraordinária atividade consistiu em realizar a vontade de Deus, começando nas
pequenas coisas, como afirma o Evangelho: “Quem é
fiel nas coisas pequenas também será nas grandes” (Lc 16, 10). Ela que
não implantou obr as, as quais
merecessem aplausos das pessoas e do mundo. Também não fundou mosteiros como
fez Santa Teresa de Jesus (Teresa D’Ávila) e também não abr açou
o anúncio do Evangelho, através da profecia, do ardor, do entusiasmo e do
despojamento, na renúncia e doação generosa, a exemplo do apóstolo do Oriente, São
Francisco de Xavier. Santa Teresinha
quis mostrar ao mundo o quanto é importante e salutar a aceitação das nossas
próprias limitações e da nossa pequenez. Que não devemos nos envergonhar da
nossa humanidade. Não há nada de especial e extraordinário na vida dessa monja,
a não ser a sua simplicidade, humildade e confiança inabalável no amor
misericordioso de Deus e Pai.
Seu jeito
de viver consistiu na grandiosa e inigualável busca da vontade de Deus, de tal
modo foi, que nos dias de hoje é considerada a maior Santa dos tempos modernos.
Santa Teresinha nos ensina que a oração é o sustento da nossa ação missionária
e que o sucesso no nosso trabalho depende da nossa íntima e estreita união com
Deus, nos quais a contemplação da face de Deus é a arma imprescindível e
poderosíssima, no sentido de sensibilizar as pessoas na realização de seus
sonhos e projetos.
Santa
Teresinha morreu consumida pelo amor, prometendo que faria descer sobr e a terra uma contínua chuva de rosas. Ela a realizou
e continua a realizar essa promessa, vivendo na presença de Deus, realidade
inexprimível e indizível, nos incontáveis milagres, compreendido a partir da Palavra
da verdade e no Espírito santificador. Para a nossa reflexão, eis o seguinte
pensamento da padroeira das missões: “Ó Jesus, meu Amor! Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação
é o Amor... Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e esse lugar, ó meu Deus,
fostes Vós que mo destes... No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor...
Assim serei tudo! Assim o meu sonho será realizado!”. 3
_______
1 História
de uma Alma, B, 3r.
2 Idem.
3 Ibidem. B, 3v.
*Padre da Arquidiocese de
Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal e Blogueiro - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas
Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e
compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o
pastor dos empobrecidos);
"25 Anos sobre Águas Sagradas (coletânea
de artigos e fotos).
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