sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Adriano Moreira e D. Manuel Clemente destacam «autenticidade» como marca do Papa

Francisco

Nove meses de pontificado mostraram determinação na proposta de valores face à crise global

Lusa
Lisboa, 13 dez 2013 (Ecclesia) – O professor universitário Adriano Moreira e o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, destacaram a “autenticidade” como a principal marca dos primeiros nove meses de pontificado do Papa Francisco.
“A autenticidade é o remédio e a autenticidade é o que está nas palavras do Papa”, refere Adriano Moreira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
D. Manuel Clemente manifesta-se no mesmo sentido, frisando que Francisco continua a ser o mesmo que era enquanto arcebispo de Buenos Aires, na Argentina, sua terra natal.
“Este Papa convence muito porque é muito autêntico, as pessoas nem precisam de grandes discursos para ver que é tal e qual assim, não é só dizer, é ser”, sustenta.
Adriano Moreira sublinha que, ao contrário de “instituições que têm responsabilidades públicas”, Francisco “já compreendeu que o mundo mudou”, o que explica as suas prioridades no combate ao “abandono dos princípios”.
“Ele está a dar esse exemplo num período naturalmente muito difícil, em que a diminuição dos fiéis é enorme, há mesmo o risco de se tornar minoria na Europa em que vivemos e sobretudo numa época em que região que foi considerada a mais rica do mundo, influente, consumista, substituiu o credo dos valores pelo credo do mercado”, precisa.
D. Manuel Clemente recorda a primeira exortação apostólica do Papa, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho) para frisar a necessidade de a Igreja “alimentar a própria esperança do mundo e ultrapassar uma crise que é muito mais profunda do que só o aspeto financeiro ou económico, embora esses sejam muito complexos e gravosos”.
“Nós não somos indivíduos para o consumo, no sentido mais materialista do termo, nós somos pessoas que só nos realizamos com outras pessoas e não devemos ficar descansados enquanto os outros não forem também reconhecidos como pessoas”, prossegue, falando num pontificado “esperançoso”.
Adriano Moreira acredita que o Papa vai continuar a lutar para que “o mercado seja condicionado por uma ética” e a trabalhar “no sentido de reformar o Vaticano”.
“Não espero que ele faça coisas revolucionárias, incitamentos. Ele vai continuar como São Francisco [de Assis] se for possível até sem palavra, só o exemplo já serve de pregação”, conclui.
Jorge Mario Bergoglio, que vai completar 77 anos de idade no próximo dia 17, foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março, após a renúncia do agora Papa emérito.
Francisco é o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e o primeiro pontífice sul-americano.
Em nove meses, o Papa argentino visitou o Brasil (Rio de Janeiro e Aparecida) e realizou três viagens à Itália, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa.
Entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), tendo ainda sido convocado um Sínodo sobre a Família, que vai decorrer em duas sessões: uma extraordinária em 2014 e outra ordinária, em 2015.
Francisco criou um Conselho de Cardeais, com membros dos cinco continentes, para o aconselharem no Governo da Igreja e na reforma da ‘Constituição’ do Vaticano, e aprovou nova legislação para regular a atividade financeira do pequeno Estado e da Santa Sé.
O Papa, que concedeu uma entrevista às revistas dos jesuítas, foi eleito pela revista Time como ‘personalidade do ano’ de 2013.
MD/PR/OC

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