quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ana Paula: 'Fomos anistiados por um crime que não cometemos'

Ana Paula Maciel lamenta que Rússia não retirou acusação de vandalismo.
Prestes a receber visto, ativista deve voltar ao Brasil neste fim de semana.

Dennis BarbosaDo G1, em São Paulo

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Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace, se encontra no aeroporto de São Petersburgo, na Rússia, com a sobrinha Alessandra e a mãe, Rosângela, neste domingo (24) (Foto: Dmitri Sharomov / Greenpeace)Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace, se
encontra no aeroporto de São Petersburgo,
na Rússia, com a sobrinha Alessandra e a mãe,
Rosângela, neste domingo (24)
(Foto: Dmitri Sharomov / Greenpeace)
A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, está prestes a deixar a Rússia, graças àanistia aprovada pelo Parlamento russo, mas não considera justa a forma como aconteceu a liberação, já que a acusação de vandalismo pela qual respondia, não foi retirada. “Eles só pararam com as investigações. O que vai acontecer é que eles param de investigar, e colocam no seu histórico que fui acusada de vandalismo e recebi  a anistia. Continua não sendo justo”, diz a ativista.
Em sua opinião, o mais correto seria isentar de acusação o grupo de 30 pessoas detidas por protestar numa plataforma de petróleo no Ártico. “Recebemos a anistia por um crime que não cometemos. Estou preocupada pelos meus companheiros russos, pois eles terem uma ficha criminal dessa aqui na Rússia, é complicado”.
O britânico Anthony Perrett, primeiro militante do Greenpeace a receber visto russo, mostra seu passaporte com o visto russo.  (Foto: AFP Photo/Olga Maltseva)O britânico Anthony Perrett, primeiro ativista do
Greenpeace a receber visto para deixar a Rússia,
mostra seu passaporte.
(Foto: AFP Photo/Olga Maltseva)
Nesta sexta-feira (27), Ana Paula, a exemplo de outros estrangeiros dos “30 do Ártico”, deve receber em São Petersburgo um visto de trânsito com validade de três dias, que permitirá sua saída da Rússia.
Ela, que já havia saído da prisão, mas aguardava o processo sem sair do país, deve voltar imediatamente a Porto Alegre, de onde vem, após cinco meses afastada dos amigos e familiares – 2 meses embarcada no navio Arctic Sunrise e 3 meses detida em Murmansk e São Petersburgo.
A brasileira diz que, por enquanto, não tem uma nova ação planejada, mas deve voltar a uma embarcação da organização ambientalista tão logo esteja descansada do período que passou presa.
Ana Paula ainda se preocupa com o que acontecerá com o navio que levou os ativistas até a plataforma da empresa Gazprom no extremo norte do globo. “Não temos ideia de quando pretendem devolver o navio. É um processo. Metade  do meu coração fica em Murmansk, pois o barco era nossa casa. Nos últimos 5 anos,  vivi uns  3 anos dentro dele”, calcula.
A bióloga brasileira, em entrevista ao G1, ainda lamentou que a ação do Greenpeace não impediu a companhia russa de explorar o petróleo na região ártica. “É um ciclo vicioso. As empresas exploram o petróleo, o uso de combustíveis fósseis aquece o planeta, fazendo o gelo do Ártico recuar e permitindo que áreas cada vez mais ao norte sejam exploradas”, disse.

Segundo o Greenpeace, o sueco Dmitri Litvínov foi o primeiro tripulante do Arctic Sunrise a deixar o território russo nesta quinta-feira (26).
Ativista brasileira Ana Paula Maciel é escoltada por policiais russos (Foto: Evgeny Feldman/AP)Ativista brasileira Ana Paula Maciel é escoltada por policiais russos, quando ainda estava detida
(Foto: Evgeny Feldman/AP)

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