Padre Geovane Saraiva*
“Tu desces das estrelas ó Rei do céu! Vens morar
numa gruta, ao frio, ao gelo!“ No advento, grande é a expectativa, na chegada
do Salvador da humanidade, trazendo esperança e ânimo para o povo abatido e
desanimado. Como é preciosa e imprescindível a mensagem daquele homem
extraordinário, que estava preso e ouvindo falar das obras e prodígios do Filho
de Deus, enviou-lhe alguns dos seus discípulos, com a seguinte pergunta: “És tu
aquele há de vir ou devemos esperar outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a
João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos
andam, os leprosos são curados (...)!” (Mt 11, 3-6).
Jesus nos indica o caminho da verdade e da
vida, através dele mesmo, na manjedoura, ao se encarnar e entrar no mundo,
realizando a vontade do Pai. Daí a importância de olhar para a grandeza do
homem que se alimentava de gafanhotos e mel da selva, figura humana e divina,
que recebeu o maior do todos os elogios do seu Mestre e Senhor, ao afirmar:
“Dos nascidos de mulher, ninguém é maior que João Batista” (Mt 11, 11). É por
isso mesmo que somos convidados a falar bem alto, com palavras e com a própria
vida, de renúncia, doação e generosidade, tendo diante dos olhos e na mente, o
maior de todos os profetas, que mostrou ao mundo a salvação que chegou para
todos.
João, filho do sacerdote
Zacarias e de Isabel, conhecido como o Precursor de Cristo pela palavra e pela
vida (cf. Mc 17, 29), tendo nascido seis meses antes do Messias de Deus, não
exerceu função sacerdotal, a exemplo do seu pai Zacarias, mas foi mostrado ao
mundo como pregador; como um homem que desempenhou bem sua função, anunciando
um batismo de penitência para o perdão dos pecados. Seu grande trunfo
encontrava-se na vinda do Salvador da humanidade. Sua vocação profética desde o
ventre materno reveste-se de algo extraordinário, repleto de júbilo messiânico
ao preparar o nascimento do Salvador da humanidade.
Um homem foi enviado por
Deus, e o seu nome se chamava João. O Evangelho de São João, logo no início,
depois do prólogo, trata do batismo realizado por João no Rio Jordão, batizando
o autor do batismo, tendo como ponto alto o seu encontro com Jesus, que ao
vê-lo passar, reconhece-o e expressa deste modo: “Eis o Cordeiro de Deus,
aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Para vivermos bem e
realizados, é necessário que se faça o seguimento de Jesus de Nazaré, a partir
da exigência, que tem origem no seu projeto de seu amor para conosco, realizado
através da experiência central e decisiva, na obediência ao projeto do Pai em
favor da humanidade, a exemplo de João Batista, que recebeu a indispensável
missão de testemunhá-lo como luz e assim preparar um povo bem disposto a acolhê-lo.
É neste sentido que olhamos com amor e
carinho para a figura de João Batista, o maior de todos os profetas, que foi
imolado sem alarde e sem julgamento, vítima de maldades e intrigas na Corte
Real. Sua morte brutal e violenta nos faz pensar na nossa missão de batizados,
anunciadores de novos tempos, numa mística que deveria ser profundamente
marcada de coragem e esperança, personificada nos seres humanos, na aspiração e
no compromisso com um mundo verdadeiramente de irmãos, numa Igreja com rosto pascal.
O batismo de penitência que o acompanhou no anúncio, prefigura o batismo
segundo Espírito, no sentido de que as pessoas abracem a fé, transformando-se
em criaturas novas.
Foi ele que preparou o povo para o início da
missão pública de Jesus, dizendo com todas as letras que ele mesmo caminharia à
frente do Cristo Jesus, anunciando que os sinais dos tempos chegaram e as
promessas anunciadas por Zacarias estavam para se realizar. O seu vibrante
convite foi de acordar o povo do sono, muitas vezes profundo, para reconhecer o
Salvador, como o Sol que veio nos visitar.
Quando festejamos o
nascimento de João Batista para a glória, significa para nós acolher e aceitar
a luz revelada por ele, voz que clama no deserto: O Cristo Senhor! É ao mesmo
tempo, proclamar bem alto, com palavras e com a própria vida, que a salvação
chegou e que é uma realidade concreta para todos. É Deus mesmo a confortar,
encorajar e alegrar a humanidade através desta pessoa querida. O nascimento
deste menino alegrou o mundo, trazendo tempos novos e messiânicos. É a
esterilidade de seu pai, Zacarias, que se transformou em fecundidade e o homem
mudo se tornou um profeta corajoso e exuberante (cf. Lc 1, 57s).
Ele é lembrado como uma
pessoa que viveu com muita seriedade e com muito rigor, na austeridade e na
penitência, anunciador da verdade e da justiça, prometendo tempos bons e o
futuro tão esperado pela humanidade. “Consagrado de tal modo, que ainda no seio
materno, ele exultou com a chegada do Salvador da humanidade e seu nascimento
trouxe grande alegria” (Missal Romano, p. 601).
É o futuro esperado diante
de nós no Natal do Senhor! Que Sua chegada encontre morada no interior das
pessoas, além de causar-lhes uma alegria transbordante, como tão bem diz a belíssima
canção de natal, composição de 1744, do nosso querido padroeiro, Santo Afonso
Maria de Ligório: "Tu Scendi Dalle Stelle" – Tu desces das estrelas ó
Rei do céu! Veja no link: http://fgsaraiva.blogspot.com.br/2013/12/santo-afonso-maria-de-ligorio-e-o-autor.html
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza,
escritor, articulista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e
Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
Autor
dos livros:
“O
peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder
Câmara).
“A
Ternura de um Pastor”, já 2ª edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider)
“A
Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso)
“Dom
Helder: Sonhos e Utopias” (o pastor dos empobrecidos)
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