quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Papa pede «fraternidade» para enfrentar «globalização da indiferença»

Dia Mundial da Paz

Francisco destaca importância da «paternidade» divina para criar vínculos entre irmãos

D.R.
Cidade do Vaticano, 12 dez 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco destacou hoje a importância de uma “paternidade” comum na humanidade para travar a “globalização da indiferença”, na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2014, dedicada ao tema ‘Fraternidade, fundamento e caminho para a paz’.
“As próprias éticas contemporâneas mostram-se incapazes de produzir autênticos vínculos de fraternidade, porque uma fraternidade privada da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue subsistir”, refere o documento, divulgado pela Santa Sé.
Francisco sublinha que o número cada vez mais maior de ligações e comunicações que envolvem o planeta “torna mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra”.
Esta realidade mostra a “a vocação” da humanidade a “formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros”.
“Contudo, ainda hoje, esta vocação é muitas vezes contrastada e negada nos factos, num mundo caracterizado pela ‘globalização da indiferença’ que lentamente nos faz ‘habituar’ ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos”, refere o Papa.
A primeira mensagem do pontificado para esta celebração anual da Igreja Católica insiste na necessidade de uma “paternidade transcendente” que reforce a “fraternidade entre os homens, ou seja, o fazer-se ‘próximo’ para cuidar do outro”.
“O amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha ativa”, acrescenta.
O Papa formula a todos, indivíduos e povos, “votos duma vida repleta de alegria e esperança”, falando no “anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade”.
Os outros, precisa, não são “inimigos ou concorrentes”, mas irmãos a “acolher e abraçar”.
“A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura”, observa.
Francisco destaca, a este respeito, que a família é a “fonte de toda a fraternidade” e que na “família de Deus” todos são filhos de um mesmo pai, pelo que não há “vidas descartáveis”.
“Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo”, sublinha a mensagem.
O texto defende que ninguém pode ficar “indiferente” perante a sorte dos irmãos e evoca, a esse respeito, a história bíblica de Abel e Caim, na qual se “põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros”.
“A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças”, pode ler-se.
Francisco cita o Papa emérito Bento XVI, para quem a globalização faz “vizinhos”, mas não faz “irmãos”.
“Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a viver todos os dias a fraternidade que jorra do coração do seu Filho, para levar a paz a todo o homem que vive nesta nossa amada terra”, conclui.
OC

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