No dia 6 de janeiro, o arcebispo de Santiago do Chile ofereceu ajuda espiritual e psicológica às vítimas do padre Fernando Karadima, condenado pelo Vaticano por abusos sexuais cometidos na década de 1980.
A Igreja de Santiago fez a proposta durante a audiência de conciliação realizada na segunda seção da Corte de Apelações perante os denunciantes – James Hamilton, Juan Carlos Cruz e José Andrés Murillo –, que entraram com um pedido de 900 mil dólares por danos morais.
Para as vítimas, o arcebispo seria responsável pelo “acobertamento” do caso, ao não acolher a tempo as denúncias, disse a agência italiana de notícias Ansa.
O arcebispo afirmou que está “com disposição sincera para contribuir no processo pessoal de renovação, cura e reparação que estão vivendo os demandantes”.
“Com pleno respeito à liberdade de cada um de escolher os meios adequados para alcançar a paz interior”, a instituição pôs “à disposição das vítimas os serviços que hoje dispõe através de diversas instâncias existentes”.
Uma alternativa citada é a fundação Bento XVI, criada pela Igreja após os casos de abusos sexuais para dar “apoio e acompanhamento psicológico e espiritual a quem foi vítima dos delitos cometidos por membros do clero, em contrariedade ao sexto mandamento”.
A esta fundação foram repassados os “bens recebidos após a dissolução da ex-União Sacerdotal do Sagrado Coração de Jesus” utilizada por Karadima para depositar as doações e ofertas milionárias que eram feitas a cada domingo pelos participantes da paróquia de El Bosque, localizada em área exclusiva do leste da cidade de Santiago.
O arcebispo convidou aos demandantes no processo a “contribuir com suas experiências dramáticas para que situações tão desagradáveis, como as que eles passaram, nunca mais voltem a acontecer”.
Também reconheceu e lamentou a “dor” sofrida pelas vítimas de Karadima, que “viram ser traída a confiança que depositaram neste sacerdote, que lhes causou uma dor tão forte quanto difícil de ser reparada. Estas pessoas sofreram imensamente, e estamos verdadeiramente muito sentidos com isso”.
No entanto, o arcebispo de Santiago não reconheceu que ele teria alguma responsabilidade em nível institucional nos fatos, sob a premissa de que se trata de responsabilidades pessoais.
O advogado dos demandantes, Juan Pablo Hermosilla, informou que estudarão a proposta e que se marcou uma nova audiência para 05-03-2014, quando será definido se acolhem a proposta ou não. Em caso de não haver acordo, diz seguirá adiante com a ação civil.
Télam, 06-01-2913
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