Aliança entre franceses e espanhóis uniu as duas cidades em apenas seis horas e meia
A expectativa é que um milhão de passageiros usem o serviço em 2014 (Foto: Divulgação) |
Por Marco Lacerda*
As redes de alta velocidade entre a Espanha e a França agora estão unidas. Depois de anos de investimentos milionários, de negociações entre os respectivos Governos e de trabalhos para aprovar os trens de um lado e de outro da fronteira, a aliança entre o operador público espanhol Renfe e o francês SNCF possibilitou fazer a jornada “em um dia histórico”, como o qualificou a ministra de Fomento, Ana Pastor, em um ato protocolar em Perpiñán, cidade em que finalizou seu trajeto no trem inaugural que partiu de Barcelona e no qual viajaram representantes políticos e institucionais e meios de comunicação dos dois países.
O ministro francês de Transportes, Frédéric Cuvillier, afirmou sentir-se “comovido” pelo que considera um passo adiante, que permite atingir “uma etapa muito importante” na rede de alta velocidade francesa. A França, disse ele, depois de se ligar a outros países europeus, agora se volta para “um elemento essencial do Sul”.
Pastor e Cuvillier não inauguraram nenhuma infraestrutura nova. Apenas deram início a novos serviços ferroviários que permitirão viajar em alta velocidade entre a Espanha e a França, após a inauguração em janeiro passado do trecho Barcelona-Girona-Figueira, que desbloqueou a região fronteiriça. Depois desse primeiro passo e do posterior acordo entre Renfe e SNCF, a partir de agora é possível viajar sem necessidade de mudar trem entre Madri e Marselha (em sete horas) e entre Barcelona e Paris (em seis horas e 25 minutos).
Outras rotas
Também estreiam as rotas Barcelona-Toulouse (três horas) e Barcelona-Lyon (4 horas e 53 minutos). Embora já funcionasse em alta velocidade nos dois lados dos Pirineus, o viajante tinha de fazer uma baldeação em Figueira (Girona) e esperar entre 12 e 22 minutos pelo próximo trem.
Trata-se de uma aliança complexa que chega muito próxima da liberalização do transporte ferroviário de viajantes e com a qual as duas companhias projetam ganhar um milhão de viajantes em 2014, dos oito milhões que atualmente vão de um país a outro em avião e trem.
O atraso de oito meses em relação à última data prevista para a inauguração coloca em evidência as dificuldades para pôr em marcha o serviço, embora as duas companhias públicas estejam há anos colaborando entre si na exploração de trens conjuntos. O principal obstáculo foi o ajustar os trens franceses às condições da rede espanhola e fazer o mesmo com os espanhóis, um processo que inclusive os dirigentes políticos achavam que poderia ter sido feito mais rapidamente.
Paris-Barcelona de trem-bala. Veja o vídeo:*Marco Lacerda é jornalista, escritor e editor-especial do Domtotal
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