terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Propostas para um Ano Comum

Luiz Carlos de Oliveira*

Dedicamos nosso dia-a-dia para manter a vida, a família, a sociedade, procurando o bem estar e a segurança para o futuro. Assim nos ocupamos com dedicação consumindo nossas energias. É necessário ter saúde, trabalho, estudo, aperfeiçoamento e o descanso. Isto nos deixa completos. 

Há problemas em todas as áreas devido a frágil condição humana e às situações dos outros que nos atingem. Cuidamos bem de nossa parte humana. A metade de nós mesmos está resolvida. Essa um dia termina. E a outra metade? Desde o dia de nossa concepção fomos dotados do que chamamos de alma espiritual que está em íntima união com nosso corpo material e intelectual. Não falamos de partes mas de uma unidade de pessoa. Não adianta cuidar bem da pintura e detalhes de um carro, se não cuidarmos do motor. Há muitos modos de mantermos em alta nosso lado espiritual. 

Como ajuda para essa tarefa e para o bom encaminhamento do ano, temos também a proposta do Tempo Comum no Ano Litúrgico. Temos períodos importantes como a Páscoa e o Natal nos quais celebramos os mistérios centrais de nossa fé. Mas há ainda, além destes tempos, o Tempo Comum que compreende 34 semanas nas quais se leem os quatro Evangelhos e as epístolas de Paulo e Tiago numa leitura selecionada.

O Tempo Comum celebra o mistério de Cristo e da Igreja em sua globalidade. É sempre o mistério de Cristo que nos é apresentado. Entramos em contato com as palavras de Jesus, seus gestos e seus ensinamentos. Estamos em contato com Cristo e recebemos o alimento espiritual.

Ele me abriu os ouvidos

“Assumir o mistério de Cristo na vida significa levar a sério o ser discípulo, escutar e seguir o Mestre no cotidiano. Não são momentos especiais como Páscoa e Natal, mas um meio de tornar a vida como momento de Salvação” (Matias Augé). Como cuidamos diariamente de nosso corpo, cuidemos assim de nossa dimensão espiritual. 

É perseverar na fidelidade e no caminho em direção ao Senhor como fez o povo de Deus. É fazer-se discípulo que abre os ouvidos para ouvir o que o Senhor tem para falar (Sl 84,9). A vida oracional da Igreja, além da Eucaristia diária, tem mais 5 momentos de oração na qual se lê a Palavra de Deus e se rezam os salmos. Sabemos que, quem segue essa liturgia está em contato com 90% da Palavra de Deus.

Jesus dá o exemplo, pois era homem de oração. Nesse quadro aparece a riqueza do Domingo que significa Dia do Senhor. É dia do repouso, da oração e da caridade. Não pode se tornar dia de comércio. Se a sociedade, como um todo não repousa, ela assassina seus cidadãos. Descansar no Senhor é abrir o coração para que nos fortaleça. Se o alimento corporal nos sustenta, alimentar-se do Senhor é fortalecer-se e curar-se. 

Senhor, eis que venho 

A vida espiritual é de grande vantagem para as pessoas. Não pode ser um espiritualismo só de se sentir bem. É preciso sentir-se bem no Senhor, pois há nuvens também nos dias de sol. A cruz não foi aposentada da vida cristã.

A disposição de ir ao encontro do Senhor para ouvir sua palavra e viver seus sacramentos, é acompanhada pela celebração dos Santos que nos recordam como se vive em Deus. Por isso louvamos a Deus em seus Santos. Igualmente celebramos a Virgem Maria, Mãe de Deus.

Ela realizou totalmente em si a Palavra quando se dispõe a cumprir a vontade de Deus a seu respeito para que nos gerasse o Redentor. Unidos em um único Corpo, o Corpo Místico de Cristo, todos celebramos o Pai das luzes. Assim nos realizamos como pessoa e filho de Deus.
A12, 18-01-2014.
*É padre e missionário redentorista

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